domingo, 26 de dezembro de 2021

Crônica de domingo.

 



CAMINHO DA ILUMINAÇÃO.


Mais uma porção diária desse que foi um ano sem igual. Eis um pouco do meu desespero existencial, da incerteza do momento seguinte sempre presente nessas fragmentações. Acordei cedo, com uma terrível dor de cabeça - como sempre - os últimos dias têm sido difíceis para mim, desperto com esse peso pressionando os meus miolos. É terrível conviver com isso. Manhã chuvosa, tempo agradável, logo mais fará calor para no final de tarde chover novamente, o que é excelente. O dia seguirá o seu curso monótono de sempre, os acontecimentos se sobrepondo em cada vida, eu, continuarei aqui, na minha angústia infinita, sem ter, sem poder, cheia de desejos, cansada de tudo é de todos,

nesta que será minha última crônica do ano de 2021. Não sei exatamente o que dizer... Tantas coisas que aconteceram, umas importantes, outras menos, porém, cada uma com o seu peso e contribuição nessa sociedade de aparências. 

Como já dito anteriormente em outras crônicas, odeio falar de política, não vou comentar sobre esses déspotas nesse último texto. Quero falar de qualquer outra coisa que nem eu mesma sei... Típico de mim essas coisas. Quem me conhece já se acostumou com minhas loucuras. "Olha que não são poucas".

O universo continua lindo, maravilhoso, expandindo beleza para todos os lados. Os seres de outros planos aguardam ansiosos por nossa evolução planetária e ascendência dimensional. ( cá para nós ... Difícil de acontecer tal evolução, né! ) mas, enfim, em meio a tanto regresso nas mentes transgressoras, existem aquelas que transcendem a própria existência, revelando-se superiores e indignos dessa terceira e prisioneira dimensão a qual vivemos. No quadro evolutivo estamos atrasadíssimos, eu, e tantos outros criamos conjecturas de que o ser humano finalmente fosse evoluir depois da pandemia, tola que eu fui acreditar.

O meu coração está, como posso dizer, disponível no momento, mas, antes de entrar em qualquer relacionamento, bata na porta primeiro, mostre boas e sinceras intenções. Após exaustiva análise, talvez eu abra, caso não tenha gostado das condições impostas, procure outro coração cujas janelas estejam abertas para que possam pular.

O ano passou rápido, não percebemos nada, nossos olhos viram sombras a correrem para todos os lados. Sou extremamente grata por tudo isso, principalmente pelos fatos ruins, sim! Ruins! E por que não... Eis o combustível da minha escrita maluca... Sempre fui movida pelas tragédias pessoais e humanitárias, a dor que te machuca, é a mesma que alimenta a literatura dessa insana metida a jornalista.

Agradeço de coração aos amigos, Alberto Lispector, por todo apoio e encorajamento, e pela coragem do Tiago Pena me convidando a fazer parte de mais esse projeto. Ocupei espaço demais em seu blog... Agradeço principalmente pela liberdade que tive de poder falar e escrever sobre qualquer assunto, sem rodeios. E que venha 2022, trazendo energias melhores, e que os seres humanos possam encontrar o caminho da iluminação. 


"Luise Batiliere".


(L. B )



domingo, 19 de dezembro de 2021

Crônica.

 



 ENFIM CHEGOU!


   Mais um fim de ano, cheguei a pensar que talvez nem estivesse aqui, foram tantas as coisas que aconteceram, houve momentos em que achei que fosse o meu fim, mas... Aqui estou, até este momento, graças ao bom Deus. Quantos amigos meus ficaram pelo caminho, vidas que foram ceifadas por esse monstro invisível. Amigos que não tiveram chances de se despedirem, nem mesmo um velório, muitos partiram sem direito ao último adeus. Rios de lágrimas que foram derramados, ainda transbordam por aí.

    Mais um fim de ano, nada de extraordinário foi feito no cenário político brasileiro. Não era mesmo para esperar muita coisa de um parlamento covarde, devido às circunstâncias alarmantes, não progredimos. O salário não subiu, a inflação aumentou extraordinariamente, tudo sendo alavancado pelos reajustes constantes dos combustíveis, carnes, alimentos, e por aí segue. E não adianta jogar a culpa no presidente da República, já ouviu aquele ditado onde se fala; " Uma andorinha só não faz verão".  Pois bem, é isso. Digamos que o presidente é uma andorinha solitária em meio a muitas andorinhas egoístas e egocêntricas.

   Mais um fim de ano em que velhas notícias e promessas ganham cara de nova. Velhos erros que se repetem... De quem será a culpa dessa vez? Não tenho muitas esperanças com o mundo, basta observarmos a guerra comercial - que há tempos já vem se desenrolando no cenário mundial entre América e China. Lá fora, as coisas não caminham bem, os países desenvolvidos passam pelos mesmos problemas que nós, as mesmas dores, causas semelhantes. Economia recuando, preços em alta, falta de insumos, enfim, é o que temos para o momento. Me arrisco a dizer que estamos no mesmo barco sujeitos as tempestades universais, mas, com uma certa vantagem.

   Mais um fim de ano... Trabalhoso como nunca foi antes, doloroso na mesmíssima proporção do desespero. O que nos aguarda? Pelo menos nessa reta final. Embora os meus amigos de redação não acreditem em grandes acontecimentos, tenho lá minhas dúvidas. Tudo é possível. Considerando que verdades são escondidas, enquanto mentiras são vestidas de verdades. A verdade aparecerá, nem que seja completamente despida. Essas coisas não tem nada a ver com teorias da conspiração e tal... É o simples fato da desinformação, do acobertamento de verdades absolutas em face de repetidas mentiras contadas todos os dias. Vivemos essa exata fase tão complexa de nossas vidas.

   Mais um fim de ano. Dou por encerrada minha participação nesse projeto em colaboração com a Luise e o Tiago. Foi um ano intenso onde trabalhamos em conjunto escrevendo crônicas sobre os mais diversos assuntos. Agradeço poder fazer parte nesse projeto. Tive a liberdade de explanar os assuntos da minha preferência, sem ser censurado ou impedido, escrevi com liberdade, como nunca em outras redações. Desejo a todos um belíssimo fim de ano, a Luise Batiliere, jornalista fantástica, de uma escrita forte é uma beleza única. Tiago Pena, idealizador do projeto, Grande poeta, filósofo e prosador. E a cada leitor que durante esse ano pousou os olhos nestas despretensiosas crônicas de domingo. Desejo-lhes um fim de ano agradável tanto quanto possível. 


"Alberto de Andrade Lispector".


( A. L)


domingo, 12 de dezembro de 2021

Crônica.

 



FIM DE ANO.


   Estamos no último mês do ano, finalmente! Que venha logo 2022, e que traga boas novas. Esse é o meu desejo, certamente é o seu também, de todos aliás. Mas... Vamos refletir um pouco...

Todos os fins de ano são iguais, não é mesmo, desejamos um próximo ano cheio de novidades agradáveis, que nos faça feliz, que nos traga alegria, bonança, saúde, enfim, repetimos os pedidos dos anos anteriores. Sem percebermos fazemos as mesmas preces ao final do ano, não mudamos nem as palavras de nossas petições, é queremos que tudo mude e seja novo quando nós não somos a expressão da mudança. Estou dizendo isso não somente do que eu vejo por aí, mas também, daquilo que eu sou em todos os anos anteriores, quero uma mudança que não consigo ter.

   Esse ano passou como uma sombra, tão rápido que nem o notamos, acontecimentos extraordinários romperam despercebidos, decisões foram tomadas, porém, somos lerdos demais para lembrarmos do que nos aconteceu na semana que passou, o que se dirá do que aconteceu no decurso do ano. É espantoso como nós somos desligados de tantas coisas importantes que ocorreram no cenário brasileiro.

Não há muito o que se dizer, esse foi outro ano de luta contra o 'tal vírus', embora boa parte da população esteja vacinada, o perigo continua grande. Países da Europa e Ásia registraram aumento nos casos, devido a uma nova variante, por nome de 'Ômicron'. São tantas as variantes que nem sei mais se é o mesmo vírus... Lá fora, as portas estão se fechando, restrições voltam à tona, o medo é o pior dos vilões.  Por aqui a única preocupação são as festividades de fim de ano, preparação para o Carnaval, muitos projetam um ano que ainda nem chegou. Essa é a verdadeira preocupação em terras Brasileiras.

Ninguém está preocupado com as movimentações políticas, religiosas, sociais... Tudo bem que, cada um procurou fazer o que achava que deveria ser feito; leis que são criadas, ensinamentos difundidos, comunidades com projetos de inclusão, enfim, cada indivíduo dentro de sua competência buscou o melhor dele para si e para o outro, na intenção de construir um novo mundo ...

Até que ponto isso funciona de verdade?

O pensamento de muitas pessoas com relação aos seus semelhantes, 'humanos', era de uma profunda mudança depois de sermos esfacelados por esse vírus, no entanto, a realidade tem se mostrado diferente. As relações pessoais estão cada vez mais ásperas, difíceis, duras de se lidar. Na tentativa de compreender a presente sociedade, ficamos confusos, incertos. Vemos atitudes horrendas em cidadãos, antes considerados 'nobres'... Fica aquela sensação de incapacidade. Mesmo quando tentamos ajudar, na melhor das intenções, raramente somos 'aceitos' - não era exatamente essa a palavra que eu usaria, mas 'aceito', se encaixa melhor ao termo.

Qual aprendizado tirarmos de tudo isso?

Nos bairros, cidades, a vida propriamente dita, não deve ser individualista. 'Eu', tenho que ser para o próximo como sou para mim mesmo. É um ensinamento básico, humano. Temos que praticar o bem, plantar boas ações para obter bons frutos. Mudando o nosso interior mudaremos o mundo. 

Estamos no último mês do ano, ainda está a tempo de fazer a diferença, e não de sermos iguais aos anos que se perderam..

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

ARTIGO.

 



A TIRANIA DO RELÓGIO.


Como anda o seu tempo? Talvez as 24 horas não estejam sendo o suficiente para você fazer tudo quanto desejaria, e se o dia tivesse 36 horas ou mais, seriam o suficiente?


Para muitas pessoas a resposta dessa pergunta ainda seria não, acontece que nos dias de hoje, a nossa vida gira em torno dos ponteiros do relógio, do instante em que acordamos ao anoitecer. O dia passa com uma velocidade assombrosa, quando menos percebemos ele já se foi, e metade das coisas que tínhamos para fazer ficava para trás. Quem nunca passou por isso, se programou com vários compromissos no decurso do dia, mas… Na metade dele, acontece aquele temido imprevisto, que finda com sua tão bem elaborada programação, tanto que, por mais esforço empregado para ordenar tudo, é ainda insuficiente, o seu dia se transforma em um caos. É a tirania do relógio te impondo o peso do tempo. Todos nós, pelo menos uma vez na vida, passamos por situações semelhantes.


Somos prisioneiros do tempo, acorrentados aos ponteiros do relógio, encarcerado entre um tic e um tac. Analisando o que acontece com o nosso tempo tão sem tempo, veremos que, o tempo em si não influencia em nossas vidas; ele é praticamente nulo, embora pareça absurda a ideia, na verdade somos nós, com as nossas atitudes desfavorecendo o nosso próprio tempo. Em outras palavras, criamos os nossos próprio monstro, e o alimentamos muitíssimo bem com a nossa carga diária de afazeres acumulados e a nossa pressa e impaciência em executá-los, rotina que nunca diminui e tem a tendência de aumentar gradativamente, esses são os nossos ingredientes para falta de tempo. É interessante vermos que de maneira nenhuma conseguimos fazer menos coisas, sempre estamos a acrescentar um ou outro compromisso a mais em nossa agenda já apertada. Tentamos certos malabarismos com o nosso tempo, na falha tentativa de obter sucesso, por fim, o dia parece ser pequeno para tantas coisas.


Antigamente, permita-me dizer assim, a impressão que fica em uma análise breve, tendo como base a vida dos meus avós, é que o tempo não parecia fazer muito efeito em suas vidas. A sociedade daquela época, mais especificamente a rural, parecia viver indiferente à tirania do relógio, vejo nisso, um tempo sem os seus efeitos colaterais tão ameaçadores como nos dias de hoje. Os meus avós tinham os seus muitos compromissos, meu avô materno era administrador de uma grande fazenda, tudo o que acontecia ali passava por suas mãos, era uma grande responsabilidade, mas em momento nenhum meu o meu avô era visto estressado ou preocupado com alguma coisa que não foi feita, segundo relatos daqueles que trabalharam e conviveram com ele. Meu avô sempre executou suas tarefas de acordo com o tempo que ele tinha disponível, caso alguma tarefa não fosse concluída, ele não se irritava. Diferente dos dias hodiernos, quando ao depararmos com um compromisso não feito, logo nos vemos em total desespero em imaginar que aquilo ficará para o próximo dia, uma vez que os compromissos já agendados sofrerão a pressão daquele que acumulou. Isso amigos, é a tirania do relógio, nos moldando e nos levando a uma quase loucura.


No ano de 2001, a editora ultimato, lançou um livro de 144 páginas por título de; " Livres da tirania da urgência." O seu autor era Charles Hummel. Neste livro vemos uma abordagem ampliada e atual do clássico livro, " A tirania do urgente''. `` - Com mais de 1 milhão de exemplares vendidos - O autor mostra o ensinamento bíblico sobre a administração do tempo, e oferece ao leitor ilustrações e dicas práticas sobre como fazer a diferença entre tentar administrar o " Tempo " e administrar a " Vida ". Um dos grandes vilões do tempo é o advento tecnológico e as mídias sociais, tendo por exemplo o Whatsapp e o Facebook, entre outras mas, também de grande importância. Essas tecnologias não existiam na época de nossos avós, motivo que, o tempo delas eram tão bem administrados e não tinha desperdício, mas neste mundo de hoje, tecnologia é o coração da sociedade, que não sabe mais viver sem ela.


Para se ter uma ideia, a pesquisa " Futuro digital em foco Brasil 2015" ( digital future focus brazil 2015 ) , divulgada pela consultoria conscore, mostra que os brasileiros são líderes no tempo gasto nas redes sociais. A nossa média é 60% maior do que a do resto do planeta, logo atrás do Brasil vem as Filipinas, Tailândia, Colômbia e Peru. Simplesmente nós brasileiros gastamos 650 horas por mês em redes sociais. O segundo lugar ficou com os portais de notícias e entretenimento, com 290 horas. O Facebook ( sempre ele ) é a maior rede social em número de visitantes únicos, são 58 milhões, o que representa um alcance de 78% do total de usuários no Brasil. A tirania do relógio está muito presente em nosso dia a dia, mas a culpa não é do tempo em si que encurtou, nós encurtamos o nosso próprio tempo, desperdiçando-o com tantos atrativos que existem por aí cada vez mais chamativos. As tendências parecem apontar para uma tirania ainda mais tirânica, por assim dizermos. A cada dia, a cada nova tecnologia, somos levados a um estresse altíssimo, justamente devido a falta de tempo mediante ao acúmulo de tarefas e compromissos. Buscamos inúmeras soluções que nunca funcionam, terapias, yoga, entre outras, no entanto, o mais simples a se fazer, é o que justamente ninguém quer; " Deixar de lado Whatsapp e o Facebook" considerando que essas mídias sociais nos consomem 650 horas por mês, seria uma inteligente solução diminuir esse número pelo menos na metade, enquanto isso não é feito, sofreremos com a tirania do relógio.


Tiago Macedo Pena




domingo, 28 de novembro de 2021

Crônica de Domingo.

 


TEMPOS DE INCERTEZAS.



  Vivemos tempos de incertezas, preços absurdos nos mais diversos setores. Itens da cesta básica tiveram reajustes exorbitantes,  calculada pelo Procon-SP, composta de 39 itens de alimentação, limpeza e higiene pessoal. O grupo de alimentos, que compõem a maior parte da cesta, foi de R $928,87 em junho para R $932,60 em julho, uma alta de 0,40%. O café teve a maior alta, 10%; arroz, feijão, e outros itens que também tiveram alta. 

A carne, por exemplo, foi uma das que mais subiram, fazendo os brasileiros migrarem para outros tipos de mistura, como frango e porco - que também tiveram reajustes - todos esses produtos tiveram alta puxados pelos constantes reajustes nos combustíveis. Considerando que toda produção brasileira é transportada por caminhões movidos a diesel, é de se esperar uma inflação a níveis nunca antes visto.

   Essa não é uma realidade exclusiva do Brasil, países europeus também sofrem e se queixam dos mesmos problemas. Não é somente por aqui a alta no petróleo, por lá se observa tendências muito semelhantes às nossas. Culpar o comandante da nação por tudo de errado não é a saída. Temos que encontrar soluções rápidas e a curto prazo. O Brasil é um país de grande potencial, temos terras e água, e condições de abastecer as prateleiras do mundo todo, o que não conseguimos ainda é capacidade e competência governamental para fazê-lo. É preciso muito mais investimento, apoio aos pequenos produtores, incentivos fiscais, menos pedágios, ferrovias melhores, de norte a sul do país, facilitando o escoamento de produtos tanto dentro como fora dele. 

   Está se tornando cada vez mais comum ver menos produtos em nossas compras no carrinho de supermercado. O que antes se fazia em abundância e em um único lugar, agora é aos pingados, aqui e ali, uma peregrinação por preços e condições melhores. Embora, colocando na ponta do lápis, não há muita diferenciação. O que se economiza em determinados produtos gasta-se no combustível para se deslocar aos outros pontos mais baratos. No final, a conta do brasileiro será sempre maior do que ele havia calculado inicialmente. Não tem para onde correr. Como diz o refrão de uma antiga canção, " Se correr o bicho pega e se ficar o bicho como ".

   Creio que a tendência, por momento, é de um leve aquecimento no setor financeiro devido às compras de fim de ano, mas, não devemos nos animar tanto com essa leve curva ascendente que, provavelmente terá outra logo no início do ano de 2022, uma ligeira queda devido as contas penduradas do ano anterior. A não ser que tenhamos um milagre financeiro para salvar a pátria, o que é difícil de acreditar.

   São tempos de complexidades, opinar está se tornando perigoso, dependendo do que se fala é  até crime. Não dizer nada acaba sendo a melhor resposta. Temos ainda o fantasma que nos assolou por dois anos, ele ainda está por aí, com novas variantes, não acabou, embora muito esteja se fingindo de desentendidos, o pandêmico monstro não desiste nunca. Somos apenas um barco nesse oceano de incertezas.


( A. L )


domingo, 21 de novembro de 2021

ARTIGO.

 



NÃO HÁ NADA DE NOVO.


Um dos mais sábios homens do mundo antigo, disse que não há nada de novo debaixo do céu, e que tudo o que vemos, é o reflexo do que já aconteceu. Pensando nisso, e observando o nosso atual contexto social, é possível traçar um paralelo com a bíblia sagrada, percebendo que realmente não há nada novo debaixo do céu, o que acontece hoje, já aconteceu um dia em algum lugar. Salomão inspirado pelo Espírito Santo de Deus foi muito assertivo ao escrever tais palavras, parece até que de alguma forma, ele observava a nossa atual sociedade com todos os seus absurdos acontecendo tão rapidamente.

         Em geral, pessoas mais idosas, não são habituadas a tantas novidades, elas lamentam profundamente, chegando a fazerem comentários que parecem saudosistas, do tipo ( No meu tempo não existia isso ) ou, ( Se fosse à minha época isso não aconteceria ); A razão para tal é perfeitamente compreensível, basta atentarmos para o que eles dizem, e tentarmos entender o momento em que eles viveram. A verdade é que todas essas coisas absurdas, envolvendo drogas, sexualidade, roubos, estupros, pedofilia, e tantas outras coisas, sempre estiveram lá, o que muda daquele tempo para o nosso tempo, é a rapidez com que as informações chegam.

         Quando criança, morei em uma fazenda no interior Mineiro, muito linda por sinal, e nesta fazenda, poucas pessoas tinham televisão. As pessoas que possuíam o aparelho, de certa forma, tinham o mundo dentro das suas casas. Os programas de auditório, jornais, filmes e principalmente as novelas, era um meio de acelerar a informação, fazendo-as adentrar mais facilmente em nossas casas. Passamos a ter conhecimento do que estava acontecendo no mundo. Lembro-me perfeitamente, que os mais velhos naquela época, repudiavam o aparelho televisor, de modo que, as novidades por assim dizer, passavam despercebidas para eles, estavam lá, desabrochando diante de olhares desatentos.

         O primeiro beijo em uma telenovela por exemplo, a primeira cena de um casal tendo relações íntimas, e as cenas de violência, todas essas coisas causaram comoção em uns, e revolta em outros, o que para a minoria na época era normal, para a maioria, era um absurdo. Os valores cristãos, aos poucos, foram perdendo espaço para o uso indevido da liberdade de expressão, do conceito errado quanto ao livre arbítrio. Homens e mulheres desejavam conhecer um pouco mais daquele novo e sedutor mundo. Todas aquelas novidades, muito bem fantasiadas por sinal, foram aos poucos ganhando espaço no coração do homem. O mesmo havia acontecido no passado, na história bíblica em que se narra a queda do homem no jardim do Éden, descrita no Gênesis, onde Eva não cedeu a tentação do dia para noite, certamente que seu olhar já há muito desejava o fruto proibido, a serpente observando esse comportamento da mulher, enganou-a distorcendo uma verdade, fazendo com que ela comesse do fruto proibido, e ainda o compartilhasse com seu companheiro, pois bem, não há nada novo debaixo do céu. Hoje nós vemos a mesma estratégia sendo usada com homens e mulheres, que uma vez seduzidos e enganados, enxergam no erro o que julgam ser certo, e aquilo que é certo, o julgam por errado. Por esse motivo, que não há nada de novo debaixo do céu, o que existe são formas diferentes de se apresentar a mesma coisa.

         Se bem observarmos a Bíblia sagrada, em suas inúmeras páginas, capítulos, versículos e histórias, encontramos de tudo um pouco, dramas sociais, abusos, mortes, estupros, guerras, reinos destruídos, enfim, tudo está lá. Basta ao leitor procurar. A bíblia não esconde de ninguém o que os seus personagens fizeram de errado, pelo contrário, ela nos mostra com clareza as mazelas de seus grandes homens, para que assim possamos aprender com o erro deles, sem que o tenhamos que cometer. A bíblia nos ensina normas de conduta, civilidade, compreensão, e principalmente, do amor e respeito ao próximo. A Bíblia é sem dúvidas, na opinião desse que vos escreve, o maior e o melhor livro que já existiu, um livro onde está o passado, o presente, e o futuro.

         Mas como eu havia dito no começo, não existe nada de novo debaixo do céu, somente para estimular a lembrança dos leitores, que certamente conhecem a história que ora vou citar. Quem nunca ouviu dizer de Sodoma e Gomorra, cidades da antiguidade que foram destruídas por Deus devido aos seus muitos pecados, quem nunca ouviu falar de Ló e sua família, moradores dessa cidade, os únicos nela que foram achados justos e por misericórdia divina, teve suas vidas poupada por Deus.

         Somente nestas duas cidades, já naquela época, existia e praticavam os seus moradores, o que nos dias de hoje ainda é considerado um absurdo. Não somente isso, mas toda sorte de malignidade eram praticadas ali. O que mais dói em meu coração, é ver que as grandes cidades de hoje são o reflexo do que um dia foi Sodoma e Gomorra. É ver também que, da mesma forma que aconteceu no passado, acontece ainda hoje, o certo é considerado quadradamente errado, enquanto o errado desce redondamente certo goela abaixo. A bíblia é clara ao condenar certas práticas, mas o mundo de hoje as considera valores que não devem ser perdidos. Salomão estava certo, não há nada de novo debaixo do céu, o que ora nós vemos, outros olhos já contemplaram um dia. Muitos se questionam e perguntam o que vai acontecer daqui para frente, bom... Eu volto a repetir, basta olharmos para trás, vislumbrarmos através da bíblia o que Deus fez no passado aos pecadores que não quiseram se emendar aos preceitos divinos, basta olharmos, então teremos uma ideia nítida do que o criador fará mais a frente. A bíblia não deve ser depreciada, pelo contrário, ela é a voz de Deus, e deve ser creditada como verdade. Termino dizendo que, todas as verdades estão lá, todas as respostas a todos os questionamentos estão na Bíblia, basta a lermos, apenas isso, basta a lermos, não somente com os olhos carnais, mas principalmente, com os olhos espirituais.  




Crônica.

 



ESCONDIDO EM MEU SORRISO...


   Nada como um dia de folga, descanso semanal merecido, esse dia era na segunda-feira, quando eu estava no antigo emprego, agora, de emprego novo, migrou para, quarta, depois terça e agora na sexta-feira, o que é ótimo, independente do dia da folga, o que importa é ter um dia para poder descansar e repor as energias... O que não é tão verdade assim, um dia apenas não é o suficiente para revigorar o corpo, porém, lhe dá tempo para respirar. Afinal ninguém é de ferro, e que soe o gongo para um breve intervalo entre um round e outro.

   O meu interior não reflete o exterior. O interior desse cronista talvez dissesse algo como...


... Eu que pensei que seria diferente… Sim, eu pensei que seria diferente, deveras acreditei que dessa vez seria diferente, ah! Como eu me enganei... Não foi como pensei, angustiado, chorei, ninguém viu as lágrimas, se viu, comportaram como se nem tivesse visto. É sempre assim, desde muito tempo, que a propósito, até me foge da memória, de tão largo que é esse tempo. 

Solidão… Sim, é solidão. Eu me alimento da solidão, dela bebo, embriago-me todos os dias com ela. Tornei-me um solitário caminhando por entre as pessoas, sempre vendo sem ser visto, percebendo sem ser percebido. Ah! Doce condição de ser esse poço de esquecimento. A minha alma está em súplica desesperada, quer por que quer desvencilhar-se desta condição cruel de não ser notada. Eu que pensei… Sim, realmente acreditei com todas as forças que eu era alguma coisa para algumas pessoas. Se eu fui, não houve nenhuma demonstração que fizesse perceber tal. 

Muitos já notaram isso, sim… E olhe que alguns até tentaram avisar-me, eu, estúpido, cego, não quis escutar a ninguém, nem mesmo a voz do meu próprio coração. Ah! Vida cruel, como eu gostaria de habitar a ilha solidão, de ser Giovanni Marconi, que pena que ele é apenas meu fictício personagem, o delírio de minha criação. 

Solidão… Sim, há quem por aí diga, que existem piores, se verdade for, nem lá por perto quero passar, mas, acontece que essa dor que me assola, é por demais rancorosa. Ah! Como eu gostaria que tudo fosse diferente, que a vida, pelo menos por uma única vez, estivesse à altura do que se passa em minha cabeça. A vida mostrou-se por demais astuta, pregando-me peças. 

Eu que pensei… Sim, foi uma ilusão, e não adianta dizer: " Eu avisei", Eu sei disso. Não quero muita coisa, não, claro que não, acredite no que digo… Não desejo o estrelato, quero apenas ser visto, por acaso é pedir muito... Não foi a primeira e nem vai ser a última… Ah! Não sei se posso continuar com isso. Pobre de mim. Solidão… Sim, dessa vez o golpe teve uma precisão incrível, atingiu o coração, a alma, tudo. Tentei esquivar dos ataques, mas, quem me alvejou, foi certeiro nos golpes, soube exatamente como fazer e quando fazer. O meu desejo é desaparecer, sumir do mapa, porém, bem sei que desaparecer não resolverá o meu problema, pelo contrário, o fará ainda pior...


   Essa seria a voz da alma lá no âmago do sentimento, aquela que ninguém vê escondido em meu sorriso, mas, é dia neutro amigos, e quero apenas ver o reflexo do meu exterior, que nesse momento parece bem mais agradável.


( T.P )


domingo, 14 de novembro de 2021

Crônica.



 A DECISÃO É SUA.


  Talvez eu devesse começar a crônica da seguinte maneira...

  ... O mundo como nós o conhecemos foi moldado sobre fundamentos falsos, tudo quanto aprendemos na escola desde criança é uma completa mentira... Esqueça tudo o que você aprendeu... 

Verdades sobre a origem de nossa raça foram escondidas, assim como muitas outras coisas que vocês nem imaginam. A verdadeira face do mundo está por detrás das cortinas de ferro. Os seres humanos estão acostumados a aceitar tudo o que a mídia diz com muita facilidade, nada é questionado, e ninguém se preocupa em verificar se o que estão dizendo ou ensinando é realmente aquilo mesmo. As pessoas nunca foram tão fáceis de dominar.

O que você pensa que é verdade, pode ser mentira, e a mentira que te ensinaram pode ser verdade, você é que vai escolher o que é verdade e o que é mentira. Conspirações sempre fizeram parte da história e de nosso folclore, planos absurdos e paranoias que parecem ser reais, muitos dizem que tudo não passa de uma farsa, de invenções fabulosas. Há um ditado que diz que uma mentira contada muitas vezes torna-se com o tempo uma verdade, e é isso que vem acontecendo há séculos, basta controlar a informação, a mídia é o ponto forte nesse plano, controlando as informações que ela transmite logo você está controlando toda a massa. Nem tudo o que passa na televisão é verdade, eu diria que a porcentagem de verdade é bem pouca...


  Que tal...

  Talvez eu comece de outra maneira.

  Mas... nesse mundo maluco em que vivemos, que diferença isso faz? Se somos ou não controlados, se existem ou não conspirações.

  É domingo amigo leitor.

  Apenas isso, nada mais, um dia como outro qualquer e nada além de mais um dia, controlando ou sendo controlado, com verdades ou com mentiras, é menos um dia...

  O que você queria? 

  É difícil de dizer, e eu sei como são complexos os nossos sentimentos, a alma às vezes parece que é separada do espírito e do corpo, o coração dilacerado dentro do próprio peito em ânsias infinitas.

  O que você quer que eu diga?

  Não há nada de bom nesse mundo, disso nós sabemos, finjam então que tudo é magnífico e transformador...

Contente com o que você tem e é, não sofra por coisas desnecessárias. É apenas mais um domingo que parou na curva do tempo, por um instante apenas, não vá se animar, logo ele se solta e segue o seu curso no infinito temporal que nunca para. Nós continuaremos aqui, com nossas vidas bestas sem nenhum sentido. Sou apenas uma voz que grita incessantemente sem ser ouvida. Sou palavras sem sentido em perecíveis olhares e pensamentos. Uma ideia coletiva que virou narrativa, e depois de lida, transformou-se novamente em ideia definitiva.



( L.B )


domingo, 31 de outubro de 2021

Crônica

 BUSCANDO O EQUILÍBRIO.



Eu não compreendo o motivo de não encontrar o meu equilíbrio... Eu devia de tê-lo nas palmas das mãos, tão facilmente, 

O que acontece? 

Os dias foram ruins, isso eu sei, pelo menos coisa de três semanas para trás, foram dias terríveis e tenebrosos, que me tiraram completamente a paz de espírito, correria, incertezas, chateações, enfim, deu para entender que não foi nada fácil. Agora a realidade é outra, e se mostra tão mais tranquila em certos aspectos, em paz, sem perturbações aparentes, porém, lá dentro do coração, no âmago dos sentimentos, existe alguma coisa fora do lugar que não atinei no que é. Esses sentimentos são complexos, quase inexplicáveis.

Você já tentou esquadrinhar os teus sentimentos?

Talvez como eu, você tenha tentado de muitas maneiras, sem obter sucesso nesta difícil tarefa... Sendo assim, seja bem vindo ao meu mundo caríssimo leitor. Eu sempre busquei o equilíbrio em todas as áreas da minha vida, inclusive, sentimental, contudo, em quase todas, obteve, certo, sucesso em medida aceitável, em algum momento da vida. Já os sentimentos regidos pelo déspota coração, esses são como touros bravos, dificilmente domináveis, inconstantes, perigosos. É justamente essa instabilidade que me jogou no barco da literatura, poesia e da prosa. Busco explicar nas palavras o que eu não consigo dizer ou expressar pessoalmente. Em prosa e em verso é outra história, o meu próprio universo inexplicável passa a fazer sentido.

Nesse teatro de complexidade da vida, sou apenas mais um na fila do pão, nessa de dominar essa fera enjaulada dentro do peito. 

Quem nunca tentou que atire a primeira pedra.

É da natureza do ser humano o querer dominar e conquistar, ser dominado é conquistado está fora de cogitação, mas, justamente nesse quesito que somos pegos de surpresa por esse... Como vou dizer... O amigo que mora dentro do nosso peito. Há pessoas, não muitas - eu peco por invejá-las - que tem um completo domínio de si mesmas e jamais se deixam ser domadas por nada, aliás. São verdadeiros guerreiros, que não se deixam abater por qualquer acontecimento, são duros na queda.

Por não ter essa estabilidade, foi que na época da escola criei o meu primeiro pseudo-heterônimo, a exemplo de Fernando Pessoa. Dei-lhe o nome de 

"Alberto de Andrade Lispector" essa minha, 'personalidade', da qual também se utiliza desse espaço para escrever suas crônicas, é alguém mais voltado para política, resolvido pessoalmente, com algum viés para poesia em algumas ocasiões. Recentemente descobri outra personalidade habitando dentro de mim, dessa vez feminina, essa se auto proclama, 'Luise Batiliere', também presente nesse espaço literário, porém, totalmente avessa à política, mulher firme e muito decidida. Os seus textos por vezes são ácidos, melancólicos, extravagantes. São duas faces dentro do meu próprio eu... 'Loucura', sim eu confesso... É loucura ser eu mesmo. Afinal, loucura é necessária.

Essas vozes literárias dentro de mim representam aquilo que eu desejaria ser mas por motivos que desconheço, jamais serei. Encontrar o equilíbrio é fundamental, buscá-lo, é necessário. Não significa que vamos encontrar sempre, só o fato de tentar mudar tudo. Estou exatamente nesse ponto da vida, de uma busca constante por mudanças, e sei que vou conseguir, eu, e todos os meus "eus".



  ( T. P )


quinta-feira, 28 de outubro de 2021

CONTO.

 BREVE HISTÓRIA.


   Amanheceu. 


   Segunda-feira, pouco vento, a Edward Fru-Fru está movimentada. Algumas pessoas passam apressadamente pela calçada, outras, figuram estatísticas, veículos parados em um congestionamento enorme, é mais um dia eufórico na cidade de Sorocaba. Bernadete está quase a correr para não perder o ônibus, sigo logo atrás dela, Os meus pensamentos vagam tumultuosos, perambulando pela minha cabeça de um lado a outro, desvio dos buracos no calçamento, também tenho pressa, vastas emoções e pensamentos imperfeitos. Entramos no ônibus, sentei-me atrás dela, seguimos rumo ao nosso destino.


  Trânsito travado como de sempre, meia hora depois Bernadete desceu no ponto mais próximo possível da escola, 'QualiMoura Cursos', espero para descer mais a frente. Bernadete vai a passos largos, olhando de um lado para outro, desconfia de tudo e todos.


  Não demora e chegamos quase juntos na escola, que está vazia por sinal, sete e meia da manhã, somos uns dos primeiros alunos a chegar. Estamos cursando gestão da qualidade total, um bom curso, uma junção de outros quatro; metrologia, qualidade, desenho mecânico, auditor ISO. Exigências da maioria das empresas da cidade.


  Verdade seja dita, embora a escolha seja boa, Bernadete não simpatizou com o curso, 'segundo suas próprias palavras', mas… Desempregada (ou melhor), disponível no mercado, não estava na posição de fazer muitas escolhas, por isso ela buscava a opção mais favorável para se conseguir emprego.


   Os demais alunos começam a chegar a passos de tartaruga, preguiçosos, cabisbaixos. Aglomeram-se próximos a secretária, permanecendo indiferentes um ao outro. Distraem-se com os seus celulares nas mãos e fones nos ouvidos. São poucos os que se dispõem a trocar algumas palavras com Bernadete ou comigo, um e outro que perguntam qualquer coisa sem relevância.


  Bernadete é tímida, eu ainda mais, ela continua em seu canto, o mais próximo possível da sala de aula, apenas observando todo o movimento. Uma nova arremessa de alunos começa chegar - em cima do horário por sinal - a escola antes vazia agora está quase sem espaço. Aos poucos cada aluno procura a sua classe, um a um vão saindo, ainda cabisbaixos e com os seus celulares nas mãos. Quando o relógio marca oito horas em ponto, toca o sinal da escola, um barulho enjoado que machuca os ouvidos. Os demais buscam cada um o seu lugar de sempre. Eu e Bernadete entramos na classe, ela ficou do lado oposto, bem no canto da parede. 


  A professora chega logo em seguida, é dia de prova, temida prova de desenho mecânico. Bernadete está confiante quanto ao seu desempenho… Eu nem tanto.


  Prova nas mãos, depois de uma breve leitura e releitura das questões propostas, ela começa respondendo cada uma delas, com muita calma e usufruindo sabiamente de todo o tempo disponível - mulher esperta - depois de responder tudo, 'ainda com tempo de sobra' faz uma última correção. Quando finalmente ela entregou a prova, entreguei a minha em seguida, a professora corrigiu na mesma hora, o meu coração estava em descompasso novamente. Veio a primeira notícia, 'boa', Bernadete tirou dez, eu errei uma, depois veio a segunda boa notícia; a professora lhe disse, "Pode ir embora, está liberada Bernadete é Alberto". 


  Ela não perdeu tempo, foi apressadamente para o ponto de ônibus enfrentar mais uma parcela do suplício das esperas intermináveis, saiu novamente quase a correr, certamente que queria chegar logo em sua casa, na segurança de seu lar. Eu saí no seu encalço.


  De tão apressada e assustada que estava com alguns jovens que estavam fumando e bebendo na esquina próxima, ela atravessou a rua sem prestar atenção, o sinal estava aberto, gritei, não houve mais tempo para mais nada,  Bernadete foi atropelada… chamei o resgate, era tarde demais.


  E o dia se foi, levou Bernadete, sua breve história termina aqui... 


domingo, 24 de outubro de 2021

Resenha.

 

Quase memória, de Carlos Heitor Cony, é sem dúvida um belíssimo livro, dessas leituras que te prende, arrebata, levando-o a viajar pela imaginação de um mundo e um tempo que não existe mais. Essa foi a minha primeira experiência de leitura com o autor. Posso dizer sem medo que foi uma das melhores do ano. Mergulhar nessas páginas foi maravilhoso.

Cony recebe um embrulho misterioso, tudo naquele pacote, cada detalhe, o faz relembrar de seu pai, morto já há anos. 

Como seria possível tal coisa? Era como se o próprio pai estivesse enviado, todo o conjunto do envelope, a forma que foi amarrado, papéis, tudo tinha a assinatura dele. Nesse ponto, nós leitores já corroídos pela curiosidade queremos saber o que está ali dentro. O que mais me surpreendeu - é vai te surpreender também - é de saber que o presente recebido, cheio de mistérios, não trazia exatamente coisas materiais, mas, um conjunto de recordações, uma verdadeira viagem ao passado de pai e filho. A cada página vivenciamos fatos importantes da vida de cada um deles.

O importante não é o que está dentro do embrulho, mas, tudo aquilo que ele representa na vida do escritor.

Recomendo fortemente a leitura desse livro.

Crônica

 NA ÚLTIMA CURVA DA ESTRADA ESTAVA VOCÊ.



Almas que caminham para o vale da indecisão, não sabem exatamente que rumo tomar, apenas seguem o fluxo sem ao menos prestar atenção no caminho. Algumas desnudas, moribundas, melancólicas, ainda sim seguem, parecem não querer chegar e nem sair ao mesmo tempo, são passos incertos, indecisos na escuridão da noite. 

Quem são elas?

Quais os seus nomes e suas histórias?

Quem saberá os mistérios que as cercam?

As vezes sou entre elas mais uma alma sem um norte, nem ritmo, sem nome... O mundo está cada vez mais cheio de pessoas assim, 'almas ambulantes' esqueletos vestidos de carne caminhando pela rua. Vão aos bares, contam suas mentiras, perturbam por onde passam com e suas meias verdades distorcidas. Cada um conta vantagem no que fez, no que é e foi... São um bando de almas dançarinas, desejando uma valsa a mais com o caos. Você as vê todos os dias pelas ruas, se esbarram o tempo todo nelas, as cumprimentam, as olham nos olhos, mas, você não as enxerga, e nem elas a você. É um mistério que se segue sem explicação.

'Almas mortas', como diz Gogol, sim, sem vida e sentido no que fazem, buscam coisas sem razão, nada lhes satisfazem, não percebem que na verdade, são todas, 'almas mortas'. A cidade está ficando cheia de pessoas que não tem o mínimo de objetivo, nada querem, tudo lhes aborrece, são egocêntricas, gananciosas. Não sabem o que fazer.

Será que existe algo para ser feito? 

Afinal, ainda existe esperança?

Quem poderá trazer todas essas respostas?

Eu caminho em um mundo de palavras mudas, e cada uma delas fazem parte de mim, do meu eu, do meu ser, meu decadente e desconsiderado ser.

Sensações, múltiplos sentimentos que me roubam a razão, que me conduz a insensatez momentânea de achar que o nada vale tudo. Sou mais uma entre essa turba de alucinados, insanos compulsivos, sou a pior entre inúmeros. No entanto, os motivos que me levam à beira do abismo da própria loucura são complexos demais. Às vezes penso que sou um caso de internação em hospital psiquiátrico. 

Quem, afinal, nesta vida é completamente são? 

Quem nunca sucumbiu à loucura?

Somos ovelhas perdidas nas tenebrosas terras desta vida, amamos loucamente, vivemos da mesmíssima maneira, e nem percebemos que somos almas ambulantes à beira do caos. O meu coração está sendo tomado, sem muito esforço, 'ela', sim, aqueles olhos, pernas, bocas e lábios, 'ela', minha loucura voltou... Agora pensem...

Eu mesma não acreditei quando, de repente, ela desprendeu-se da multidão. Surgiu do nada mudando tudo. Eu era apenas aquela que a exemplo de todos os demais caminhava rumo ao Vale da indecisão, contudo, bastou a simplicidade da insensatez para mudar o minha direção. Eu que pensei que seria o fim, a última jornada desta desajustada. A vida tem dessas coisas, dizem tanto que de fato acreditamos que podemos ser quase tudo...

Almas que caminham até não serem mais vistas na última curva da estrada, no entanto, era você quem figurava além da curva.



( L. B )


sábado, 23 de outubro de 2021

A CAVERNA.

 A CAVERNA.




Havia qualquer coisa de diferente com Alice, ela perguntou a todos quantos conhecia a respeito da caverna e seus mistérios. Madame Lili bem que a alertou sobre as histórias assustadoras que os antigos moradores contavam daquele sombrio lugar. 

Diziam os anciões da aldeia, que a caverna da rocha era a porta de entrada para o mundo intraterreno,  habitado por demônios e criaturas desconhecidas. Alice ignorou todas as advertências de madame Lili, mesmo sabendo do risco que corria, entrou na caverna mesmo assim, curiosa em descobrir se aquelas histórias eram verídicas ou se eram meros contos populares.


Era o começo de tarde de uma calorenta sexta-feira quanto o fato aconteceu...


Aquela criatura pequena, de nariz pontiagudo, roupas estranhas, esfarrapadas e de orelhas pontudas, parada diante de Alice era a prova definitiva de que a caverna e tudo quanto diziam eram reais, e que uma das tais criaturas de que tanto se falava estava ali, diante de seus pequenos olhos assustados. 

A estranha criatura permaneceu imóvel por alguns segundos, depois moveu a cabeça levemente para esquerda e depois para a direita, parecendo estar estudando a reação da jovem, que, diante do inusitado encontro, permaneceu petrificada. Todas as suas palavras sumiram, silêncio absoluto, tamanho era o seu espanto.

Aquilo pareceu-lhe um duende, dessas das histórias de contos de fadas. A estranha criatura começou a acenar para ela com as mãos, dedos magros, unhas grandes, acenava chamando-a para acompanhá-lo. Alice estava incerta quanto a oferta do pequeno demônio, deu um passo para trás, pensou em sair correndo o quanto antes da caverna, porém, a sua curiosidade foi ficando cada vez maior do que o próprio medo, vencendo-o pouco a pouco. 

O duende acenava com as mãos, era um convite muito estranho, tudo ali era estranho. Por fim, a criatura vendo que Alice permanecia no mesmo lugar, a chamou pelo nome, proferindo sua rouca voz que ecoou no interior da caverna.


- Não tenha medo Alice - sua voz ecoava no interior da caverna - Venha comigo menina, não tenha medo minha criança doce criança de olhos verdes.


Alice admirou-se do duende estar falando com ela, aquilo tudo era surreal, o espanto foi dando lugar para admiração e curiosidade. Alice estava receosa, no primeiro momento, nada respondeu, ameaçou em dar mais um passo para trás, quando novamente ouviu a voz do pequeno ser.


- Por favor! Não vou lhe machucar... Venha conhecer um mundo cheio de seres fantásticos e mágicos, não é esse o  desejo de seu coração, conhecer os mistérios da caverna?


Vencendo o seu medo, Alice arriscou dialogar com o duende.


- Você é mesmo real? Como sabe o meu nome? E meus desejos? É a primeira vez que venho a esta caverna... Como me conhece?


- Nós, do submundo, sabemos de todas as coisas que se passam lá em cima, minha pequena, mas, vocês, seres da superfície, nada conhecem de nosso mundo e nem a nosso respeito. Não tenha medo, você foi escolhida, será a primeira a conhecer nossos segredos.


- Não... Não... Isso não é real... Não pode ser real... Não mesmo...


- Estou aqui, não estou! Olhe, estou bem na sua frente, veja, sou real, não tenha medo, venha, toque em minha mãos...


Alice deu o primeiro passo em direção ao duende, nos lábios dele despontou um discreto sorriso, sarcástico por sinal, Alice estava admirada demais para perceber os riscos que corria ao acompanhar o misterioso duende. Deu o segundo passo, o terceiro, ainda incerta, lentamente seguiu-o, que continuava acenando. Passo a passo ela foi se distanciando, a pequena criatura sempre a frente, o caminho foi ficando cada vez mais estreito e escuro. Havia medo no olhar de Alice.


- Não enxergo nada, eu vou voltar. Disse ela assustada.


No mesmo instante, em um estalar de dedos, surgiu nas mãos do duende uma tocha, a sua chama iluminou o rosto da criatura e parte do caminho, o mesmo sorriso sarcástico.


- Venha... Temos muito a caminhar, venha. Há luz mais a frente.


Alice seguiu-o embrenhando-se pela caverna.



Era a tarde de uma sexta-feira, começo de verão, dia quente, foi quando a jovem Alice sumiu do povoado do Lajedo. Todos a procuraram por meses, e em todos os locais possíveis, até mesmo em algumas partes da caverna e da floresta em seu entorno, mas, Alice nunca mais foi vista, o seu paradeiro era desconhecido da aldeia. Por fim, depois de meses e meses de procura sem sucesso, sem encontrar uma única pista, desistiram de procurá-la.

Os pais de Alice ficaram arrasados, era a filha caçula dos Andrades.



Passou-se vinte anos desse episódio, a história do desaparecimento de Alice era acrescida às já contadas da caverna e seus fantasmas. Até que certo dia, em uma sexta-feira, começo de verão, moradores relataram ter encontrado uma menina vagando sozinha pela floresta, próximo a caverna, à procura de seus pais. Chorava muito a menina.

O rosto era o mesmo, as roupas, o vestido, os moradores estavam perplexos, como era possível uma coisa daquelas, era a jovem Alice, desaparecida há mais de vinte anos, estava ali, diante de seus olhos. 

Alice retornou misteriosamente.







domingo, 17 de outubro de 2021

Crônica.

 


TODO DIA É A MESMA COISA


- Não existe nada impossível para esse povo Carlinhos, estou te dizendo, povo maluco é esse, dá nó em pingo d' água, eu nunca vi nada igual. Esse povo do quebra é dose.


  - Antigamente não existia coisas assim José, eu me lembro, não havia nada de tão... Como vou dizer... Tão... Absurdamente escancarado. O pessoal era mais discreto em suas pretensões, tal, pelo menos tentava ser discreto, agora... Fazem, desfazem e acusa sem pé nem cabeça, na cara dura.


  - Pois então, veja bem... Lá em casa a Marisa é esquerda, o Juninho é direita, pensa em um pé de briga que dá, um fala isso, outro aquilo, e você não sabe da maior, ficam os dois jogando a bola pra mim, "não é pai, diz pra mãe diz se não é pai", a Marisa faz a mesma coisa.


  - Complicado amigo... Mas aí, de que lado você está nesse conflito doméstico? Direita, esquerda? E aí? Em cima do muro?


  - Do lado do equilíbrio meu caro... Equilíbrio.


 - Equilíbrio? Explica isso.


  - Na minha opinião, não deveria existir lados degladiando-se, atacando-se de forma até, vexatória às vezes... É muito feio isso, que imagem ruim fica para os de fora.


  - Então não deveria ter lado nenhum na sua opinião?


  - Não é isso.


  - O que é então?


  - Não existiria equilíbrio se não tivesse lados opostos para serem, justamente levados a um ponto de igualdade e equilíbrio, discutir civilizadamente, ideias diferentes, para a partir daí, chegarem em um consenso onde todos sejam beneficiados.


  - Verdade, olhando bem, a balança está bem desigual, ninguém ganha com isso. Mas, isso que você está dizendo é quase uma utopia.


  - É... Sei disso. Entendo que, o povo sempre, sempre sai perdendo nessa, um quer gritar mais alto do que o outro, esse acusa aquele e tal... Entende. A coisa é muito mais complicada meu amigo, isso  não é recente, são pequenas coisas que foram acumulando até virar uma bola de neve. Não adianta jogar tudo nas costas do atual presidente, ele não é o culpado de toda essa baderna. Isso veio lá de trás, o problema é que a batata quente parou na mão dele, todo mundo vê, sabe e se faz de desentendido, e o pior é que não deixam os que querem de fato trabalhar fazer o correto


  - Sei não... Isso tudo que você diz é verdade, mas quem enxerga? Se você fala é ridicularizado, até agredido em alguns casos. Os caras levantam bandeiras pelas ruas de regimes  comunistas, sanguinários que matam inocentes... Pode isso?


  - Vamos esperar no que vai dar as próximas eleições, coisa boa eu sei que não é, isso eu garanto a você. Mas vamos esperar.


  - Nem vamos abordar o assunto de eleições, se não... Vamos sair só amanhã daqui.


  - É bem isso mesmo. Urna eletrônica, pode, não pode, é segura, não é... Isso, aquilo... Rapaz, é uma coisa de louco.


  - Quer saber... Já deu por hoje, tá escurecendo, a Praça tá enchendo desses malandros, segurança é pouca mesmo, melhor se mandar.


  - Vamos então, amanhã voltamos, assunto é que não vai faltar.


  - Isso não vai mesmo, pelo menos vamos tentar não falar de política novamente.


  - Faz três meses que estamos dizendo isso, e todo santo dia é a mesma coisa. É sentar aqui e descer a lenha nessa cambada.


  - Tem que fazer isso... Vamos embora, no caminho pago uma para você no bar do Zé.




( A.L )


domingo, 10 de outubro de 2021

CRÔNICA.

                    EMPREGO NOVO.


No mês que passou, setembro, eu havia completado três anos no antigo emprego - eu já explico o termo 'antigo' - nem parece que foi outro dia mesmo que comecei a trabalhar naquele local. No começo foi trágico, meu Deus! E como foi... Hoje dou risadas quando rememorei toda a tragédia Inicial, mas foi exatamente como acabei de mencionar, afinal, antes desse emprego, fiquei por quase três anos desempregado, ou, como se costuma dizer, 'disponível no mercado de trabalho'. 

 Ainda antes desses três anos de disponibilidade do mercado, eu havia sido sumariamente riscado da folha de pagamento da fábrica por onde fiquei por quinze anos. Uma vez fora, era o momento de recomeçar, porém, não seria tão simples essa retomada, afinal, herdei alguns presentes desagradáveis daquela empresa, quatro parafusos e duas placas na coluna, uma cirurgia de artrodese lombar, embora degenerativa, o decorrente agravamento ocorreu devido ao serviço pesado e nada ergonômico ao longo dos anos. Que o leitor compreenda, na empresa que fiquei ( por quinze anos ), embora o laudo da perícia diga o contrário, é sim uma sequela, consequências do esforço repetitivo que eu exercia lá, sendo assim, não seria ético e nem recomendável para empresa a minha demissão, mas... Passado tudo isso, processo judicial correndo a solta, consegui um novo emprego, balcão de açougue, e como dito no início do texto, foi trágico nos primeiros meses, ter que relembrar uma profissão de mais de vinte anos atrás, não foi tão fácil como imaginei. Venci os primeiros meses, lá fiquei por três anos. Com o tempo, fui ganhando confiança, experiência, conhecimento, só não ganhei 'reconhecimento' o que me angustiava bastante, demorei para perceber que era hora de novos horizontes, e esse novo na minha vida surgiu repentinamente, como uma flor que desabrocha ao romper da aurora. 

Uma nova oportunidade, salário melhor, horário mais justo, princípios mais humanitários. Começos são sempre começos, complicados, frio na barriga, incertezas, tudo isso faz parte do plano, não devemos ter medo dos desafios, apenas confiança em nós mesmos, para sempre darmos o nosso melhor.

Do antigo emprego nem tudo foi espinhos, trago boas recordações, momentos felizes, amizades maravilhosas que jamais vou esquecer, boas risadas. Existem em todos os lugares pessoas de todos os tipos, das monstruosas cheias de maldades, as almas benevolentes que aspiram à bondade, com o coração maior que a si mesmos. Não vou revelar os nomes dos poucos anjos e nem dos muitos demônios que encontrei nesses três anos, que Deus os abençoe grandemente. Aos terríveis, maldosos, que me feriram e tentaram me derrubar, também peço ao bom Deus que ilumine esses corações a luz do entendimento, e que a bondade transborde de cada coração. Agora é hora de mudar, novas direções para destinos gloriosos.





domingo, 3 de outubro de 2021

Crônica.

 O INESPERADO É SEMPRE BOM.



Corações abatidos e angustiados, caminhando sem direção por ruas escuras e estradas desconhecidas. É sempre assim, nunca foi diferente e não será agora que haverá de ser.

Geralmente me perguntam, 'Como assim Lu'? 'Que história é essa'? A resposta não é outra. "Então você não sabe", respondo, "Somos todos objetos mesmos".

Eu e você, cada ser humano na face dessa terra é um objeto desse sistema corrupto que nos levam à loucura, somos manipulados o tempo todo por um bando de desafortunados, creia no que estou te dizendo. E sim, caso pergunte, estou me referindo aos caciques dessa aldeia global, eles mesmos, os donos de nossas almas, casas, carros e tudo o que puder imaginar, nada é nosso, tudo é deles.

Não se enganem meus amigos, não há escapatória de suas garras malignas, estamos acorrentados.

Hoje vou apenas esculhambar minhas ideias, apenas jogar palavras no papel, aleatoriamente, sem muita preocupação no que vai dar. Me dou a esse luxo de lançar as palavras como o semeador lançou as suas no campo. Cada semente encontrou o seu tipo de terreno, suas dificuldades, os seus contratempos. Algumas germinaram, cresceram até certo ponto, porém, outras ficaram pelo caminho. Quem não conhece a parábola do semeador, faço aqui uma analogia com a literatura, com o ofício de nós escritores ao lançarmos as nossas sementes, ou seja, nossos livros e textos, cada um sendo depositado em um determinado tipo de terreno. O poeta e o prosador saiu a semear, eu também com essa despretensiosa crônica...

...Me permitam uma interrupção na crônica para dizer uma coisa chata que me ocorreu... A tranquilidade deste domingo foi desfeita em um segundo, a poucas horas atrás, foi tão rápido que ainda não tive tempo de assimilar todo o acontecido. Sinceramente, não era para ser daquele jeito, analisando friamente poderia ter sido evitado se a prudência dessa doida aqui tivesse em primeiro lugar. Digo isso não só por mim, que não me eximo da culpa do acidente, mas também do outro motorista que atravessou em minha frente rápido demais para uma olhada. Essas coisas desmotivam, nos deixam para baixo, mas, nem tudo é tristeza, o prejuízo foi pouco para mim - apenas o parachoque quebrado, lanterna, Capo levemente amassado. O importa que tudo terminou bem... 

Voltando...

Mais uma vez a incerteza retorna, ela acena, e da janela da minha alma a vejo, lá longe, aproximando-se, como se não quisesse nada, mas sempre quer. "O que é essa tal de incerteza? Pergunta minha alma. "Quer mesmo saber? Eu mesma respondo.

Incerteza é o fantasma do passado que vez é outra vem assombrar-nos, em noites escuras ou em dias claros. Não existe momento oportuno ou inoportuno. Todos a temem, embora alguns, finjam ser destemidos e arrojados, na verdade se escondem dela. Muitos inventam estratégias, planos, isso é aquilo... Tudo mentira, são todas formas de se esconder o medo que aterroriza.

Nem tudo é tão ruim quanto parece.

Novos caminhos estão sendo colocados diante de mim, oportunidades que realmente eu não esperava. A minha vida havia se tornado monótona, com frequência de repetições indevidas, inadequadas. Isso incomoda muito, não dá espaço para algo novo, ficamos sem reação, mas, de repente, tudo ressurge em um horizonte de novidades. É até estranho lidar com isso, nos acostumamos com as mesmas coisas sempre, e nunca ligamos para possibilidades de surpresas vindas, como se diz no ditado popular, vem a galope. Sou até receosa com isso, com essas guinadas inesperadas, mas elas surgem, e são boas, agradáveis, me tira da zona de conforto, o que é muito bom.




( L.B. )


sexta-feira, 1 de outubro de 2021

MENSAGEM.

 A ENTREVISTA.


( Apocalipse 20:10 ) 

E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.


─ Olha... Eu queria te agradecer por essa oportunidade de te entrevistar, o senhor sabe o quanto isso é importante para mim. 


─ É... Eu sei, mas seja rápido, sou uma pessoa muito ocupada. 


─ Então… Eu tenho só algumas perguntas aqui, e vou usar um gravador para... 


─ Não... Eu prefiro que você não grave. 


─ Tá bom, tudo bem, eu não vou gravar. 


Sem que ele percebesse, deixei o celular com o gravador ligado, dentro do bolso esquerdo da minha camisa. 


─ Vamos começar então… Minha primeira pergunta é, quem é você? 


─ Esta não é uma pergunta simples de responder, na verdade, eu tenho várias faces, sou rebelde, filósofo, idealista, inventor, o primeiro e maior líder político que já existiu. 


─ A sua aparência é um pouco diferente da que eu imaginava, minha pergunta é, como você realmente é? 


─ Você esperava alguém com um tridente e uma capa vermelha, rabo e chifres? Eu não sou como vocês seres humanos, que estão presos a esse corpo material, pertenço a outro plano de matéria, e posso me apresentar da forma que eu quiser. Posso aparecer como anjo de luz, como fantasma, como uma tentação, ou... Como um este ser humano que bens pode ver. 


─ Posso lhe fazer uma pergunta ousada… Qual é a sua idade? 


─ Você já ouviu aquela música, de alguém que diz ter nascido a dez mil anos atrás... Pois bem, esse alguém sou eu. 


─ Como eu posso saber que você não está mentindo, você não é o pai da mentira? 


─ Você anda lendo a bíblia meu rapaz? 


─ Não... Não senhor. 


─ É... Eu sei que não, foi apenas uma pergunta retórica. As pessoas aumentam um pouco as coisas a meu respeito, a maior parte das coisas que digo é verdade, discernir entre a verdade e a mentira, entretanto, compete a vocês humanos, vocês é quem escolhem o que querem acreditar. 


─ Qual a sua origem? Assim, de onde você veio? 


─ É uma longa história, mas você é um cara inteligente, basta dizer que nós dois somos filhos do mesmo pai. A milhares de anos atrás, eu ocupava um cargo muito importante, uma posição de destaque, então eu quis ser o chefe, fiz minha campanha, você sabe... Política, mas acabou não dando certo, por ter quebrado todas as regras eu e meus aliados fomos expulsos de nosso lar, e, acabamos aqui, na terra. 


─ Significa que existem outros iguais a você aqui? 


─ Tantos, mas tantos, que você nem imagina, milhares de milhares. 


─ E qual é o seu maior trunfo? 


─ Fazer as pessoas acreditarem que eu não existo, afinal, ninguém se preocupa com um personagem folclórico. 


─ E qual o seu maior inimigo? 


─ O filho... Mas eu não quero falar sobre isso. 


─ Qual é o seu maior sonho? 


─ Ser adorado por todas as pessoas, como deus deste mundo. 


─ Você acha mesmo que as pessoas te adoram como deus? 


─ Elas já o fazem, muitos pensam que adoram a Deus, mas adoram do jeito que elas querem, ou então, adoram as coisas que eu inventei, mas nem todos são assim, tem um povo especial... Que é difícil... Mas continue, não quero falar sobre eles. 


─ E quais são as suas estratégias para conseguir essa adoração? 


─ Veja só, essa adoração nem sempre é explícita, basta que alguém se afaste um pouco da verdade, e pronto, automaticamente se torna meu servo. 


─ Mas como assim, especificamente? 


─ Eu tenho uma abordagem diferente para cada tipo de pessoa, primeiro, preciso saber o seu ponto fraco, daí então, a uns forneço glória e poder, isso resulta em morte, miséria, destruição. Aos pobres eu ofereço crendices, depravação, ignorância. Aos ricos eu levo luxo, vaidade, lascívia. Os intelectuais são seduzidos pela soberba, concluindo que Deus não existe, só porque não conseguem explicá-lo com sua limitada ciência, assim, acabam adorando a criatura em lugar do criador. E vícios, muitos vícios, esportes, novelas, games, trabalhos e drogas, no final, todos ficam ocupados demais para buscarem as coisas de Deus. E a maioria das pessoas se vendem por tão pouco. 


─ Como você consegue fazer tudo isso? 


─ Isso é um pouco difícil de explicar, eu não tenho acesso aos pensamentos humanos, mas sou muito observador, posso prever as atitudes das pessoas pelos seus atos, palavras, e reações. Veja... Ninguém rouba por acaso, ele passa um dia em frente a uma vitrine, olha, comenta, demonstra interesse, então eu crio a oportunidade, a situação, alguns chamam isso de tentação. Além do mais, eu posso manipular os elementos desse mundo a meu bel prazer. E por não pertencer ao mesmo plano de matéria que vocês, não estou limitado pelas mesmas leis físicas. Para mim não existem paredes, posso viajar mais rápido que a luz, e reproduzir com perfeição a voz de qualquer pessoa que já viveu sobre essa terra, imitação ,aliás, é um dos meus truques preferidos, quase todo mundo cai. 


─ E criar coisas, você consegue? 


─ Eu não posso criar a vida, sorte de vocês, mas consigo manipular átomos e moléculas, de modo a causas o maior estrago possível, as pessoas e coisas. 


─ E o que você mais odeia? 


─ O perdão, o arrependimento, a reconciliação, os joelhos dobrados em oração, famílias unidas, a bíblia, a lei de Deus, e o seu povo aqui na terra. 


─ Pelo o que eu pude perceber, você é mesmo poderoso, você tem medo de alguma coisa? 


─ Do meu futuro, em breve, aquele que eu crucifiquei vai voltar para essa terra, e acabar com o meu domínio, eu sei que não vai ter saída, que depois, eu vou ser destruído, é por isso que eu tento arrastar o maior número de pessoas comigo, essa é a única maneira de ferir o coração de Deus. 


─ Você comentou que em breve o seu domínio vai acabar, você tem ideia de quando isso vai acontecer? 


─ Agora chega rapaz, eu já revelei mais do que eu deveria para você. Fim da entrevista. 


( texto baseado em um vídeo que recebi recentemente, dado o teor de sua importância, eu quis reproduzi-lo aqui no blog, por meio de diálogo. )


CRÔNICA DE DOMINGO.

      UM PÁSSARO EM MINHA JANELA.     Um pássaro pousou em minha janela.     Quisera eu ter a paz e a tranquilidade da pequena ave que pouso...