A CIDADE DORME.
A segunda-feira se faz calorosa, corrida, cheia de compromissos aqui e acolá, de um lado a outro, quase sem tempo para nada. O coração inquieto, pedindo sossego, descanso, calmaria, alento, mas, o que tenho senão inquietação de uma alma atordoada, ferida, manchada e sem desejo nenhum.
A segunda-feira, como eu já imaginava, surgiu cheia de contratempos, e logo nas primeiras horas após o café enfrentei o trânsito, xingamentos dos motoristas, filas, estacionamentos lotados, enfim, um pouco de tudo em apenas um único dia.
É a segunda-feira pulsante, Itavuvu congestionada, obras a passos de tartaruga, a cidade pede socorro, grita, urge… Somos todos cegos.
— No mercado Já cedo seu Benedito.
Disse o guarda.
— Vida de aposentado é dureza meu filho, pensa que é fácil, não ter nada para fazer… É dureza meu camarada.
Lá foi seu Benedito fazer a feira do dia.
Os dias têm sido assim, um amontoado de acontecimentos, aventuras e desventuras que nos deixam malucos. São tantas coisas a serem feitas em tão escasso tempo que fica essa sensação ruim, esse sentimento de impotência. Entre um compromisso e outro, no quase escasso tempo, rascunho a minha porção diária na mente, logo a esqueço.
Quisera eu ser como seu Benedito. Aposentado, tranquilo, mas, os dias são outros, as leis também.
O sol está forte agora, calor intenso, hoje vai ser mais um dia daqueles em que no final da tarde o mundo desaba em água…
A noite surge ligeira, uma brisa suave e quase fria sopra do norte, o céu está repleto de estrelas cintilantes, dançarinas do escuro véu. O meu coração bate apertado, está dolorido, e a causa principal dessa dor… Sim, é o beija-flor; aquele mesmo de outrora. Lembro-me com o coração aos pedaços, desfeito em saudades. Talvez o beija-flor volte, talvez não, espero que retorne logo, embora a razão venha a me contradizer.
O restante da noite seguirá o seu curso, correria e correria dos seres noturnos, nada, além disso, ao final, tudo se acalma novamente, e finalmente reinará momentâneo silêncio.
A cidade dorme agora para este poeta sem nome.
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