domingo, 13 de novembro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 


    GILMAR E CARLOS.


   — Olá! Gilmar! Quem diria... Você por aqui! Quem é vivo sempre aparece, tudo bem com você?

   — Ô! Carlos! Quanto tempo meu camarada! Foi você quem sumiu homem... não te vejo faz tempo.

   — Estou sempre por aí, perambulando, aqui, ali, e você? Está fazendo o que dá vida?

   — Depois que eu saí da empresa fiquei um ano parado, voltei a trabalhar não faz muito tempo, arrumei emprego em um supermercado faz dois anos, estou novamente exercendo a minha antiga profissão, açougueiro. E você... o que faz da vida? Aposentou ou ainda tá na ativa?

   — Quem me dera aposentar, faltam uns três anos eu acho, estou na mesma empresa, mesmo setor, função não mudou, o pessoal é outro agora, da velha guarda ficou eu e o Gerson.

   — É... O tempo voa caríssimo. Eu estou com o processo correndo contra a empresa, lembra? Já faz cinco anos nessa labuta interminável.

   — Caramba! Tudo isso? E a coluna? Me lembro que você operou, colocou parafuso, ou qualquer coisa assim... ainda dói muito?

   — Desde que eu fiz a cirurgia nunca parou de doer, essa é a verdade, às vezes menos, outras mais, a gente aprende a conviver com a dor. Quanto ao processo... você sabe, a justiça Brasileira nunca foi das mais rápidas, daí veio a pandemia, atrasou ainda mais o andamento, agora, política, sei não viu...

   — Nem me fale desse vírus maldito, peguei duas vezes esse raio, quanto ao processo, fica em paz, vai dar tudo certo, em breve você retorna na empresa.

   — Tomará amigo, tomará, embora eu não tenha lá muitas esperanças. Rapaz, você falando aí do vírus, e eu que peguei três vezes essa merda, depois de tomar quatro doses da vacina, não me adiantou foi é nada ter tomado tanta vacina, fiquei é todo ferrado.

   — É um exagero tanta vacina, tudo enganação, quantas pessoas não morreram depois que tomaram. A minha tia tomou as duas doses, não saía de casa para nada, pegou novamente e acabou falecendo, mas, parece que todo mundo esqueceu do vírus né, agora o único assunto é direita, esquerda, isso pode, aquilo não...

   — Bem isso amigo, no caso da vacina eu só tomei mesmo porque fui obrigado por causa do trabalho, eu também perdi um tio, o Carlinhos, que trabalhava na Grostal, lembra dele?

   — Sim, lembro, o homem era um touro, fazer o quê... É o sistema querendo equilibrar a balança do mundo.

   — E bem que avisaram por essa internet da vida, mas, ninguém acredita, acham que se fala demais, que é besteira, isso, aquilo outro, olha só, e não é que muitos tinham razão. 

   — O pessoal prefere dar ouvidos ao... você sabe quem, igual as pesquisas, onde já se viu, o cara estar com quarenta e tantos por cento das intenções de votos e não consegue juntar meia dúzia de desajustados... Já o da situação, até lá fora faz motociata de última hora e junta multidão, como então ele pôde estar atrás nas pesquisas, e mais, perder em dois turnos? Como é isso?

   — A mentira falada por meia dúzia está soando mais alto do que toda a direita junta, essa é a verdade. Ou, como diz certo cidadão da esquerda, a mentira voa, enquanto a verdade rasteja.

   — O problema é que a direita não reagiu quando teve tempo, se acomodou, aceitou tudo, não repassou nada, ficou apenas olhando o bonde passar, e passou, com tudo, atropelando geral.

   — A coisa está a passos de tartaruga, Brasil, tudo é muito complicado nesse lugar, impressionante, fazer o que, o jeito é empurrar com a barriga.

   — Se não fizerem nada vai acontecer igual lá fora, olha o exemplo do americano.

   — É o que sempre disse amigo, eu cansei de falar, mas, ninguém escutou mesmo... Olha rapaz, o papo está bom demais, foi um prazer te reencontrar, mas, estou atrasado, tenho que trabalhar daqui a pouco, até mais ver meu camarada, aparece por aqui outras vezes.

   — Vai lá amigo, bom trabalho para você, eu também estou atrasado, não sei nem como a mulher não me ligou ainda, se já não tive por aí com vassoura na mão atrás de mim. Até mais, apareço sim.

domingo, 6 de novembro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 


O JOGO SÓ ACABA COM O APITO FINAL.


    Vivemos uma revolução? 

    Pessoas ganham as ruas junto aos caminhoneiros, protestos e caras pintadas, gritos, palavras de ordem ardendo em dissonantes e frenéticos gritos. Do outro lado, andam dizendo que aqueles que figuram nas beiras das rodovias são desordeiros, fascistas e bagunceiros, dentre outras designações negativas, não me parece que são o que está se falando. É de fato um movimento popular brasileiro, nascido de uma indignação perante atitudes cometidas pelos mandatários do pensamento da jurisprudência. O resultado entre um e outro na disputa pela cadeira maior, foi no mínimo descompensada unicamente para um lado, enquanto o outro foi duramente reprimido, atacado e desacreditado.

    Os dias se escalam cada vez mais tensos, a sensação de que estamos à beira de um grande abismo prestes a cair é cada vez maior, caminhando sem ter como se distanciar desse enorme precipício. A confusão e o caos social se alastra como fogo em folhas secas, a cada hora notícias aterrorizantes tomam as nossas mídias de assalto deixando o coração em descompasso. Começou pequeno, no domingo, logo após o resultado das urnas. Tão prontamente os caminhoneiros se organizaram e iniciou-se a paralisação nas rodovias pelo país, aqui, alí e acolá. Já no decurso da segunda-feira, quando a ala vencedora ainda comemorava, o que pareceu um pequeno movimento começou a agigantar-se, e ainda ganha corpo pelo Brasil.

    Os movimentos e protestos estão fermentando a massa popular cada vez com mais força, multidões de verde e amarelo, com bandeiras e caras pintadas figuram na frente de quartéis militares em coro. A ala direita do movimento contesta os resultados, dizendo que não foram justos, que, de alguma forma, houve erros e manipulações nas urnas por meio de algoritmos específicos. A esquerda se defende dizendo que foi uma escolha legítima e democrática, enfatizando a segurança no processo eletrônico, ressaltando a necessidade do presidente reconhecer a derrota. Concernente aos protestos e pedidos de intervenção, não me parece que este se fará como deseja o povo. Não sou especialista no assunto relativo a leis e constituição, não sei bem o que dizer.

    Analisando o cenário cuidadosamente, nesta já, sexta-feira, embora pareça cada vez mais distante da realidade o que o povo tanto clama nas ruas, no entanto, olhando por outro ângulo, tenho esperanças para que algo grandioso aconteça, e isso é renovador. Sei que muitos estão desacreditados que pedir para acionar esse ou aquele artigo com essa ou aquela finalidade vá resolver. Independente do quê, e como peçam, sabemos que a vitória não se dará da maneira fácil. Por favor, não sejamos pessimistas, não vamos jogar agora fria em ninguém. Eu sei com o pouquíssimo que conheço da constituição de 88, não haver espaço nela para acionar certos artigos citados, assim, ao vento, no entanto, caso apareça, repentinamente, provas irrefutáveis de uma fraude, acredito que isso possa mudar tudo. O melhor a ser feito é se posicionar ( espero que você tenha entendido ) e esperar, uma vez que as esferas superiores do poder estão em um mesmo entendimento de reconhecimento do resultado das eleições, não abrindo espaço para contestações, provocá-los de maneira inteligente dentro das quatro linhas é cabível. 

    Caros amigos e amigas, o tempo de se ter feito alguma coisa não passou, ainda é possível agir, algo pode ser feito... Estamos na última hora, sei o quanto é perigoso. 

     Pergunto novamente: A esquerda ganhou? 

     Às vezes, depois dos quarenta e cinco do primeiro tempo de um jogo, com um placar extremamente desfavorável pôde ser obtida vitória, maluquice, sim, concordo, porém, perfeitamente possível.

      O jogo só acaba com o apito final.

domingo, 30 de outubro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 


      ALGO NUNCA VISTO.


       Como avaliar a situação atual? 

       É praticamente impossível realizar uma análise correta, coesa e justa. Considerando que existe um desequilíbrio pulsante de ambos os lados da balança. A situação foge da compreensão, atitudes arbitrárias, descontrole emocional, enfim, são muitas as variáveis a serem calculadas. Aquele Brasil de antigamente, onde o assunto principal em qualquer lugar era o futebol, parece ter ficado no passado. Poucos sabem dizer os nomes dos jogadores que participaram da copa do mundo neste ano, por outro lado, estes mesmos, estão afiados quando o assunto é política. São tempos diferentes em um novo mundo. Nunca se viu o que agora figura em nossa nação, não se imaginava tamanha participação do povo em assuntos que antes eram exclusivos de deputados e senadores.

Pautas, leis, emendas, constitucionalidade, enfim, tribunais superiores e seus julgamentos, antes, completamente ignorados, porém, tão aguardados e assistidos nos últimos tempos. Realmente vivemos uma nova realidade.

      É difícil avaliar a situação justamente pela forte polarização política existente. Muitos desejam falar, impor a base da caneta, e não estão interessados em ouvir o outro lado, nem o próprio povo, a não ser que o que fala seja do mesmo clã. Sendo contrário, será quase impossível tecer um diálogo amigável e pacífico. 

        Hoje é domingo, segundo turno das eleições presidenciais, muitas coisas importantes aconteceram nesse período, algumas, possivelmente desagradáveis. Essa crônica está sendo postada durante o período da manhã, não tenho a mínima ideia de quem vencerá as eleições, ( só para pontuar, as pesquisas apresentadas não me convenceu para nenhum dos lados ). Logo mais, no finalzinho da tarde, encerra as votações, quando a noite começar a despertar, teremos o final das apurações das urnas eletrônicas. No mais tardar, lá quase pelas oito da noite, acho eu, teremos o resultado de quem governará a nação por mais quatro anos. 

         Quem será o felizardo? 

         Realmente não sei.

         O meu candidato? O seu candidato? Quem sabe?

         Terminarei a crônica contando a história de um certo concurso de beleza ocorrido na selva, onde o gambá resolveu disputar. O seu desejo de vencer o concurso era tanto que ele combinou com o macaco e fez uma tremenda armação para levar o concurso como ganhador. Mesmo sendo o animal mais feito, fedido, usurpador de galinheiros, enfim, nada nele condizente com requisitos de potencial de vitória, mas, como combinado com o macaco e arquitetado todos os pormenores, estava pleno de que ganharia. O pelicano, com suas penas belíssimas, com todo o seu porte, era o favorito sem dúvidas. Quando o concurso estava para finalizar, apareceu um convidado diferente no alto de uma árvore. 

          Era a onça.

          Ela olhou para o macaco, quando este se preparava para finalizar a armação. A onça o encarou, apontou-lhe uma das garras afiadas como se dissesse: Cuidado com o que você vai fazer, macaco, eu estou de olho.

            Enfim amigos, tenho apenas a desejar uma boa e tranquila votação para todos nós, não fiquem em casa, não votem em branco ou anulem. Faça a sua escolha exercendo o seu direito democrático de decidir quem será o vencedor.

             

domingo, 23 de outubro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO

 


TEM UMA PULGA ATRÁS DA MINHA ORELHA.


   Por mais que eu queira acreditar que no final dará tudo certo, fica aquela insistente pulga atrás da orelha incomodando, por sua vez, essa, refere-se a certo algoritmo usado na primeira rodada. O postulante da situação conseguiu fazer grandes ajuntamentos por todo o país, multidões o seguiram em seus automóveis, as cores da floresta e do sol tremulando por todo o país... O que pensar disso. Havia, como ainda há, os larápios opositores sempre contrários ao que o da situação alude. No decurso desse tempo, inverdades foram ditas, acusações, apontou o indicador em riste, chamou-o de indômito, entre tantas outras injúrias sem sentido prático. Quanto aos ajuntamentos da oposição, não me pareceram consideráveis, eram sempre com poucas pessoas, no entanto, haviam aqueles que, milagrosamente a fizeram parecer de um tacanho, para algo mastodôntico.

      As pessoas ficaram polarizadas, cada uma defendendo o seu lado, por esses e aqueles motivos, apresentavam as suas razões para tal, cada um com suas certezas. Veio o primeiro turno, havia expectativas de ambos os lados, ninguém queria admitir a derrota, os dois lados dizem com convicção que levariam a vitória já na primeira rodada. O resultado foi muito diferente para os dois lados, para uns, angústia por não ter liquidado logo de pronto, para outros, revolta, e um gosto amargo, uma desconfiança de que algo estava errado. Acusações de fraudes floresceram aqui e acolá, a oposição fez que nem escutou, deu de ombros, um e outro que disseram qualquer coisa sem muita relevância, mas, o gosto amargo permaneceu.

      Estratégias refeitas, segundo turno em curso, campanhas a todo vapor. A mesma situação acontece em todo o território desta gigante nação, de um lado multidões, do outro, o pouco que se faz parecer muito. Contudo, ficou ainda aquela pulga atrás da orelha, incomodando, coçando vez e outra, ainda que se tente arrancá-la, ela, muito esperta, desaparece, às vezes, aparecendo repentinamente. O senado e o parlamento já se definiram, foi exatamente como a situação previu, alguns governadores também estão definidos em seus comandos, com outros ainda a definir, porém, a situação conseguiu eleger o maior número de apoiadores do que a oposição.

        Quanto a pulga do algoritmo... Ela permanece por aí, pulando alegremente entre as caixinhas eletrônicas onde digitamos nossa escola em números. Estou preocupado com essa pequena pulga, fica o medo dela, no momento em que eu for digitar, eu mais outros milhões Brasil a fora, na mesma escolha, ela coloque o tal algoritmo para... Como vou dizer... Buga tudo. Ah! Essa pulga... Sei não viu, vamos esperar meus amigos, vamos esperar. Muitas mentiras são propagandas no serviço da desinformação, ninguém sabe exatamente de que lado elas aparecem. 

    Se faz verdade o mito em que a mentira roubou as vestes da verdade, e anda por aí, alegremente, enquanto a verdade nua, ninguém a suporta.

     São tempos difíceis, a liberdade está em jogo, eu não consigo fechar os olhos e me fingir de cego. O meu coração está aflito, estou temeroso com o que pode acontecer nos próximos dias. Que Deus abençoe e ilumine cada um na escolha que será feita no dia 30 de Outubro. 

domingo, 16 de outubro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

   


   DIZEM QUE CRISTO VOLTOU ESSA NOITE.

                  

   Neste domingo quero postar algo diferente, o título da crônica é de um livro que devorei-o durante a pandemia, na ocasião, escrevi essa resenha, achei interessante para o momento, então resolvi postá-la novamente com alguns acréscimos pessoais.

   No que se refere ao livro.

   A obra que intitulou a crônica é antiga, de 1979. Já o assunto é por demais atual e instigante. Nas preciosas páginas dessa novela, ( Júlio ) narra de forma magistral as experiências vividas por dois repórteres em meio aos estarrecedores  acontecimentos que antecedem a segunda vinda de Cristo. O protagonista principal da história é o repórter de um dos maiores matutinos da capital ( pag. 9 ). O mundo foi recentemente abalado por acontecimentos inexplicáveis ao repórter Jacques. A imprensa que ainda funciona não se fala em outra coisa. "Terror e destruição no mundo! Centenas de acidentes rodoviários, ferroviários, aéreos e marítimos, em todos os continentes essa noite!" - "Milhões de pessoas desaparecidas nas últimas horas"  - "Parece que chegou o fim para este mundo!" - "Dizem que Cristo voltou essa noite!…" 

" Todos os continentes abalados por imensos terremotos e maremotos!" - " Milhões de pessoas mortas continuam insepultas!" Assim começa a história, Jacques é testemunha dos fatos, que passa a procurar em meio ao caótico cenários respostas plausíveis. Seu amigo e chefe da equipe de reportagem, que era Cristão, está entre os desaparecidos, Jacques é o tipo de pessoa que crê timidamente na existência divina, porém, um homem revoltado com o sistema religioso de sua época, muitos o descreveriam como típico ateu. Na igreja onde o amigo estava, figuravam apenas algumas pessoas, chorando e lamentando por terem ficado. O seu amigo está entre os que misteriosamente desapareceu.

   Jacques saiu a procura de respostas para os recentes acontecimentos, alguma coisa que explicassem tamanhas absurdidades. De posse de fitas gravadas de seu amigo que sumiu. O repórter começa a perambular pelas ruas, buscando nos endereços contidos nas gravações da fita, qualquer resposta que fizessem o mínimo de sentido. Em todos os endereços, era a mesma conclusão - pessoas que sumiram sem deixar rastros - . Em cada visita, o repórter que tinha o intuito de obter respostas, ficava ainda com mais dúvidas.

À partir da página 77, o livro entra na segunda parte, cujo narrador é o amigo de Jacques. Nesta segunda parte, o narrador, Fernando, conta-nos o depoimento dos últimos fatos ocorridos no mundo antes do misterioso desaparecimento, organizando-os de hora em hora. Essa segunda parte, que é o resultado da gravação de Fernando em fitas, é mostrada por Jacques a fim de tentar compreender o que de fato aconteceu. Fernando grava em fitas tudo quanto está acontecendo, hora à hora, tanto o caos social como os estranhos fenômenos meteorológicos. O mundo passa por terríveis transformações, enquanto os chefes de governo estão reunidos em Genebra com um misterioso homem, a qual chamam de novo messias, a fim de tentarem solucionar e organizar o mundo após o caos. Fernando acompanha a missionária Noemi em diversas dessas visitas. Também acompanha a jovem em sua igreja, participando de um culto, onde se converte a Cristo. Fernando agora, após reencontrar sua antiga fé, continua acompanhando a jovem em diversas visitas pela cidade. 

( Júlio O. Rosa ) autor do livro, dá à narrativa um tom belíssimo de romance entre Fernando e Noemi, que, em dado momento relembram fatos da infância, de que já se conheciam no passado. Ambos, além do reencontro, descobrem que se amam. O tom romântico dos dois ficou maravilhoso dando certa harmonia ao tom pesado do livro. 

   Os acontecimentos extraordinários ocorrem pelo mundo. Toda a narrativa da segunda parte do livro é a transcrição do que havia nas fitas gravadas por Fernando, até o momento máximo, onde um grandioso acontecimento dá sentido a tudo quanto estava ocorrendo, porém, para Jacques, que ficou para trás, é apenas o início do que será uma dolorosa jornada.

    Quero terminar a crônica imaginando o que aconteceria se amanhã tivéssemos essa manchete em todos os jornais do mundo ( Dizendo que mediante aos acontecimentos, ao que parece, Cristo voltou essa noite).

   Se nessa noite de domingo, milhões de pessoas desaparecem, misteriosamente, o que você faria? Aquele amigo do trabalho, o professor da faculdade, e , de repente, essas milhões de pessoas aleatórias pelo mundo sumissem sem deixar pistas. Explicações das mais absurdas, teorias, enfim, o que você faria?

   


domingo, 9 de outubro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 


 RESUMO DA SEMANA.


Domingo.

Eleições.

Inúmeras pessoas indo às urnas eletrônicas depositarem os seus votos, firmarem as suas ideias, confirmarem convicções e propósitos. Carros, motos, camisas verdade amarelo, crianças nas ruas, idosos nas calçadas observando, sorrisos nos rostos que passam e retornam. De certo modo, pareceu tranquilo o curso do dia, pelo menos até o momento em que rabisco essas poucas palavras, não me chegou ao conhecimento de ocorrências graves. Direito e esquerda se movimentam, políticos e famosos também se identificam com os seus candidatos, cada um à sua maneira. Coloquei uma bandeira discreta no alto da minha janela.

O que será contado desse dia tão histórico?

Segunda-feira.

O céu azul não reflete o azul, está mais para um nublado tempestuoso com nuvens carregadas, o dia parece sombrio, de trevas pesadas. Do dia de ontem o que se pode contar? Foi histórico sim, não da maneira que imaginávamos, pois, o mesmo mostrou-se tenebroso, àquilo que o presidente sempre falou aconteceu, a fraude eleitoral está cristalina como água de nascente nova. Vejam... não é possível tal coisa. O que se pode dizer é que um misto de tristeza abateu-se nós semblantes de todos nós, de direita, patriotas. Mas, a luta não está perdida, o jogo ainda está correndo.

Terça-feira.

Da sacada da minha casa observo o movimento frenético de carros, folga, fim de tarde, descanso, dia de sossego. Embora tudo parece na mais tranquila paz, a verdade é que não está... Eu não estou conseguindo ficar em harmonia comigo mesmo, ainda que a face mostre normalidade, por dentro, existe um homem completamente descontrolado em todos os aspectos. Até quando este monstro interno ficar preso eu não sei, espero em Deus que ele não saia, que permaneça reclusa. Trabalho e política são os maiores desafetos que me levam ao delírio quase que automaticamente.

Quarta-feira.

Manhã ensolarada, dia calmo em suas primeiras horas matinais, café aromático com sua fumaça bailarina, o cantar dos pássaros do lado de fora da casa. É um belíssimo começo de manhã, quisera eu poder arrastá -lo no decurso do dia, porém, sei bem que não posso fazê-lo, tenho que aceitar os acontecimentos como são e da maneira que surgem. Logo mais terei que trabalhar, período da tarde, mercado movimentado, poucos funcionários, a mesma agonia de sempre, era para eu estar acostumado, mas não estou. Quando as novidades no meio político, não todas previsíveis, alianças, apoios... Tudo ainda é incerto.

Quinta-feira.

Os dias estão passando rápido como nunca antes, o sol surge no horizonte, os ponteiros correm frenéticos, escalando horas sem que percebamos. Os afazeres em que nos ocupamos são tantos que não conseguimos dar conta de tudo. Família, filhos, escola, casa, trabalho, enfim, nestes pequenos universos existem outros ainda maiores, que os engolem como a sombra de uma nuvem passageira O cenário político caminha rumo ao segundo turno, candidatos buscando apoios, do contrário também acontece. Já é sabido de todos que houve fraudes, quem a arquitetou fez um péssimo trabalho, estamos na esperança que nosso exercício em breve tome as providências.

Sexta-feira.

Dia instável, momentos de sol, seguido de nuvens pesadas, frio, vento, talvez uma possível chuva mais tarde. É dia de feira na rua de casa, movimentação frenética de transeuntes buscando frutas, verduras e barracas de pastel. Muita movimentação e pouca conversa, comparado com outros momentos eu diria que a feira está tímida, pelo menos nessas primeiras horas. O cenário político continua o mesmo, desinformação, ataques daqueles que se dizem defensores da democracia, mas, na verdade, fazem justamente o contrário. Demonizam o bem, santificando o mal. Todos os cidadãos de bem, que conhecem que a luta é espiritual, estão despertando para lutarem espiritualmente contra as forças das trevas.

Sábado.

O dia se inicia calmo, pouco movimento de carros, algumas pessoas nas ruas, no entanto, é apenas momentâneo, logo mais o monstro que é a cidade despertará com os seus longos braços e pernas, engolindo e destruindo tudo. Terei que trabalhar daqui a pouco, ontem tive folga referente ao feriado, o que não significa nada, não muda coisa nenhuma, o cansaço e insatisfação são os mesmos. O cenário político do país é uma caixa de surpresas, não dá para conjecturar nenhum cenário, todos são possíveis e impossíveis de acontecer. Termino a crônica da semana dizendo que, esperar, crer, acreditar, é isso o que devemos fazer.

   

domingo, 25 de setembro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 


    MITO DE SÍSIFO.


    Por esses dias, ou meses, pensei muito no mito de Sísifo, acho até que me tornei no próprio. Se você nunca ouviu falar de Sísifo, permita-me apresentá-lo de maneira resumida.

    Sendo assim.

    Um dia, Sísifo viu a bela Egina ser sequestrada por uma águia a mando de Zeus. ( Vamos combinar, esse Zeus é o tipo de divindade que não podia ver um rabo de saia, mas... Voltemos à história ). Egina era filha de Asopo, deus dos rios, que estava muito abalado com o sumiço da filha. Vendo o desespero de Asopo, Sísifo pensou que poderia tirar vantagem da informação que tinha e contou-lhe que Zeus havia sequestrado a moça. Mas, em troca, pediu que Asopo criasse uma nascente em seu reino, pedido que foi prontamente atendido. ( Nada bobo esse Sísifo, essa história de tirar vantagens de certas situações ou informações é mais antiga do que se pensa).

    Zeus, ao saber que Sísifo havia lhe denunciado, ficou furioso e enviou Tânatos, o deus da morte, para levá-lo para o mundo subterrâneo. Mas, como Sísifo era muito esperto, conseguiu enganar Tânatos ao dizer que gostaria de presenteá-lo com um colar. Na verdade, o colar era uma corrente que o manteve preso e permitiu que Sísifo escapasse. ( Espertinho esse Sísifo ). Com o deus da morte aprisionado, houve um tempo em que mais nenhum mortal morria. Assim, Ares, o deus da guerra, também se enfureceu, pois a guerra necessitava de mortos. Ele então vai até Corinto e libertou Tânatos para que conclua sua missão e leve Sísifo para o submundo. ( Olha a merda ). Sísifo, desconfiando que isso pudesse ocorrer, instrui sua esposa Mérope a não lhe prestar as homenagens fúnebres, caso ele morra. Assim foi feito.

   Ao chegar ao mundo subterrâneo, Sísifo se depara com Hades, o deus dos mortos, e lhe conta que sua esposa não havia lhe enterrado da maneira adequada. Então ele pede a Hades que volte ao mundo dos vivos apenas para repreender a esposa. Depois de muito insistir, Hades permite essa visita rápida. Entretanto, ao chegar no mundo dos vivos, Sísifo não retorna e, mais uma vez, engana os deuses. ( Esse Sísifo... Olha! digo nada viu ).Sísifo fugiu com sua esposa e teve uma vida longa, chegando à velhice. Mas, como era mortal, um dia foi preciso retornar ao mundo dos mortos. ( A conta chega meu rapaz).

    Lá chegando, se deparou com os deuses que havia ludibriado e então recebeu uma punição pior do que a própria morte. Ele foi condenado a realizar um trabalho exaustivo e sem propósito. Teria que rolar uma enorme pedra montanha acima. Esse é o mito, e como sabemos, uma vez a pedra no topo da montanha ela era rolada novamente para baixo, e Sísifo foi condenado a refazer a mesma tarefa, eternamente.

       Mitologias apartes. 

      Às vezes, eu, você, nos sentimos exatamente assim como Sísifo, condenado a realizar trabalhos exaustivos, e, a princípio, sem propósito nenhum, rolar pedra acima para vê-la desabafar. De repente, o meu e o seu trabalho traga essa sensação de não existencialismo, confesso que por muitas vezes me senti assim, um tipo de Sísifo. Trouxe essa história na crônica deste domingo para dividir com os leitores esse momento, essa sensação de esquecimento. Contudo, como dizia um amigo, Padre Francisco: "Tudo passa Tiago, nada dura para sempre". Os gregos, por costume e cultura, espelham suas angústias e mazelas da vida em histórias ficcionistas de, "supostos" deuses, tão humanos e problemáticos quanto eu e você. 

Espero, com toda esperança e fé que realmente passe essa sensação Sisifiana, se é que posso chamar assim, afinal, ( Tudo passa, só o amor de Deus com "D" maiúsculo permanece.

  


   

MOSAICO DE SENTIMENTOS NUS.

      As janelas do castelo estavam abertas, escancaradas ao público de modo que era possível ver dentro do próprio reino.      Nos recôndit...