domingo, 8 de agosto de 2021

CRÔNICA.

 AMOR LITERÁRIO. 


   O primeiro presente de que tenho lembrança de ganhar é de uma caneta esferográfica, cor vermelha, na época era um presentão. O meu avô materno foi quem me deu. Amei-a tanto que comecei a rabiscar imediatamente, rascunhando em uma folha de papelão o esboço do que seria as minhas primeiras letras e desenhos. Não sei dizer o motivo que fez o meu avô presentear-me com uma caneta, fato é, que aquele simples objeto era algo extraordinário para mim. Nascia ali o amor pela escrita. Rabisque quase tudo, de papéis velhos a paredes, o que é claro deixava a minha avó muito irritada, essas e outras eu aprontava na casa dela, porém, ela nunca deixou de me incentivar e elogiar os meus garranchos.  

  Talvez a explicação para amar as palavras venha da minha mãe. Quando eu ainda era formado em seu ventre, ela passava horas e horas lendo vários livros, 'Sabrina' entres outros, de autores americanos, literatura de banca de jornal. Essa identidade literária foi passada para mim geneticamente. Quando ainda criança, um dos meus estranhos hábitos era o de comer jornal — é isso mesmo caro leitor — eu devorava jornais, tinha fome pelas palavras, literalmente. A paixão se intensificou quando fui para escola e descobri a beleza de ler e escrever. 

  Quando me mudei de Minas para São Paulo, um retorno para casa dos avós, descortinava-se um mundo novo diante de meus curiosos olhos. A escola, o colegial, a cada aula, a paixão pela literatura transformam-se em amor. Eu já ensaiava os meus primeiros versos nessa época, descobri Castro Alves, Fernando Pessoa, José de Alencar, Machado de Assis. Foi com esses gênios que o amor pela literatura e pela palavra escrita criou raiz na minha alma. Nascia os meus poemas embalados por Pessoa, também Álvares de Azevedo. Eu desejava ser como eles, imitá-los verso a verso. Ainda guardo alguns poemas. Versos simples, quadras rimadas, sonetos… Enfim, a cada poema eu queria mergulhar um pouco mais fundo. 

   Recentemente, ao fazer uma visita à casa de minha mãe, entre uma conversa e outra, lembrando de alguns momentos do passado, ela recordou-se de que havia guardado o meu primeiro caderno de poemas. Evidentemente eu não poderia deixar de implorar-lhe para trazê-lo aos meus domínios. Ela justamente estava esperando o momento certo de devolvê-lo. O caderno, na verdade, um livro ata, de duzentas folhas, está repleto de incontáveis poemas e pequenos textos, uma verdadeira pérola. Alguns dos poemas daquele livro foram reescritos em meus livros, outros ainda não foram retrabalhados. Desejo ainda extrair dali outras pepitas preciosas. 

   A literatura é o grande amor da minha vida e sempre será. Escrever é como respirar e comer, não consigo viver sem. Tenho alguns títulos publicados no Clube de Autores. Entre Romances, Contos, poemas, uma novela policial. Na gaveta tenho dois romances, um livro de contos e um de poemas. Todos esperando o momento certo de serem publicados. 

   Também em curso de escrita está a minha segunda novela. Talvez eu o termine ainda esse ano, não tenho pressa na escrita. Já tive muita pressa e afobamento no passado, hoje sei o quão essencial é saber usar o tempo a seu favor. A gaveta e o tempo são necessários para mim. Assim como o vinho ganha qualidade com o tempo, também as palavras.



( T. P )


segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Mini conto 4

 CONSIDERAÇÕES. 


É algo estranho, difícil de explicar, no exato instante em que estamos juntos, a impressão é de estarmos distantes um do outro; quanto mais nos conhecemos, menos conhecidos somos. É explicar o inexplicável, é entender o não entendido. O amor é tudo, um pouco mais do que tudo, e ainda não alcança uma gota do que realmente é. Por tal motivo não aconselho aos corações juvenis a paixão nem o amor, talvez amar seja correr riscos desnecessários, talvez esse sentimento seja cruel e impiedoso, esmagador de todo e qualquer coração que a ele se dedique. É algo estranho, insano, insensato, a loucura do prazer absoluto. A vida calma e tranquila que pensamos ter, inverso de uma existência agitada, termina quando começamos a amar, quando finalmente nos deparamos com o amor. Esse amor cujos olhos encontram-se eternamente vendados, deverá, mesmo sem a sua visão, encontrar rumos para os seus desejos? Talvez o amor seja uma fumaça que se eleva com o vapor dos suspiros, ou seja, um oceano nutrido de lágrimas dos amores proibidos. O que mais é o amor? Diga-me você. O que é o amor? Talvez a mais discreta das loucuras, um fel que sufoca, ou doçura que preserva. Sei apenas que este sentimento é coisa estranha, da qual ninguém compreende, mesmo pensando compreender tudo não o alcança. Somos alvos fáceis das flechas envenenadas do amor, guardadas por um cupido mórbido, sombrio e sem razão. As grandes emoções oriundas da alegria ou dor, exerce tal peso sobre nós ao ponto de nos esmagar no primeiro momento, paralisando todas as nossas forças no mesmo instante. 

São apenas considerações deste poeta sem nome. 

Este décimo sexto dia foi calmo, o beija-flor, no entanto, aquele mesmo de outrora, retornou no primeiro luzir da aurora, junto a mim, está. Escrevo o que a alma dita no silêncio da noite, e nos enigmas de cada dia, vou me revelando em cada linha ocultamente indiscreta. Não tenho muito a dizer, são apenas considerações. Lá está ela, vestida de preto, vestes curtas, seios fartos com o decote delineado a curva interna que se encontra e se espremem. As suas é de uma beleza indescritível, é jovem, bela, um beija-flor. Anita desfila sua beleza, os amigos de repartição a devoram com os olhos, é sempre assim, sempre a mesma coisa. Depois vêm a traição, a vítima escolhida, sexo, bebidas, esquecimento. No dia seguinte nada mais importa. Lembro-me de um tempo em que Anita era apenas minha, hoje, ela é de todos e de ninguém ao mesmo tempo. Lá está ela, a viúva negra, seduz suas vítimas, e após saboreá-las, e de devorá-las, as envenenam e a deixa morrer. De alguns nada restou, quanto a mim, sou apenas parte de seu passado, sou palavra jogada ao vento, considerações.


domingo, 1 de agosto de 2021

Mini conto 3

 A CIDADE DORME.


A segunda-feira se faz calorosa, corrida, cheia de compromissos aqui e acolá, de um lado a outro, quase sem tempo para nada. O coração inquieto, pedindo sossego, descanso, calmaria, alento, mas, o que tenho senão inquietação de uma alma atordoada, ferida, manchada e sem desejo nenhum.

A segunda-feira, como eu já imaginava, surgiu cheia de contratempos, e logo nas primeiras horas após o café enfrentei o trânsito, xingamentos dos motoristas, filas, estacionamentos lotados, enfim, um pouco de tudo em apenas um único dia.

É a segunda-feira pulsante, Itavuvu congestionada, obras a passos de tartaruga, a cidade pede socorro, grita, urge… Somos todos cegos.


— No mercado Já cedo seu Benedito.

Disse o guarda.


— Vida de aposentado é dureza meu filho, pensa que é fácil, não ter nada para fazer… É dureza meu camarada.


Lá foi seu Benedito fazer a feira do dia.

Os dias têm sido assim, um amontoado de acontecimentos, aventuras e desventuras que nos deixam malucos. São tantas coisas a serem feitas em tão escasso tempo que fica essa sensação ruim, esse sentimento de impotência. Entre um compromisso e outro, no quase escasso tempo, rascunho a minha porção diária na mente, logo a esqueço.

Quisera eu ser como seu Benedito. Aposentado, tranquilo, mas, os dias são outros, as leis também.

O sol está forte agora, calor intenso, hoje vai ser mais um dia daqueles em que no final da tarde o mundo desaba em água…


A noite surge ligeira, uma brisa suave e quase fria sopra do norte, o céu está repleto de estrelas cintilantes, dançarinas do escuro véu. O meu coração bate apertado, está dolorido, e a causa principal dessa dor… Sim, é o beija-flor; aquele mesmo de outrora. Lembro-me com o coração aos pedaços, desfeito em saudades. Talvez o beija-flor volte, talvez não, espero que retorne logo, embora a razão venha a me contradizer.

O restante da noite seguirá o seu curso, correria e correria dos seres noturnos, nada, além disso, ao final, tudo se acalma novamente, e finalmente reinará momentâneo silêncio.

A cidade dorme agora para este poeta sem nome.


CRÔNICA DE DOMINGO.

 ILUSÕES PERDIDAS.


Olá, amiga!

Perdoe-me por incomodá-la, ainda que seja através das perecíveis palavras de uma crônica, página quase não lida nos jornais, desejo do olhar alheio de poucos.

Estou em um refúgio... O conheces bem... Lembra-te da nossa infância? Certamente recordará do lugar que descrevo.

De onde estou agora, bem a minha frente, cercada de grandes árvores, no deitar de uma harmoniosa tarde, quase toscana, em uma casa à beira de um riacho, eu escuto o som de uma música pra lá de brega.

Talvez seja um churrasco de despedida do Domingo que se desfaz em pedaços melancólicos. Talvez algum escravo do sistema, operário da servidão mundana, extremamente angustiado por saber que no outro dia se ocupará da laboriosa tarefa de fazeres universais tão odiosos, buscando na bebedeira a razão para não ter emoção. Assim como nós fizemos em muitas das vezes, 'lembra', quando ficávamos na expectativa do dia de amanhã, que nada mais seria a mesma coisa de todos os outros dias, sem nenhuma novidade que embale o coração. 

Embora... Para essa que vos escreve, vê-la, ouvi-la, torna-se uma satisfação completa. Quantas saudades tenho de ti.

Mas... Estamos presas em nossos mundos de fantasias literárias, ilusões perdidas.

Não somos o que gostaríamos de ser, na verdade, nos tornamos o que mais repudiavam, justamente o objeto de nosso ódio completo. A vida é assim, andando sempre na contramão dos nossos sonhos para sobreviver na expectativa de alcançar o inalcançável.

Sei que como eu, você também se detém nas amarras indestrutíveis do ofício à qual nos prende em ordenanças bestiais por diferenças desconexas à realidade que as cercam. Aqueles que conhecem o sistema geralmente são desprezados, destituídos e envergonhados, simplesmente para alimentar egos vazios dos que pensam saber. O mundo clama por gritos ferozes de liberdade minha pequena rainha, quando na verdade o que ele tem são peidos secos.

Sei que estou exagerando hoje minha amiga, isso não é novidade para você não é mesmo. Espero não estar sendo enfadonha contigo meu bem, às vezes, não consigo controlar os meus pensamentos e impulsos, minhas insanidades, a prosa que verte do meu pálido coração. Quando estou em crises internas, é você a única a me compreender e que me ama mesmo em face de meus erros. Amando a escrita como eu amo, compreende o que se passa nos recônditos mais ocultos de meu coração.

Mais uma vez estou fugindo da realidade, era para ser outra crônica qualquer, porém, emoções roubaram toda minha razão, entreguei-me a emoção de jogar o coração no papel. Estou tranquila quanto a isso, o Tiago me compreende bem, embora ele não a conheça ainda, sei que quando a conhecer, vai se impressionar com a candura e pureza que veste sua alma.

Estou ainda engatinhando no campo das crônicas, relatei muito com o Tiago em aceitar fazer parte de seu projeto, mas, ele me convenceu é aqui estou, é ótimo um poeta, conhece bem as palavras e as sabe usar bem. É um projeto para este ano unicamente, eu já participei de outros trabalhos em seus livros, ( poesias ), de crônica é o primeiro e único, eu acho.

Despeço-me sem mais delongas caríssima, espero vê-la logo, talvez trabalharmos juntas em algum projeto maluco.



( L. B )


sexta-feira, 30 de julho de 2021

MINI CONTO 2.

 PONTO FINAL.



Mercedes acordou cedo, levantou trôpega devido ao efeito dos remédios que tomava para dormir, naquela madrugada estava mais fria do que a dos dias anteriores. Lavou o rosto às pressas na água gelada, vestiu o roupão e foi direto para a cozinha fazer o café do esposo, que levantou logo depois, tomou um banho rápido para despertar, trocou-se, colocou o uniforme da empresa na bolsa, pegou carteira, chaves, o crachá.


- Vem logo Everaldo, o café já está pronto. Gritou da cozinha.


- Estou indo mulher, espera.


Na mesa, alguns pães, mortadela, queijo. Everaldo colocou tudo no pão, encheu a xícara de café, comeu apressadamente, o horário estava apertado. Mercedes estava incomodada com a pressa com que o marido comia.


- Come devagar homem! Desse jeito nem sente o sabor das coisas direito.


-  Quer que eu perca o ônibus?


- Vai de carro ué.


- Não.


- Qual o problema?


- Já fui três vezes essa semana. E hoje é sexta-feira, você sabe como fica o trânsito, nem pensar que vou de carro.


Everaldo nem bem terminou e saiu apressado, a mulher que teve que fechar o portão. Um aceno discreto, logo sumiu na esquina. Foi ele chegar ao ponto e o ônibus encostou, entrou e foi direto à última poltrona, derramou o corpo no estofado do ônibus, nem bem o veículo saiu e já roncava encostado ao vidro. Aquele seria um dia importante, pois na próxima semana seria a última de trabalho, a aposentadoria chegou antes do esperado. Everaldo estava eufórico, ansioso. 

O ônibus chegou na firma às cinco e meia em ponto, encostou próximo ao restaurante, todos desceram, com exceção dele. Incomodado o motorista foi acordá-lo. 

Chamou uma, duas, três vezes e nada, balançou Everaldo duas vezes. Chamou novamente, duas, três, quatro vezes, nada… Everaldo não acordaria mais.







quinta-feira, 29 de julho de 2021

Mini Conto.

 SINAL VERMELHO.



É manhã, sol ameno, pouco vento, a Edward Fru-Fru está movimentada. Apenas algumas pessoas apressadas na calçada, veículos parados em um congestionamento enorme, é mais um dia eufórico na cidade de Sorocaba. Bernadete está quase a correr pela calçada, desesperada por chegar na escola de cursos profissionalizantes. Os seus pensamentos tumultuosos perambulam pela cabeça enquanto ela caminha a passos largos, desviando dos buracos no calçamento, vastas emoções e pensamentos imperfeitos.

Os dias são de trevas, de violência presente em todos os lugares e assaltos à luz do dia. De cara limpa e peito aberto os bandidos estão cada vez mais ousados, assaltam em ponto de ônibus, supermercados, em todos os lugares, machucam as pessoas, matam sem piedade. Por esse motivo Bernadete desceu no ponto mais próximo possível da escola, 'QualiMoura Cursos', na maioria das vezes que ela vai de ônibus não leva a carteira e nem o celular, um justificado excesso de prudência, tendo em vista que o seu destino fica há pouco mais de trinta metros do ponto de ônibus. Bernadete vai a passos largos, olhando de um lado para outro, desconfia de tudo e todos.

Não demora e chega ao seu destino.

A escola está vazia, são sete e meia da manhã, ela é uma das primeiras alunas a chegar. Está cursando gestão da qualidade total, um bom curso, uma junção de outros quatro; metrologia, qualidade, desenho mecânico, auditor ISO. Exigências da maioria das empresas da cidade.

Verdade seja dita, embora a escolha seja boa, Bernadete não simpatizou com o curso, mas… Desempregada (ou melhor), disponível no mercado, não está na posição de fazer escolhas, por isso ela busca as mais variadas opções possíveis, e é claro, atirar para tudo que é lado faz parte da sua estratégia.

Os demais alunos começam a chegar, passos curtos, preguiçosos, a maioria cabisbaixa, indiferentes. Aglomeram-se próximos a secretária, eles permanecem cabisbaixos, silenciosos. De repente, distraem-se com os seus celulares nas mãos e fones nos ouvidos. São poucos os que se dispõe a trocar algumas palavras com Bernadete, um e outro que perguntam qualquer coisa sem importância.

Bernadete é tímida, continua em seu canto, o mais próximo possível da sala de aula, apenas observando todo o movimento. Uma nova arremessa de alunos começa chegar - em cima do horário por sinal - a escola antes vazia agora está quase sem espaço. Aos poucos cada aluno procura a sua classe, um a um vão saindo, ainda cabisbaixos e com os seus celulares nas mãos, procurando por sua tribo e seus caciques. Quando o relógio marca oito horas em ponto, toca o sinal da escola, um barulho enjoado que machuca os ouvidos. Bernadete e demais alunos buscando cada um seu lugar de sempre. Bernadete, bem no canto da parede. 

A professora chega logo em seguida, é dia de prova, temida prova de desenho mecânico. Bernadete está confiante quanto ao seu desempenho…

Prova nas mãos, coração acelerado, depois de uma breve leitura e releitura das questões propostas, ela começa respondendo cada uma delas, com muita calma e usufruindo sabiamente de todo o tempo disponível, depois de responder tudo, 'ainda com tempo de sobra' faz uma última correção antes de entregar. Quando finalmente entregou a prova, a professora corrigiu na mesma hora, o coração em descompasso novamente. Veio a primeira notícia, 'boa notícia', tirou dez, depois veio a segunda boa notícia; a professora lhe disse, "Pode ir embora, está liberada Bernadete". 

Ela não perdeu tempo, foi apressadamente para o ponto de ônibus enfrentar mais uma parcela do suplício das esperas intermináveis, saiu novamente quase a correr, queria chegar logo em sua casa, na segurança de seu lar. 

De tanta pressa, e tão assustada que estava com alguns jovens que estavam fumando e bebendo na esquina próxima, ela atravessou a rua sem prestar atenção, o sinal estava vermelho, veio uma parati, não houve tempo de se esquivar, nem do carro frear… 

E o dia se foi, Bernadete... Também se foi...


domingo, 25 de julho de 2021

Crônica.

 LUGAR NENHUM.


Caminhos que não levam a lugar nenhum. Políticas que não resolvem a vida de ninguém.  O homem e suas manias de grandeza, de querer ser e ter além do que pode compreender e dominar, foi assim no começo e sempre será - Embora pensem dominar a opinião alheia, porém, enganam-se quanto a isso. 

O desejo oculto no coração político é desde o princípio exageradamente equivocado e egocêntrico, sempre sujeito a nefasta opinião de outros é outros, sempre corrompendo e sendo corrompido até quando não pode mais. 

Caminhos tortuosos, cansativos por vezes, pedras que durante a jornada machucam os pés - não os deles, e sim o do povo. 

Vivemos em calabouço de ossos, nossas almas desesperadas buscam a própria sobrevivência entre as migalhas que caem de suas mesas, mas, neste plano terreno, tão inferior, não existe redenção e nem redimidos. Somos o que somos, fantoches nas mãos dos mandatários.

Os meus pensamentos e sentimentos, todo o meu ser, enfim, minha existência completa se faz minúscula nesse mundo de políticos caducos e arrogantes. O tempo, nosso tempo,  revelou-se com indesejáveis correntes presas em nossos pés, estamos presos por impostos inexplicáveis criados por vampiros. No presente, preso ao passado, desejando o futuro que nunca acontecerá. 

Não somos nada, somos tudo em todos de nós. Passado, presente, futuro, a mesma coisa no mesmo lugar acontecendo simultâneamente sempre do mesmo jeito. Estou cansado de políticas mentirosas e sem sentido.

Vejo e sou um entre pessoas apressadas todos os dias. É sempre assim, certas coisas parecem não mudar nunca. Corremos atrás do vento, buscamos o que não sabemos ainda. A humanidade está em pleno declínio, silencioso abismo que se abre diante de nossos pés, engolindo suas muitas vítimas nas profundezas do esquecimento eterno. 

Sei… Nada parece fazer sentido em nosso parlamento de marionetes, concordo em partes, realmente olhando de uma única perspectiva, nada parece fazer sentido. Os últimos anos tem sido assim, acontecendo sem sentido, correndo aleatório nos trilhos dos dias. Um após o outro, ponteiros que nunca param… Tic, tac, a hora é agora. 

Amanhã será um novo dia, novas oportunidades, novos momentos?

Quem sabe?

Embora, para muitos, é apenas a continuidade do suplício do dia anterior. Quantas vezes ensaio a desistência, mas a sorte… Bom, ela sempre se esquiva de mim. Sou apenas um no meio dessa multidão de controlados. Um dia qualquer, uma tarde qualquer, sol se pondo, na esquina não sou ninguém; mais um na multidão de anônimos de nossa redação.

Às vezes fico confuso, indigesto. Escrevo palavras que raramente são lidas, palavras nas páginas do jornal, esquecidas nas bancas, deixado de lado. Não lido nos blogs.

Voltando a política... 

Não há muito o que dizer... CPI que parece mais uma piada, um circo. Se vai ter resultado não sei, no entanto, é até engraçado assisti-los, debatendo temas com convidados pra lá de irritantes. Acusadores que também são acusados, caluniadores que também são caluniados. Como dito no início da crônica: "Caminhos que não levam a lugar nenhum". 

( A. L )


CRÔNICA DE DOMINGO.

      UM PÁSSARO EM MINHA JANELA.     Um pássaro pousou em minha janela.     Quisera eu ter a paz e a tranquilidade da pequena ave que pouso...