sábado, 3 de dezembro de 2022

Crônica de domingo.

 



INSPIRAÇÕES DO CLAUSTRO.


   PARTE  FINAL.


   A primeira impressão que eu tive do seminário foi arrebatadora, todo o conjunto arquitetônico era de uma beleza sem igual, em cada detalhe, cada tijolo,  tudo era magnífico. No seminário de Arujá fiquei em um alojamento pequeno, por nome, cela. Um pequeno quarto, uma cama, banheiro, e um guarda roupas igualmente pequeno, tudo compacto e simples. A casa maior, ou, seminário maior, era um prédio extenso, de quatro andares. Onde também havia salas de aulas e todos os alojamentos.

 No dia seguinte, fomos despertados às seis da manhã, era regra, igualmente no exército, tínhamos que fazer a barba todos os dias, deixar a cama arrumada e lençóis dobrados. Feito isso, íamos para a capela, fazíamos as orações iniciais, logo em seguida era a missa, toda em latim, para somente depois desfrutarmos do café da manhã. Tudo era feito com ordem e decência. Era como se fossemos pequenos soldados.

   Inicialmente, a formação obedecia o seguinte rito. Começava com o candidatado, com duração de três meses. Depois o noviciado; foram dois anos de formação em humanidades, em Arujá ou Curitiba. Concluído esse período, o seminarista teria que viajar para fora do país, provavelmente Espanha, em Salamanca, onde se formaria em Filosofia. Passada essa fase, o seminarista era direcionado para Roma, na Itália, ali teria a fase final, cinco anos de estudos e formação teológica. Basicamente, esse é o cronograma para formação sacerdotal do legionário. 

   Eu não passei da primeira fase, no qual abrangia os três meses iniciais. Embora eu os tenha concluído, não tive autorização para continuar. Os padres me disseram que eu deveria voltar para minha casa e repensar e voltar depois de um ano, caso ainda tivesse certeza da vocação, um ano depois poderia retornar. Na época eu morava com a minha avó, ainda não havia concluído o terceiro colegial. Eu tinha convicção da minha vocação, não compreendia a negativa deles.

   Aceitei, triste é claro, mas não havia o que fazer. Retornei para casa da minha avó, dela, recebi o abraço e o olhar acolhedor de quem sabia que por detrás daquele rostinho cabisbaixo tinha um coração machucado. Os amigos fizeram mil piadas, tive que aguentar tudo. A vida voltou ao seu normal no início daquele ano, escola, trabalho, aos poucos eu fui compreendendo que realmente eu deveria me reavaliar. É claro que foi uma ótima experiência de vida, os ensinamentos que tive, as aulas, as amizades, está tudo no cofre do peito. Agradeço a cada um dos que fizeram parte da minha vida naquele período tão maravilhoso.

   A minha vida seguiu por trilhos bem diferentes depois do seminário. Um ano após ter voltado, eu mudei de religião, o retorno ao seminário jamais aconteceria, mas, os ensinamentos que tive levo-os para a vida toda, ainda nos tempos de hoje lembro-me da oração do pai nosso em latim. A nova religião não me afastou de ninguém, nem me mudou, pelo contrário, continuei com os mesmos amigos nos círculos católicos. A minha mãe é ministra na igreja católica, assídua frequentadora, minha avó também. A vida seguiu o seu curso, tenho apenas que agradecer por tudo. Que o altíssimo abençoe grandemente cada padre, amigos, seminaristas que nunca mais vi. Tenho-os em meu coração, e uma saudade que não cabe no peito. Eu poderia estender essa crônica por muitas outras semanas, contando detalhes das vivências, das descobertas, dos micos e coisas engraçadas que ocorreram, porém, vejo por bem terminar por aqui, quem sabe em outra oportunidade eu volte a falar dessas, aventuras e desventuras desse que vos escreve.

    ( Ut benedicat tibi Deus omnia. )


domingo, 27 de novembro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 



INSPIRAÇÕES DO CLAUSTRO.


   PARTE 2.


   A van estacionou em frente a casa da minha avó, era o fim de tarde do domingo, o relógio escalava as horas enquanto o sol declinava no horizonte, ficando os últimos lampejos. Minha tia foi quem me chamou, dizendo que os padres haviam chegado, eram dois rapazes bonitos e altos, disse ela. Eu terminei de revisar minha mala, estava muito ansioso. Os dois padres desceram as escadas que davam acesso a casa da minha avó, que ficava ao fundo. Eles estavam descontraídos, risonhos e alegres, como da primeira vez em que vieram me visitar. O meu coração batia em descompasso, lá no fundo da minha alma despontava uma fagulha de medo e incerteza, de repente, eu poderia estar me precipitando, porém, tratei de sufocar aquelas ideias insanas no calabouço da mente.

   "Pronto para uma nova jornada em sua vida?Essas foram as primeiras palavras do padre Juan, "Sim, claro", respondi, repetidamente, entre sorrisos tímidos. Na casa da minha avó estavam presentes minha mãe, prima, tia, tio, enfim, uma galera. Depois de alguns minutos de conversas, peguei a mala, me despedi de todos, lágrimas e abraços. Ganhei a rua, para minha surpresa, todos os vizinhos saíram na calçada para um último aceno ao jovem que pretendia dedicar sua vida ao sacerdócio e serviço a Deus. Meio que sem querer, escutei de algumas colegas, que ali figuravam entre os vizinhos, os dizeres do tipo: " tão novo e vai ser padre", e, "nossa, que desperdício". Não dei atenção para aquelas palavras, porém, nunca as esqueci.

   Seguimos viagem rumo a cidade de Arujá, eu estava ansioso para chegar, imaginei que era logo ali, como fui ingênuo, era um trajeto cansativo, tornou-se mais por não conhecê -lo. Lembro-me apenas da rodovia presidente Dutra, o relógio escalou lentamente as horas, aos poucos o nervosismo foi passando, a mente trabalhando enquanto refletia na minha decisão. Em determinado momento, a luz do sol declinou no horizonte, a escuridão estendeu os seus longos braços, as estrelas cintilavam no céu, eu não sabia exatamente onde estávamos. De repente, saímos da rodovia e entramos em uma rua de terra, estreita, caminho tortuoso, com subidas e descidas, ladeado por matas densas de ambos os lados.

   Confesso que fiquei com medo, pensando onde estaria me levando, foi quando então a luz do veículo se deparou com um grande portão de ferro fixado em duas colunas de tijolos vermelhos. A parte de dentro era toda em pedra, semelhante a ruas de algumas cidades históricas, lajotas de pedras em formato hexagonal. O caminho tinha uma leve subida com uma curva acentuada à direita. Um dos padres abriu o portão, entramos, o meu coração voltou a bater descompassado, quando o veículo terminou a subida virando a direita, descortinou-se diante dos meus olhos o seminário Legionários de Cristo. Embora a noite, as luzes, a capela principal, o restaurante, os aposentos dos novatos, recém chegados, como eu, havia outro complexo maior onde ficavam os seminaristas. Fiquei maravilhado com o que se desenhava diante dos meus olhos. Entramos no refeitório, eu e os dois padres fomos servidos com uma pequena refeição servida por outro padre, afinal, não havíamos jantado. O passo seguinte foi me levar até os meus aposentos. Eu finalmente seria um padre, pensei.


   

domingo, 20 de novembro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.




 INSPIRAÇÕES DO CLAUSTRO.


   PARTE 1.


   O ano não me lembro com exatidão, talvez 1997, possivelmente isso. Na época eu estava no colegial, segundo ano, provavelmente, perdoe-me a terrível falta de memória. Na ocasião eu estudava na escola Honorina Rios de Carvalho Mello, uma boa escola, com professores excelentes, uma diretora linha dura como costumávamos chamar, Fernanda era o nome dela, sempre atenta a todos os detalhes. A escola ficava na cidade de Alumínio, bairro progresso.

    Naquele momento singular da minha vida, na aurora dos meus dezesseis anos, descortinou para este que vos escreve, a religiosidade. Imagino que por influência da minha mãe e avó, sempre de bíblia e terço nas mãos. Nunca fui um adolescente inclinado para bagunças, rebeldias ou qualquer coisa do tipo. Desde os onze anos que passei a morar com o meu avô, minha vida era escola e trabalho, uma educação quase militar do meu avô me direcionou para os movimentos religiosos do catolicismo da época.

     Aos poucos, o desejo eclesiástico foi aflorando dentro da minha alma, como uma semente que nasce e vai crescendo lentamente, assim foi o desejo pelo sacerdócio católico dentro da alma. Era o que eu queria naquele momento, foi tão forte que eu não consegui segurar. Falei com os meus avós, na época eu morava com eles, contei-lhes das minhas intenções religiosas. No primeiro momento ficaram sem entender, duvidando eu acho, adolescente ainda, parecia muito precoce para ter tais inclinações. É claro que havia outros desejos trancados na caixa do peito " mais tarde falarei deles". Comunicado a todos, comecei a procurar por um seminário. Redentoristas, Carmelitas descalços, seminário diocesano de Osasco, por fim, meio que ao acaso, encontrei um que me agradou demais. Legionários de Cristo na cidade de Arujá, um belíssimo seminário com uma estrutura excepcional.

  Feito os primeiros contatos, as conversas iniciais, agendei com os padres uma visita em minha casa, que foi muito agradável e produtiva, na época eu morava com os meus avós, na cidade de Alumínio, vila Brasilina. Como dito anteriormente, eu deveria ter meus dezesseis, se não me falha a memória, estava no colegial, trabalhava meio período no supermercado do meu tio, a expectativa de um mundo novo tomou conta de mim. Semanas depois, veio uma carta dos padres aceitando minha admissão no seminário, mandaram a lista do que eu precisava, roupas, camisas, calças sociais, enfim, tudo deveria de ser identificado com as iniciais do meu nome. O dia de ir embora para a nova vida, 'religiosa', se aproximava, eu já respirava ares de um seminarista, os meus familiares começaram a levar a sério a minha decisão, a minha avó, católica assídua, integrante da legião de Maria, era uma felicidade só. Os meus pais, na ocasião, residiam Minas Gerais, devido a essa minha decisão, resolveram mudar para São Paulo, chegariam antes da minha partida.

     A minha família, na grande maioria católica, teriam um membro padre, eram as rezas de minha vovó e mãe sendo atendidas, diziam alguns primos. Mamãe havia chegado de Minas, não se cabendo de alegria, abraços e beijos no seu "futuro padre". Comecei a organizar as camisas brancas, calças sociais pretas, cuecas, meias, toalhas, tudo pronto e identificado, mala feita. Era o final de ano, figuravam os primeiros dias de férias. Uma vez no seminário, dando tudo certo, eu faria o terceiro colegial na escola do próprio seminário. O dia chegou, os dois padres que vieram me visitar anteriormente, retornaram, estavam prontos para levar o adolescente desejoso em retornar como padre, vieram em uma Van. Despedidas, abraços, lágrimas. A face iluminada da minha avó e mãe, de uma alegria e orgulho que não cabiam nelas. Um último aceno, o adeus de um adolescente determinado a retornar como sacerdote. 


   

domingo, 13 de novembro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 


    GILMAR E CARLOS.


   — Olá! Gilmar! Quem diria... Você por aqui! Quem é vivo sempre aparece, tudo bem com você?

   — Ô! Carlos! Quanto tempo meu camarada! Foi você quem sumiu homem... não te vejo faz tempo.

   — Estou sempre por aí, perambulando, aqui, ali, e você? Está fazendo o que dá vida?

   — Depois que eu saí da empresa fiquei um ano parado, voltei a trabalhar não faz muito tempo, arrumei emprego em um supermercado faz dois anos, estou novamente exercendo a minha antiga profissão, açougueiro. E você... o que faz da vida? Aposentou ou ainda tá na ativa?

   — Quem me dera aposentar, faltam uns três anos eu acho, estou na mesma empresa, mesmo setor, função não mudou, o pessoal é outro agora, da velha guarda ficou eu e o Gerson.

   — É... O tempo voa caríssimo. Eu estou com o processo correndo contra a empresa, lembra? Já faz cinco anos nessa labuta interminável.

   — Caramba! Tudo isso? E a coluna? Me lembro que você operou, colocou parafuso, ou qualquer coisa assim... ainda dói muito?

   — Desde que eu fiz a cirurgia nunca parou de doer, essa é a verdade, às vezes menos, outras mais, a gente aprende a conviver com a dor. Quanto ao processo... você sabe, a justiça Brasileira nunca foi das mais rápidas, daí veio a pandemia, atrasou ainda mais o andamento, agora, política, sei não viu...

   — Nem me fale desse vírus maldito, peguei duas vezes esse raio, quanto ao processo, fica em paz, vai dar tudo certo, em breve você retorna na empresa.

   — Tomará amigo, tomará, embora eu não tenha lá muitas esperanças. Rapaz, você falando aí do vírus, e eu que peguei três vezes essa merda, depois de tomar quatro doses da vacina, não me adiantou foi é nada ter tomado tanta vacina, fiquei é todo ferrado.

   — É um exagero tanta vacina, tudo enganação, quantas pessoas não morreram depois que tomaram. A minha tia tomou as duas doses, não saía de casa para nada, pegou novamente e acabou falecendo, mas, parece que todo mundo esqueceu do vírus né, agora o único assunto é direita, esquerda, isso pode, aquilo não...

   — Bem isso amigo, no caso da vacina eu só tomei mesmo porque fui obrigado por causa do trabalho, eu também perdi um tio, o Carlinhos, que trabalhava na Grostal, lembra dele?

   — Sim, lembro, o homem era um touro, fazer o quê... É o sistema querendo equilibrar a balança do mundo.

   — E bem que avisaram por essa internet da vida, mas, ninguém acredita, acham que se fala demais, que é besteira, isso, aquilo outro, olha só, e não é que muitos tinham razão. 

   — O pessoal prefere dar ouvidos ao... você sabe quem, igual as pesquisas, onde já se viu, o cara estar com quarenta e tantos por cento das intenções de votos e não consegue juntar meia dúzia de desajustados... Já o da situação, até lá fora faz motociata de última hora e junta multidão, como então ele pôde estar atrás nas pesquisas, e mais, perder em dois turnos? Como é isso?

   — A mentira falada por meia dúzia está soando mais alto do que toda a direita junta, essa é a verdade. Ou, como diz certo cidadão da esquerda, a mentira voa, enquanto a verdade rasteja.

   — O problema é que a direita não reagiu quando teve tempo, se acomodou, aceitou tudo, não repassou nada, ficou apenas olhando o bonde passar, e passou, com tudo, atropelando geral.

   — A coisa está a passos de tartaruga, Brasil, tudo é muito complicado nesse lugar, impressionante, fazer o que, o jeito é empurrar com a barriga.

   — Se não fizerem nada vai acontecer igual lá fora, olha o exemplo do americano.

   — É o que sempre disse amigo, eu cansei de falar, mas, ninguém escutou mesmo... Olha rapaz, o papo está bom demais, foi um prazer te reencontrar, mas, estou atrasado, tenho que trabalhar daqui a pouco, até mais ver meu camarada, aparece por aqui outras vezes.

   — Vai lá amigo, bom trabalho para você, eu também estou atrasado, não sei nem como a mulher não me ligou ainda, se já não tive por aí com vassoura na mão atrás de mim. Até mais, apareço sim.

domingo, 6 de novembro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 


O JOGO SÓ ACABA COM O APITO FINAL.


    Vivemos uma revolução? 

    Pessoas ganham as ruas junto aos caminhoneiros, protestos e caras pintadas, gritos, palavras de ordem ardendo em dissonantes e frenéticos gritos. Do outro lado, andam dizendo que aqueles que figuram nas beiras das rodovias são desordeiros, fascistas e bagunceiros, dentre outras designações negativas, não me parece que são o que está se falando. É de fato um movimento popular brasileiro, nascido de uma indignação perante atitudes cometidas pelos mandatários do pensamento da jurisprudência. O resultado entre um e outro na disputa pela cadeira maior, foi no mínimo descompensada unicamente para um lado, enquanto o outro foi duramente reprimido, atacado e desacreditado.

    Os dias se escalam cada vez mais tensos, a sensação de que estamos à beira de um grande abismo prestes a cair é cada vez maior, caminhando sem ter como se distanciar desse enorme precipício. A confusão e o caos social se alastra como fogo em folhas secas, a cada hora notícias aterrorizantes tomam as nossas mídias de assalto deixando o coração em descompasso. Começou pequeno, no domingo, logo após o resultado das urnas. Tão prontamente os caminhoneiros se organizaram e iniciou-se a paralisação nas rodovias pelo país, aqui, alí e acolá. Já no decurso da segunda-feira, quando a ala vencedora ainda comemorava, o que pareceu um pequeno movimento começou a agigantar-se, e ainda ganha corpo pelo Brasil.

    Os movimentos e protestos estão fermentando a massa popular cada vez com mais força, multidões de verde e amarelo, com bandeiras e caras pintadas figuram na frente de quartéis militares em coro. A ala direita do movimento contesta os resultados, dizendo que não foram justos, que, de alguma forma, houve erros e manipulações nas urnas por meio de algoritmos específicos. A esquerda se defende dizendo que foi uma escolha legítima e democrática, enfatizando a segurança no processo eletrônico, ressaltando a necessidade do presidente reconhecer a derrota. Concernente aos protestos e pedidos de intervenção, não me parece que este se fará como deseja o povo. Não sou especialista no assunto relativo a leis e constituição, não sei bem o que dizer.

    Analisando o cenário cuidadosamente, nesta já, sexta-feira, embora pareça cada vez mais distante da realidade o que o povo tanto clama nas ruas, no entanto, olhando por outro ângulo, tenho esperanças para que algo grandioso aconteça, e isso é renovador. Sei que muitos estão desacreditados que pedir para acionar esse ou aquele artigo com essa ou aquela finalidade vá resolver. Independente do quê, e como peçam, sabemos que a vitória não se dará da maneira fácil. Por favor, não sejamos pessimistas, não vamos jogar agora fria em ninguém. Eu sei com o pouquíssimo que conheço da constituição de 88, não haver espaço nela para acionar certos artigos citados, assim, ao vento, no entanto, caso apareça, repentinamente, provas irrefutáveis de uma fraude, acredito que isso possa mudar tudo. O melhor a ser feito é se posicionar ( espero que você tenha entendido ) e esperar, uma vez que as esferas superiores do poder estão em um mesmo entendimento de reconhecimento do resultado das eleições, não abrindo espaço para contestações, provocá-los de maneira inteligente dentro das quatro linhas é cabível. 

    Caros amigos e amigas, o tempo de se ter feito alguma coisa não passou, ainda é possível agir, algo pode ser feito... Estamos na última hora, sei o quanto é perigoso. 

     Pergunto novamente: A esquerda ganhou? 

     Às vezes, depois dos quarenta e cinco do primeiro tempo de um jogo, com um placar extremamente desfavorável pôde ser obtida vitória, maluquice, sim, concordo, porém, perfeitamente possível.

      O jogo só acaba com o apito final.

domingo, 30 de outubro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 


      ALGO NUNCA VISTO.


       Como avaliar a situação atual? 

       É praticamente impossível realizar uma análise correta, coesa e justa. Considerando que existe um desequilíbrio pulsante de ambos os lados da balança. A situação foge da compreensão, atitudes arbitrárias, descontrole emocional, enfim, são muitas as variáveis a serem calculadas. Aquele Brasil de antigamente, onde o assunto principal em qualquer lugar era o futebol, parece ter ficado no passado. Poucos sabem dizer os nomes dos jogadores que participaram da copa do mundo neste ano, por outro lado, estes mesmos, estão afiados quando o assunto é política. São tempos diferentes em um novo mundo. Nunca se viu o que agora figura em nossa nação, não se imaginava tamanha participação do povo em assuntos que antes eram exclusivos de deputados e senadores.

Pautas, leis, emendas, constitucionalidade, enfim, tribunais superiores e seus julgamentos, antes, completamente ignorados, porém, tão aguardados e assistidos nos últimos tempos. Realmente vivemos uma nova realidade.

      É difícil avaliar a situação justamente pela forte polarização política existente. Muitos desejam falar, impor a base da caneta, e não estão interessados em ouvir o outro lado, nem o próprio povo, a não ser que o que fala seja do mesmo clã. Sendo contrário, será quase impossível tecer um diálogo amigável e pacífico. 

        Hoje é domingo, segundo turno das eleições presidenciais, muitas coisas importantes aconteceram nesse período, algumas, possivelmente desagradáveis. Essa crônica está sendo postada durante o período da manhã, não tenho a mínima ideia de quem vencerá as eleições, ( só para pontuar, as pesquisas apresentadas não me convenceu para nenhum dos lados ). Logo mais, no finalzinho da tarde, encerra as votações, quando a noite começar a despertar, teremos o final das apurações das urnas eletrônicas. No mais tardar, lá quase pelas oito da noite, acho eu, teremos o resultado de quem governará a nação por mais quatro anos. 

         Quem será o felizardo? 

         Realmente não sei.

         O meu candidato? O seu candidato? Quem sabe?

         Terminarei a crônica contando a história de um certo concurso de beleza ocorrido na selva, onde o gambá resolveu disputar. O seu desejo de vencer o concurso era tanto que ele combinou com o macaco e fez uma tremenda armação para levar o concurso como ganhador. Mesmo sendo o animal mais feito, fedido, usurpador de galinheiros, enfim, nada nele condizente com requisitos de potencial de vitória, mas, como combinado com o macaco e arquitetado todos os pormenores, estava pleno de que ganharia. O pelicano, com suas penas belíssimas, com todo o seu porte, era o favorito sem dúvidas. Quando o concurso estava para finalizar, apareceu um convidado diferente no alto de uma árvore. 

          Era a onça.

          Ela olhou para o macaco, quando este se preparava para finalizar a armação. A onça o encarou, apontou-lhe uma das garras afiadas como se dissesse: Cuidado com o que você vai fazer, macaco, eu estou de olho.

            Enfim amigos, tenho apenas a desejar uma boa e tranquila votação para todos nós, não fiquem em casa, não votem em branco ou anulem. Faça a sua escolha exercendo o seu direito democrático de decidir quem será o vencedor.

             

domingo, 23 de outubro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO

 


TEM UMA PULGA ATRÁS DA MINHA ORELHA.


   Por mais que eu queira acreditar que no final dará tudo certo, fica aquela insistente pulga atrás da orelha incomodando, por sua vez, essa, refere-se a certo algoritmo usado na primeira rodada. O postulante da situação conseguiu fazer grandes ajuntamentos por todo o país, multidões o seguiram em seus automóveis, as cores da floresta e do sol tremulando por todo o país... O que pensar disso. Havia, como ainda há, os larápios opositores sempre contrários ao que o da situação alude. No decurso desse tempo, inverdades foram ditas, acusações, apontou o indicador em riste, chamou-o de indômito, entre tantas outras injúrias sem sentido prático. Quanto aos ajuntamentos da oposição, não me pareceram consideráveis, eram sempre com poucas pessoas, no entanto, haviam aqueles que, milagrosamente a fizeram parecer de um tacanho, para algo mastodôntico.

      As pessoas ficaram polarizadas, cada uma defendendo o seu lado, por esses e aqueles motivos, apresentavam as suas razões para tal, cada um com suas certezas. Veio o primeiro turno, havia expectativas de ambos os lados, ninguém queria admitir a derrota, os dois lados dizem com convicção que levariam a vitória já na primeira rodada. O resultado foi muito diferente para os dois lados, para uns, angústia por não ter liquidado logo de pronto, para outros, revolta, e um gosto amargo, uma desconfiança de que algo estava errado. Acusações de fraudes floresceram aqui e acolá, a oposição fez que nem escutou, deu de ombros, um e outro que disseram qualquer coisa sem muita relevância, mas, o gosto amargo permaneceu.

      Estratégias refeitas, segundo turno em curso, campanhas a todo vapor. A mesma situação acontece em todo o território desta gigante nação, de um lado multidões, do outro, o pouco que se faz parecer muito. Contudo, ficou ainda aquela pulga atrás da orelha, incomodando, coçando vez e outra, ainda que se tente arrancá-la, ela, muito esperta, desaparece, às vezes, aparecendo repentinamente. O senado e o parlamento já se definiram, foi exatamente como a situação previu, alguns governadores também estão definidos em seus comandos, com outros ainda a definir, porém, a situação conseguiu eleger o maior número de apoiadores do que a oposição.

        Quanto a pulga do algoritmo... Ela permanece por aí, pulando alegremente entre as caixinhas eletrônicas onde digitamos nossa escola em números. Estou preocupado com essa pequena pulga, fica o medo dela, no momento em que eu for digitar, eu mais outros milhões Brasil a fora, na mesma escolha, ela coloque o tal algoritmo para... Como vou dizer... Buga tudo. Ah! Essa pulga... Sei não viu, vamos esperar meus amigos, vamos esperar. Muitas mentiras são propagandas no serviço da desinformação, ninguém sabe exatamente de que lado elas aparecem. 

    Se faz verdade o mito em que a mentira roubou as vestes da verdade, e anda por aí, alegremente, enquanto a verdade nua, ninguém a suporta.

     São tempos difíceis, a liberdade está em jogo, eu não consigo fechar os olhos e me fingir de cego. O meu coração está aflito, estou temeroso com o que pode acontecer nos próximos dias. Que Deus abençoe e ilumine cada um na escolha que será feita no dia 30 de Outubro. 

CRÔNICA DE DOMINGO.

      UM PÁSSARO EM MINHA JANELA.     Um pássaro pousou em minha janela.     Quisera eu ter a paz e a tranquilidade da pequena ave que pouso...