CRÔNICA DE DOMINGO.
Então fico pensando...
Afinal, o que está acontecendo com a nossa sociedade? Às pessoas não parecem as mesmas, tudo muda tão rapidamente que é quase impossível perceber o que de fato aconteceu. O mundo parece estar dividido em antes da pandemia e depois dela. Vejam que às atitudes mudaram, não como imaginávamos, porém, existe certa aspereza no trato de uns para com os outros.
Quem esperou por pessoas mais humanas, depois de tantas perdas e sofrimento, decepcionou-se, ao que parece uma grande parcela do público adquiriu um egoísmo próprio.
Seria tudo intencional?
Às vezes fico pensando nessas coisas. Não sei exatamente o que pode verdadeira ter acontecido nos bastidores, imagino mil coisas, de erros humanos até mesmo vingança da natureza contra nós.
Outro ponto delicado...
Dois lados opostos, a representação do bem e do mal, do certo e do errado, enfim, todo cidadão é levado a uma escolha que deve ser óbvia para ele como sua única verdade absoluta. Observo que às análises de ambos os lados são ácidas, ferozes, por vezes, até agressivas. Um dos lados tende a representação oposta ao outro, quando na verdade, o outro é que reflete no oponente suas atrocidades. A política tornou-se nisso, meus amigos, depois do inimigo microscópico, invisível, porém, letal, todas as coisas passaram a ter um significado novo. Contudo, vale salientar que ainda existe esperança, embora pareça improvável, é teoricamente possível eleger homens e mulheres de integridade inviolável.
Outro detalhe crítico...
Existem àqueles que se acham além do bem e do mal, justamente por terem o poder das leis e serem autoridades sobre os outros, com isso pensam que são intocáveis, acreditando na infalibilidade de seus juízos sobre os demais. Definitivamente não há equilíbrio em nenhuma das partes, nem consensos, tão pouco pontos em concordância. É praticamente impossível realizar um diálogo com esses grupos. Me pergunto quando tudo isso vai acabar, em qual instante da história, se é que haverá um momento de trégua e apertos de mãos, de trabalho em conjunto. Manter-se em silêncio em algumas das vezes é sinônimo de sabedoria, é necessário ouvir mais e falar menos, e não expôr ideias de qualquer maneira. Ainda sim, a presente crônica é a exposição de um profundo sentimento de dor, uma ideia ainda perdida no baú da memória.
Outra coisa a refletir...
No princípio havia o homem, a liberdade que o rodeava de delícias, porém, tendo de tudo, sentia-se só, então foi-lhe dado o osso de seus ossos e a carne da sua carne, para com essa dádiva maravilhosa se sentisse completo. No jardim de delícias, o homem duplicado no seu oposto, estava como todos os demais pares, na mesma igualdade, contudo, ele e ela tinham o domínio completo da criação e do jardim. O livre arbítrio, o direito de escolha foi um presente precioso, a única coisa que ele deveria fazer é escolher o certo diante de toda perfeição. Mas, assim como o primeiro homem que tendo o paraíso diante dos olhos escolheu a única coisa que lhe foi instruído a não obter, e foi justamente essa escola, o objeto da sua ruína. Não foi diferente durante o curso da história e nem será agora conosco. Ainda temos o livre arbítrio, não habitamos mais o paraíso, mesmo assim, as nossas escolhas poderá nos levar direto ao objeto completo da ruína.