domingo, 22 de maio de 2022

CRÔNICA

 



       ROTINAS INTERMINÁVEIS.


   Intensa semana em que o tudo representa o nada, a totalidade das coisas são enfado e cansaço. A rotina de todos os dias impõe o seu fardo pensado em ombros desnudos e machucados. Não há o que se fazer a respeito, é praticamente impossível mudar algumas realidades. Os dias se amontoando, afazeres que se repetem, dificuldades cada vez maiores, dúvidas intermináveis, o mundo gira em uma velocidade assombrosa. Não temos tempo suficiente para raciocinar, por fim, tomamos decisões erradas, caminhamos por estradas tortuosas, impiedoso, o tempo não permite retorno para determinados acontecimentos. Os ombros desnudos e já calejados, sangra um pouco mais, gotejando por onde passamos.

     A minha rotina é odiosa, sempre a mesma coisa, todos os dias e o ano inteiro. Os únicos momentos diferentes e agradáveis são os que passo com a minha esposa e filha, ainda sim, o monstro dos afazeres diários engole fatias generosas de nossos momentos. Uma pequena fração em escassos minutos, dedico a literatura, outra paixão. Mesmo a literatura sendo dividida entre escrita e leitura, não é nada do que eu pretendia, porém, a vida tem o seu preço a cada alma. Por isso, me submeto à condição humana da interminável labuta diária.

       Mesmo com os ponteiros do relógio correndo apertados, encontro "tempo" para minhas leituras, e quando posso divido com vocês leitores, algumas impressões dos livros que li, como o que vou mostrar agora. O livro, ( Cavalo de tróia, lido não tão recentemente ), do autor, J.J. Benitez, narra uma incrível aventura, e como eu gostaria de ser o protagonista dessa aventura, se é que posso chamá-la assim. O livro, neste primeiro volume, fala de uma operação secreta da força aérea americana que, ao descobrir um modelo seguro de viagem no tempo, cria, em 1973, uma operação, denominada cavalo de tróia, para acompanhar os últimos dias de Jesus Cristo na terra. A parte inicial deste primeiro volume, é contada pelo próprio J.J. Benitez, onde ele descreve como conseguiu se encontrar com o major americano e conseguiu os seus diários pessoais, de onde origina-se o conteúdo do livro. No decurso desse calhamaço, temos a narrativa de Jasão, codinome do major, que volta no tempo, no modelo de uma, por assim dizer, nave, chamada de 'berço'. E junto com seu colega, Eliseu, ambos voltaram a época de Jesus Cristo,  presenciando os fatos mais marcantes de sua vida. Jasão, foi escolhido para a missão devido ao seu ceticismo e imparcialidade, mas ao encontrar-se com Jesus, é tocado profundamente por sua mensagem. O livro nos fornece dados da sociedade da época: seus costumes, as leis, crenças, ( judaicas e pagãs, bem como geografia e ambiente). A narrativa refere-se, na sua grande maioria, à vida do mestre, narrativa essa, que contrapõe em partes com o que foi descrito pelos evangelistas no livro sagrado, não desmentindo o que os evangelistas escreveram, mas, apontando para dados deixados de lado pelos mesmos. O livro, na visão do major, fala de uma mensagem deixada por Cristo, falando do pai - sempre bom - Um Deus que não requer templos e rituais, mas o amor ao próximo. Quanto à veracidade dos fatos no livro, fica a critério de cada leitor - segundo o próprio autor - a história é real, no entanto, real ou não, é sem dúvidas um livro extraordinário.

    É nesse tipo de leitura, caro leitor, que me desligo da dor do mundo, das aflições diárias, das dores na alma. Quando estou lendo me transfiro para a história contada, vivo aquilo como se fosse real. É assim que suporto as dores da existência desse tempo tenebroso a qual vivemos. Considere a possibilidade de tais aventuras.





domingo, 15 de maio de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO

 



      O TEMPO É UMA SOMBRA QUE PASSA.


 

   Estamos em Maio, daqui a pouco tempo será junho, metade do ano, os dias estão passando tão rápido quanto uma sombra no final de tarde. A impressão que tenho é de que o Natal foi semana passada, pisquei o olho e se passaram quase cinco meses. Não sei quanto aos leitores, eu fico com essa sensação de não ter aproveitado nada, e de não ter feito o que queria. Antigamente não era assim, tudo parecia passar tão devagar, as datas comemorativas demoravam uma eternidade para chegar, e quando se aproximavam pareciam tão mais interessantes, bonitas, havia mais expectativas nas comemorações festivas. Era como se houvesse uma áurea diferente cobrindo cada uma, porém, os tempos são outros caros amigos, as pessoas mudaram, a verdade é que não existe a mesma importância nas comemorações e vivências humanas.

    Eu gosto de observar as pessoas, é uma particularidade minha, gosto de observar os seus comportamentos, conversações, a interação com outras pessoas, veja que até isso mudou. Não que antigamente fosse tão diferente assim, negativo, havia os mesmos desinteresses, o que eu quero dizer é a respeito do quanto de importância cada situação ou data tinha na vida pessoal de cada um. Na minha época valorizava-se o ser do que o ter... Às vezes não tínhamos nada, apenas o básico, contudo, éramos felizes com o pouco que tínhamos, cultivando as melhores amizades do mundo era mais ser do que ter. Parte disso desrespeito a tecnologia, que na época era apenas um bebê engatinhando, estava à espreita, na sua inocência inicialmente, esperando pacientemente pelos seus futuros escravos. Não tínhamos a mínima ideia do que se tornaria o que para nós era tão irreal até inverossímil. Havia um mundo escondido por trás de grandes mentes, um mundo enigmático, digital, de tecnologias enclausuradas de almas no casulo de impossibilidades.

    Basta observar as pessoas de hoje, sejam no supermercado, praça pública, igreja, enfim, não importa o lugar, a situação será sempre a mesma para todos, ou quase todos... A tecnologia está na ponta dos dedos e tomou conta do mundo, dominou as casas, lojas, empresas, shopping, não existe um lugar na terra que não esteja debaixo do império digital. Antigamente, era olho no olho, diálogos, vistas, convívio contínuo social. Hoje, basta um celular e internet para estar em qualquer lugar do planeta. Mensagens, chamadas de vídeo, o universo na palma das mãos. Até mesmo os computadores estão ficando para trás, os celulares de hoje são mais interessantes e versáteis. Vejam as crianças brincando... Antigamente era tudo dinâmico, correr, pegar, soltar pipa, esconder, enfim, a tecnologia transformou crianças espertas em sedentárias. Os jogos virtuais simulam a realidade com uma precisão assombrosa. Jogos de futebol, lutas, estratégias, guerra e por aí vai. 

   É impressionante a diversidade de opções.

   Todo esse salto tecnológico encurtou o tempo, não o vemos passar, as horas que gastamos em coisas superficiais são enormes e não voltam atrás, e o mais impressionante é que as tendo diante dos olhos não há vemos passar. Os ponteiros do relógio roubam nossos dias sem o notarmos, as horas são traiçoeiras, e a tirania do relógio impõe o seu domínio. Sim amigos leitores... Estamos em Maio, logo mais, quando piscarmos os olhos, enquanto estivermos distraídos nas redes sociais, já será natal.



domingo, 8 de maio de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO

 



              LITERATURA A CONTA GOTAS.


    

    Última semana antes da primeira audiência judicial - em cinco anos - isso mesmo, cinco longos e intermináveis anos, que, pareceu-me uma eternidade. Do meu desligamento da empresa até a data dessa primeira audiência de instrução muitas coisas aconteceram. Só relembrando, a empresa em que trabalhei por quinze anos, companhia brasileira de alumínio, que tinha por dono o saudoso doutor Antônio Ermírio de Moraes, já falecido, é uma empresa metalúrgica no ramo do Alumínio. A maior do mundo no sistema integrado, onde se recebe a Bauxita, matéria prima, e passa por todos os processos até se transformar no produto final.

   Ser desligado da empresa foi um tremendo choque para mim, eu havia passado por um procedimento cirúrgico um ano e três meses antes da demissão, enquanto ainda na empresa, fui realocado de setor e função para readaptação, por isso, eu não imaginava que seria demitido, porém, isso aconteceu e me pegou de surpresa, aliás, todos os meus conhecidos quando souberam ficaram de admirados e sem entender. Eu sabia que conseguir um novo emprego em uma fábrica seria praticamente impossível devido às minhas limitações. Naquele momento senti como se tivessem aberto um buraco debaixo de meus pés. Eu tive medo, angústia, incertezas, tudo escondido dentro de mim.

   Durante quase dois anos fiquei sem trabalhar, vivendo dos valores recebidos da indenização - esse foi o pior erro da minha vida - nesse período fiz reformas na casa onde estou morando, casa essa que nem é minha de fato - outro erro imperdoável - percebendo que os meus recursos estavam acabando, a minha esposa começou a fazer pães, bolos e doces para vender; e deu certo por um tempo. Foi então que veio outra tempestade... Ele descobriu que tinha doença mista do tecido conjuntivo, fenômeno de Reno, enfim, isso a limitava muito. Foi então que tomei forças onde não tinha e resolvi me arriscar trabalhar no mercado, exercendo meu antigo ofício de açougueiro. Consegui uma colocação em um determinado mercado, mesmo limitado devido aos problemas de coluna, com dificuldade fui me adaptando. Por três anos trabalhei nesse primeiro mercado, surgiu a oportunidade de entrar em outro supermercado, esse cinco minutos de casa, não pensei duas vezes. Estou nesse novo emprego há quase um ano, as dificuldades que encontrei aqui foram tão ou mais desafiadoras do que no primeiro mercado. Sem ter muitas opções, tenho que suportar a rotina massacrante, é questão de sobrevivência, no entanto, recentemente, depois de realizar novos exames na coluna descobri que a minha doença, 'degenerativa', progrediu, tanto que, está afetando fortemente o meu desempenho. 

    Confesso, estou cansado de trabalhar com o público, em mercado, é muito estressante. Voltar em uma empresa com todos os agravantes que carrego é quase impossível. Aquela primeira empresa em que eu trabalhei, na qual tenho um processo trabalhista em andamento. Espero que dê resultados positivos nessa 'primeira audiência', embora, minhas esperanças para tal sejam pífias. Os meus dias são assim, corridos e cansativos, mesmo com toda essa loucura encontro tempo para escrever. Não é nada perto do que realmente eu quero, por isso tenho que aproveitar ao máximo no pouco tempo que tenho disponível para dar vida ao mundo que existe aqui dentro de mim. Talvez um dia, quem sabe, eu possa viver única e exclusivamente para a escrita e nada mais. Por enquanto, minha literatura é a conta gotas.

domingo, 1 de maio de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO

 



                       FORTE BASTIANI.


Ainda sem um assunto definido para a crônica, comecei a pensar nos livros que eu tenho em casa, em cada título, em seus personagens e tramas. O momento que estou vivendo agora, por exemplo, em casa e no trabalho, me fez pensar em um título, que surgiu agora na memória, portanto, me sinto no próprio, "Deserto dos Tártaros", escrito por Dino Buzzati Traverso (San Pellegrino di Belluno, 16 de outubro, 1906 — Milão, 28 de janeiro, 1972). Quero falar um pouco desse belíssimo livro e do autor no espaço da crônica deste domingo.

Dino Buzzati foi um escritor italiano, bem como jornalista do Corriere della Sera. Sua fama mundial se deve principalmente ao seu romance - Deserto dei Tartari, de 1940, traduzido para português como O Deserto dos Tártaros. Dino Buzzati detém um estilo inconfundível,( que particularmente eu amo ) que não obedece a modas e etiquetas, explorando sempre uma visão fantástica e absurda do real. A sua obra está traduzida em inglês, francês, alemão e espanhol e difundida largamente em todo o mundo.

O escritor serviu ao exército e saiu como sargento. Essa experiência serviu para que escrevesse essa obra-prima antes da Segunda Guerra Mundial. Segundo o autor, o romance veio num jorro, numa madrugada quando voltava do jornal para casa. A ideia aconteceu na monotonia do turno da noite, quando trabalhava no Corriere della Sera, naqueles dias. A sensação da rotina que nunca acabava e consumia a vida do autor fez com que o romance acontecesse rapidamente. ( Quem nunca se viu engolido pela exaustiva rotina do trabalho... Eu que o diga ... )

A narrativa nos apresenta Giovanni Drogo, jovem tenente enviado ao forte Bastiani localizado em uma colina totalmente isolada do mundo, onde o Forte é erguido. Um grande deserto, absolutamente isolado de tudo e de todos. A princípio, Drogo nutre grandes expectativas quanto a nova função, pensando no esplendor da carreira, pronto a defender o forte. ( Todos nós temos o nosso forte Bastiani, onde nos isolamos das loucuras deste mundo ).

Quando Drogo chega no forte, admirado com suas muralhas e sentinelas, cheio de sonhos, o tenente Giovanni Drogo anseia pela glória militar no campo de batalha, e isso nunca aconteceu no Forte Bastiani. Apesar de alguns oficiais de idade tentaram animá-lo dizendo que os tártaros ainda estão lá se preparando para a guerra, e que a melhor atitude é esperar, esperar e esperar. Drogo encontra senão um lugar praticamente abandonado, parado. O tenente se vê frustrado, fadado ao esquecimento em um forte onde nada acontece. Entregue a solidão, a monotonia, em uma rotina que nunca termina, Drogo perde-se no tempo, sempre esperando que a qualquer momento o forte seja atacado, porém, o ataque nunca acontece.

Esse é um romance filosófico, que fala do tempo, de tudo que perdemos e deixamos de fazer quando somos acorrentados pela rotina contínua de afazeres que desbotam o viço da juventude. Se o romance perde em ação ganha em momentos de reflexão sobre a vida, o que parece familiar para quem já parou para pensar se nós estamos fazendo o melhor uso do tempo que temos na terra. Quem já não se sentiu como o próprio Drogo. Às vezes me vejo como ele, entregue ao meu forte Bastiani, fadado ao esquecimento, diante de almas mortas e olhos cegos. O autor tem uma narrativa fantástica. Esse é aquele livro que ao iniciar a leitura, não dá vontade de parar.

Acredito que todos nós, em algum momento de nossas vidas, temos experiências e sensações muito semelhantes a do personagem, todos somos Drogo em sua agonia existencial preso a rotina de um momento que aparentemente, parece não ter mais fim. Para aqueles que não leram, recomendo fortemente o livro.



segunda-feira, 25 de abril de 2022

POESIA.

 A xícara de café.


O líquido escuro na xícara vermelha, a fumaça subindo e

tremulando, ele a observa até que ela lentamente

   desaparece no ar, mil pensamentos rastejando em seus

   desavisados neurônios, terríveis desejos descontrolados.


   Outro pequeno gole da bebida escura exageradamente

    doce, ele completa a xícara uma vez mais, está confuso

    e inserto no que deveria de fazer, são possibilidades que

    lhe parece inviável, mas o desejo, é mais forte que ele.


   Sem que perceba, a xícara está vazia, e pela terceira vez

   derrama a fumacenta bebida, assopra, toma outro gole

   que lhe queima os lábios, no susto, derrama sobre a mesa.


    Enquanto a fumaça teimosa sobe dançarina se esvaindo

    no ar, os seus pensamentos estão nela, ele a ama, mas não

    pode se declarar a um amor cheio de impossibilidades.

domingo, 24 de abril de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO

           



                         FINAL DE TARDE.


   Desavisadas nuvens dispersas pelo azul celeste, tarde movimentada na rua da minha casa. Carros apressados que passam, buzinando, freadas bruscas em frente a lombada. Alguns motoristas são mais atentos e prudentes, mãos firmes no volante, passando na velocidade correta da via, outros, descuidados, dividem a direção com o celular ou uma lata de cerveja, quase batendo, quase atropelando. É a rotina do trânsito de todos os dias.

   Uma brisa suave começa a soprar, o sol lentamente vai descendo no horizonte, trazendo tons de vermelho e laranja incríveis, uma obra prima do criador. Todos os finais de tarde são pinturas em pleno céu, é de encantar o olhar de qualquer artista.

   De frente a minha casa tem uma creche, da sacada é possível ver quase todo o interior dela, espaços muito bem aproveitados, de uma arquitetura admirável. O barulho das crianças é intenso, correndo e gritando o tempo todo, deixando as funcionárias malucas. Gravei o nome de algumas crianças, que por terem os nomes tantas vezes repetidos considero os mais arteiros. O intervalo dos pequenos termina rapidamente, alguns carros começam a estacionar do outro lado da rua, acredito ser os pais de alguns deles chegando para buscá-los. Não é somente a creche que tem em frente a minha casa, outras duas escolas foram construídas abaixo da creche. Uma delas, "Osmar de Almeida", outra, "Hélio del Cistia", a segunda é a escola da minha filha. Então, os senhores leitores podem imaginar quão movimentada é a rua da minha casa. 

   Faces e sorrisos, mães que passam com os filhos sendo puxados, outros, sendo segurados para não atravessarem a rua. O movimento de carro se intensifica, à medida que os alunos da Escola Osmar de Almeida estão saindo. É um verdadeiro desfile de carros das mais variadas marcas e cores. Novamente a rua trava, buzinas, manobras, e no meio de tudo isso motos e mobiletes barulhentas. É impossível assistir alguma coisa nesse horário na sala de casa.

   O dia vai dando adeus, cedendo lugar ao começo de noite. A brisa antes suave começa a ficar fria, ardendo na pele. Os últimos raios de sol desaparecem, lentamente a noite estica os seus longos e escuros braços, trás consigo as primeiras estrelas, o frio é mais intenso.  A rua continua com movimento forte de carros, provavelmente motoristas que estão vindo do trabalho, apressados seguem caminho para suas casas.

   A noite chega, com ela o quase silêncio, a rua antes cheia de vida e de barulho agora cochila, exibe ainda alguns transeuntes oriundos da própria noite. A infinidade de estrelas cobrem o céu de um lado a outro. O que seria dessa tela escura sem a beleza reluzente de cada uma delas? A dama da noite não poderia ser outra. Luar majestoso que surge com toda pompa, em todo o seu resplendor. Não sei dizer qual tela é mais bela, a do fim de tarde ou da noite. Sei apenas que as obras do criador são perfeitas. As horas que passei na sacada de casa para escrever essa crônica foram maravilhosas... Ver, ouvir, sentir a vida pulsando em cada canto, em cada detalhe, terminarei dizendo que... O senhor é bom o tempo todo e o tempo todo o senhor é bom.





domingo, 17 de abril de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

         



           A HISTÓRIA DO PUDIM QUE EXPLODIU.


    Na minha modesta opinião, a culinária de nosso país é uma das mais ricas de todo o mundo. O motivo é que o povo brasileiro foi formado por uma mistura de raças e cultura de outros povos que no passado vieram para o Brasil. Crescia no  solo pátrio abundante riqueza, em todos os aspectos, uma das mais notáveis talvez seja a gastronômica. Temos bom gosto quando o assunto é 'comida'. Os nossos restaurantes e chefes culinários estão entre os melhores. De um simples prato do dia a dia a sofisticação dos grandes restaurantes, em nada ficamos para trás. Basta trazer pessoas de outros países para degustar as especialidades em nossos restaurantes que o resultado vai ser inesquecível para o visitante, digo sem sombra de dúvidas. É claro que muitas outras nações também são gigantes na arte de cozinhar, mas, como bom patriota que sou, tenho que defender e enaltecer nossa exuberante e magnífica cozinha, que, me atrevo a dizer, está entre as primeiras do planeta gastronômico.

     De Norte a Sul do país temos pratos que figuram entre os mais conhecidos, como exemplo da Feijoada, moqueca, acarajé, pato no tucupi, tacacá, baião de Dois, arroz com Pequi, arroz Carreteiro, feijão Tropeiro, paçoca de Carne Seca, barreado, galinhada, frango ao molho pardo, virado à Paulista, camarão na Moranga e por aí vai a lista, me foge o nome de tantos outras delícias. Cada Estado traz o seu próprio universo de opções de dar água na boca. 

Tempos atrás, eu participei de uma festa onde havia barracas com comidas típicas de cada Estado brasileiro, cada barraca apresentou, 'algumas', das comidas típicas dessas localidades. Foi sem sombra de dúvidas qualquer coisa sem palavras para explicar, confesso que fiquei perdido, boquiaberto com tanta coisa gostosa, o aroma era arrebatador, a beleza de cada prato uma obra prima da arte culinária. Naquele dia aproveitei ao máximo, comendo um pouquinho aqui e alí, ainda faltou algumas opções a serem degustadas, mas, eu estava tão cheio que não cabia mais nada. Que festa maravilhosa foi aquela...

    A arte de manipular os alimentos de modo a transformá-los em delícias vem do berço. A avó ensina para a mãe que ensina para a filha e assim por diante. Minha avó é uma cozinheira de primeira linha, descendente de italianos, aprendeu e ensinou várias das receitas de família. A minha mãe, por sua vez, aprendeu e ensinou à minha irmã várias receitas. Muitas ela aprendeu, outras, razoavelmente, mas, uma delas, na primeira vez que ela fez, meu Deus! Foi um desastre... É justamente a receita que deu título a crônica deste domingo. 'A história do pudim explosivo', é exclusividade da minha irmã. É isso mesmo que você está pensando, caro leitor, o pudim que minha irmã fez, seguindo toda a receita cuidadosamente, ao final, quando ela foi desenformar, ele simplesmente explodiu... Sim, explodiu... Que sujou toda a cozinha. Aquilo foi algo inacreditável, é claro que depois ela acertou e fez outros que ficaram perfeitos. Já o primeiro... Foi trágico, sempre me recordo do episódio quando me deparo com um pudim. Eu não mencionaria a história aqui, mas, eu não resisti, desculpa aí maninha, você sabe o quanto te amo.







CRÔNICA DE DOMINGO.

      UM PÁSSARO EM MINHA JANELA.     Um pássaro pousou em minha janela.     Quisera eu ter a paz e a tranquilidade da pequena ave que pouso...