domingo, 13 de fevereiro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 



     LETRAS TRAIÇOEIRAS EM NOITES ESCURAS.

    Estou completamente vazio, sem ideias. Nenhum resquício de pensamento ou qualquer coisa válida que se possa comentar. Não é comum, isso lhes garanto. Tão pouco é falta de inspiração, na prosa, principalmente na crônica, trabalhamos com os prazos, literatura sob pressão, inspiração é campo da poesia. Acontece que os dias têm sido difíceis, para não dizer insuportáveis, posso até estar sendo exagerado, dramático demais como diz minha amiga de trabalho, Vanessa. Até concordo em certos pontos, porém, a coisa toda é bem mais complexa, profunda, envolve sentimentos, dor, decisões, tantas coisas que não sei nem por onde começar.

   O que quero tornar evidente para todos é o meu descontentamento, com tudo, com o curso da minha vida até o presente momento. Não sei exatamente o que dizer quando me perguntam sobre planos e tal... Fico sem resposta, ou, com um nó cego na garganta com essa falta de perspectiva e possibilidades. Que o mundo está um caos não é novidade, pelo menos para aqueles que realmente conseguem enxergar as coisas como realmente são. Desejei o que jamais pude ter, é tão verdade que por esses devaneios psicológicos me tornei poeta também. Mas até nisso me decepcionei.

   Falando assim, a primeira impressão que fica é de que sou um pessimista, catastrófico e tal, talvez eu seja mesmo, confesso, mas... Cá para nós, com o mundo na atual situação, não é para menos. Há momentos na vida em que tudo parece dar errado, é aquela situação de quase desespero. Pois bem, caríssimos amigos, me vejo em uma situação semelhante. Trabalho, casa, negócios, finanças, enfim, não consigo acertar nenhuma flecha no alvo. Quando eu chego nesse patamar de tristeza profunda, me entrego de corpo e alma a literatura - é minha válvula de escape - crônicas, poesia, prosa. Me derramo por completo, porém, neste momento, estou em um deserto das próprias palavras. Letras traiçoeiras em noites escuras.

  E por falar em "noites traiçoeiras", esse é o título do meu novo romance, estou perto da conclusão, mas... É justamente esse final que está enroscado. Talvez eu demore algumas semanas para finalizar. Eu tenho outros trabalhos em andamento, poesia por exemplo. Todos esses livros, depois prontos, são postados na plataforma de escrita do wattpad, aqueles com contas por lá é só procurar por ( Macedo Pena ) e você terá toda a lista de meus livros. Tenho outros projetos literários em mente, para um futuro próximo, pelo menos assim espero, como dito anteriormente, sou constantemente solapado por crises depressivas. Crises essas cada vez mais frequentes.

    Outra ocupação que traz equilíbrio na minha vida, o que me dá tanto prazer quanto escrever, é a leitura. Tenho que ler todos os dias. É como tomar café, almoçar e jantar. Atualmente estou lendo cartas de um diabo ao seu aprendiz. De C.S Lewis, livro maravilhoso, é o que eu posso dizer, depois de concluir a leitura talvez eu lhes traga uma resenha. Enquanto o mundo caminha a beira do abismo, prestes e despencar, nós, meros mortais, seguiremos as nossas vidas tranquilos, como se nada estivesse acontecendo. A exemplo dos músicos no filme do Titanic, tocando suas belas canções em meio ao caos.


domingo, 6 de fevereiro de 2022

Crônica.

   


  O ESPINHOSO CAMINHO DA LITERATURA NO BRASIL.


   Confesso que está cada vez mais difícil o caminho da literatura, escrever é uma realidade muito diferente da de ser publicado, viver daquilo que você escreve e publica é quase uma utopia. Sabemos que os brasileiros em geral leem pouco, por isso o mercado livreiro é tão pequeno, aliado a baixa procura de livros, poucas bibliotecas e custos altos, fica quase inviável altos investimentos. A consequência disso é que temos mais prestadoras de serviços do que editoras tradicionais, são pouquíssimas as editoras que bancam todo o custo de um livro, mesmo as que o fazem, preferem nomes conhecidos do público, como uma garantia de venda. Considerando todas as circunstâncias de nosso país, não os culpo pelas estratégias tomadas, é necessário para se manter vivo no mercado.

    Outro caminho interessante são as publicações independentes, plataformas como clube de autores e outras. Nessa modalidade de publicação, gratuita, toda parte de 'construção do livro fica por conta do autor', inclusive a definição do preço final. O que facilita para quem deseja ver seu trabalho impresso. Essas plataformas estão cada vez mais sofisticadas e inovadoras, trazendo opções diferentes para os seus autores. Parabenizo cada uma pelo belíssimo trabalho que desenvolveram e tenho esperanças de que essa ideia ganhe e cresça cada vez mais.

    O livro, deveria ser uma paixão nacional, penso eu, se assim fosse, teríamos mais bibliotecas do que bares, mais intelectuais do que bêbados urinando em postes. Se o livro fosse uma paixão nacional, gostaríamos mais tempo devorando páginas do que tempo perdido correndo o dedo na tela de um celular ou assistindo noticiário tendencioso e desinformativo. Se o livro fosse uma paixão nacional, haveria, inclusive, nos supermercados - isso mesmo que você leu - haveria uma seção somente de livros ao invés de duas três de bebidas, não somente alimento para o corpo mas para o intelecto também. E com toda a certeza, os nossos livros seriam mais parecidos com tijolos. Não que os menores não tenham seu valor, cada um é uma pérola, porém, em uma nação onde leitura é uma paixão, a tendência é justamente de se ter livros no estilo, " Montanha Mágica", "Viva o povo Brasileiro".

    Os livros digitais também ganharam o seu espaço. Em um mundo cada vez mais tecnológico e digital, não era para menos. As grandes e tradicionais editoras também compartilham os seus títulos em versões eletrônicas, disponíveis para aqueles com tempo e disposição escassas, podendo carregar uma biblioteca inteira por aí. Aos amantes do livro físico, do cheiro de papel impresso, nada se compara.

    Voltando ao raciocínio inicial, está cada vez mais, 'espinhoso', o caminho da literatura no Brasil. Os escritores, no geral, necessitam de outro emprego para pagar as contas, é quase impossível viver única e exclusivamente de literatura. Escritores são profissionais como quaisquer outros. Deveriam ser reconhecidos como tal. Tenho esperanças de que um dia isso possa acontecer, de que nós, escritores, tenhamos o reconhecimento ( trabalhista ) merecido e garantido, com direito a férias e tudo mais. Enquanto esse milagre não acontece, temos que fazer malabarismos para produzir nossas histórias. É muito mais do que simplesmente colocar palavras no papel, é uma paixão, amor que transcende o próprio entendimento.


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

CAPÍTULO 24.




               Capítulo 24.


... O seu Jardim de delícias já não existia, não havia mais sentido em nada do que fazia, sem ela, tudo era incompleto. Buscou em outros jardins o amor proibido, encontrou apenas a perdição e o erro. Era necessário um retorno, primeiramente para dentro, teria que mudar o seu coração desde as raízes. Doloroso processo aos homens amantes de si mesmos, porém, desconheço outro caminho que não seja a negação do próprio eu para assim poder encontrar a sua verdadeira vocação ...



Domingo de manhã, belos pássaros pousaram na janela do quarto de Oséias, lindas aves de várias cores e de cantos harmoniosos, suaves. Diferentes aves, 'ela ama pássaros'. Certa ave de penas amareladas, era a preferida de Gomer, o canto dessa ave é de uma beleza inexplicável, estava entre as demais, Gomer se encantava quando a tal ave aparecia, um canário do reino. Eram raros os momentos de ternura, pureza e inocência de Gomer.


As lembranças da esposa chamando pelo pássaro, os cabelos soltos ao vento, o movimento dos lábios imitando o seu cantar, era quase insuportável a dor de recordar, machucava no mais profundo da alma. Dentro do peito de Oséias acontecia uma grande batalha, de um lado era o coração amoroso, apaixonado, desejando ajudar, enquanto do outro lado era puro rancor e angústia pelos atos de Gomer. Ele não sabia o que fazer, e não saber agir o estava destruindo por completo. Aos poucos, o coração materialista de Oséias ia sendo quebrado e transformado.


O domingo se estendia lentamente, entediado, Oséias deitou-se no sofá, não demorou para adormecer.


Entrou na sala, não havia ninguém, a TV continuava ligada nos noticiários, o sofá maior levemente desalinhado, o que não era comum naquela casa. A janela estava aberta, às cortinas tremulando ao soprar suave da brisa. " Onde estão todos", pensou. Dirigiu-se para a cozinha, muito espaçosa, geminada com a sala, em estilo americano. Na pia estavam algumas louças sujas, no escorredor de pratos outros que já haviam secado. Maçãs e bananas na fruteira, a geladeira estava cheia, a garrafa de café também, quente por sinal. Saiu da cozinha, antes de chegar na sala, do lado esquerdo, uma enorme escada que dava acesso à parte de cima da residência. Subiu lentamente as escadas, receoso de encontrar alguém, olhava sempre assustado, parecia que ele era observado. À sua frente um enorme corredor, com mais três portas à frente, certamente de quartos, pensou. Ficou parado diante da primeira porta, mãos trêmulas na maçaneta, respirou fundo, fechou os olhos, contou até três. Abriu a com muita lentidão, para sua surpresa não havia ninguém no quarto, as camas estavam desarrumadas, um copo de água pela metade estava na cabeceira da cama. Saiu, foi para outra porta de outro quarto, repetiu o processo que fez na anteriormente, a mesma coisa, não havia ninguém em canto algum daquela casa. Percorreu-a toda, cada cômodo, não havia ninguém, a casa era enorme, tinha de tudo o que se imaginava, e ninguém para desfrutar de todas aquelas coisas, apenas ele estava ali. Outra coisa chamou-lhe a atenção, em nenhum momento escutou barulhos na rua, nem de carros, nem de pessoas, nem de motos, até os animais haviam desaparecido. Saiu do interior da casa e foi para garagem, ficou uns minutos, retornou para a enorme casa. Na cozinha, fez um lanche com o que havia no armário, comeu chocolates, bebeu suco. Voltou para a sala, a TV estava ligada, porém, todos os canais estavam fora do ar. Ligou então o vídeo game, jogou até cansar. Subiu para parte de cima da casa, foi no último e maior quarto, deitou-se na enorme cama, estava cansado, ligou a massagem, por fim adormeceu…


Ei… Ô… Acorda - uma misteriosa voz soa em seus ouvidos.


Abriu os olhos assustado com aquela voz, achou que era um dos funcionários, era manhã, parecia que havia tomado remédios para dormir, levou um tremendo susto, olhou para todos os lados, não havia ninguém, os empregados estavam de folga. Ele não estava mais na casa enorme, era a sua mansão no Morumbi. Domingo ainda. Tudo não passou de um sonho, um estranho sonho.


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Na tarde do dia seguinte, Oséias resolveu caminhar pelas imediações, parou em uma praça, cabisbaixo, desatento a tudo é a todos, não parecia o Oséias alegre de sempre. Já não participava das reuniões de seu partido político, nem os da igreja. Não comparecia aos cultos de domingo, faltava as votações no plenário, sua vida estava ladeira abaixo. Nessa mesma praça, apareceu uma visita inusitada. O homem que durante anos foi o seu pastor, estava ali, bem na sua frente, parado diante de Oséias, que, fixou o olhar naquele senhor sem o reconhecer de pronto, fazia mais de dez anos que não o via.


Oséias ficou observando aquele pastor, passado alguns segundos, depois de um sorriso do pastor, Oséias logo o reconheceu. O pastor havia se mudado, estava dirigindo uma igreja no interior Paulista, mas a pedido do seu pastor presidente, mudou-se para a capital. A igreja que passaria a dirigir ficava próximo a casa de Oséias. Os dois ali ficaram horas a fio conversando, Oséias contando-lhe todos os pormenores e maiores de sua vida desastrosa.





domingo, 30 de janeiro de 2022

Crônica

            


                    DENTRO DE MIM.


 As trevas cobrem toda a extensão do céu, não há estrelas, apenas nuvens sendo clareadas pelo lume causado pelos relâmpagos. Trovões ao longe, que se aproximam, se intensificam. Formou-se a tempestade que logo mais vai desabar. Da janela do meu quarto observo, apaguei todas as luzes, o calor é intenso neste final de Janeiro. Estou em mais uma noite de solidão, os pensamentos fugitivos, a alma angustiada, o coração apertado. São tantas as questões a serem resolvidas, problemas que parecem insolúveis, das quais não dependem de mim unicamente, todas essas ideias flagram a alma levando-me uma vez mais a pena e ao papel, então me desfaço em palavras e ideias.

   Todo esse silêncio me trouxe inquietação, desatino, ligo a luz novamente, peguei alguns livros na estante e os joguei na cama. Um se destacou logo de cara, leitura recente, que espressa exatamente a nossa sociedade atual e seus possíveis destinos, em um breve resumo: O livro foi publicado em 1945, imediatamente interpretada como fábula satírica sobre os descaminhos da Revolução Russa, chegando a ser usada como propaganda anticomunista. O livro traz uma duríssima crítica ao totalitarismo soviético; mas seu sentido transcende o contexto stalinista. O livro conta a história que se passa na fazenda do senhor Jones, os animais que viviam ali, percebem o quanto são maltratados por Jones, e que se matam de trabalhar para os humanos, e que lhes dão toda as suas energias em troca de uma mísera ração, para ao final, serem abatidos. Certo dia, um porco já velho, por nome Major, faz um tremendo discurso incentivando a todos os animais a uma revolução. Major morre, e dias depois, liderados por dois porcos, Bola-de-neve e Napoleão, os bichos então se rebelam e expulsam o fazendeiro de sua propriedade e passam a viver em liberdade, em uma espécie de Estado onde todos são iguais. Porém, essa utopia tão maravilhosa no início, não dura muito tempo, e logo começam a surgir as disputas, os porcos, por se considerarem mais inteligentes, são os novos líderes, criam leis, prometem um novo mundo, mas aos poucos, os demais bichos, não percebem as manobras e manipulações dos porcos, tanto das leis criadas quanto dos assuntos tratados e das regalias que os porcos têm. Tempos depois, Bola-de-neve, que era então o líder, foi expulso da fazenda por Napoleão, que agora, ladeado de seus ferozes protetores cães que criará escondido, se intitula o novo líder. Napoleão distorce sutilmente as leis, faz com que os animais trabalhem mais do que antes da revolução, mas eles estão tão cegos que não percebem nada, e a nova vida, que em tese era para ser de igualdade para todos e melhor, passa a ser pior do que antes. Tentativas de tomar a fazenda acontecem, mas os porcos, hábeis manipuladores das massas, convence os animais em todas as vezes, fazendo deles, o que bem entende para benefício próprio. O livro é de um brilhantismo descomunal, e serve muito bem para ilustrar a sociedade de hoje, das políticas corrompidas com discursos de igualdade, mas que na verdade, assim como na revolução dos bichos, visão apenas a manipulação para o benefício de seus pares.

O livro fala por si, nada mais tenho a dizer nessa crônica. Chuvas e trovões povoam a noite lá fora, assim como a noite aqui, dentro de mim.





domingo, 23 de janeiro de 2022

Crônica de Domingo.

       



              CORAÇÃO PALMEIRENSE.


    Certamente que esse será um ano de grandes revelações. O mundo parece caminhar para o caos, injustiças sociais, pobreza extrema, guerras e desastres naturais. Em meio a tantas notícias ruins e desanimadoras, a medicina nos traz a revelação de algo extraordinário, um marco de nossa era. Pela primeira vez na história aconteceu o transplante de um coração ( de porco ) em um humano. Isso mesmo, um coração 'suíno'. O felizardo foi o americano David Bennett de 57 anos. Durante a cirurgia de David quatro genes foram desativados e seis genes humanos foram inseridos, para enganar o sistema imunológico e ele não rejeitar o transplante. Imaginem as possibilidades se bem utilizada a ideia. 

    A ciência tem se mostrado eficiente em muitos aspectos, em diversas áreas ela tem nos surpreendido com suas 'maravilhas', por assim dizer. Já é possível ver braços e pernas mecânicas em humanos, devidamente ligadas aos membros amputados, conectados aos nervos fazendo o indivíduo realizar tarefas incríveis. Os exemplos são inúmeros. Porém, o custo de um braço ou perna mecânica e tecnológica é enorme. Já o coração, tão mais importante que um braço e uma perna, vindo de um animal fácil de cuidar, é um milagre da ciência moderna. Isso renova as esperanças daquelas milhões de pessoas em filas intermináveis à espera de um órgão. Sou totalmente favorável ao uso da ciência para o bem comum. Sou contra a ciência que constrói bombas e armas nucleares.

Mas, voltando ao coração. 

Quanta evolução desde o dia 3 de dezembro de 1967, quando o cirurgião sul-africano Christiaan Barnard fez o primeiro transplante de coração humano. O paciente só sobreviveu 18 dias, morrendo de infecção. A medicina que é fundamentada na ciência do bem tende a levar o ser humano a outro patamar na evolução. Quando digo isso, 'ciência do bem', me refiro aos muitos pesquisadores engajados em descobrir curas e alternativas ( seguras ) para as moléstias que assolam a humanidade. 

Existe também - não posso deixar de falar sobre o assunto - a máfia que envolve as indústrias farmacêuticas. Haveria cura para muitas das doenças existentes se houvesse um maior engajamento de alguns poderosos. Não é novidade que as indústrias farmacêuticas lucram bilhões na venda de remédios meramente paliativos de algumas doenças. Vender milhões é muito mais negócio do que vender uma única vez. Mas... Quem somos nós na fila do pão para dizer alguma coisa, somos apenas vítimas e cobaias de um sistema ( sem piedade ).

Hoje em dia, em cada casa desse nosso imenso Brasil, existe um porta remédios, seja para pressão, coração ou qualquer outra doença. É impossível encontrar uma casa que não tenha uma diversidade de medicamentos. Por isso digo que, não é lucrativo curar as pessoas, e sim remediar infinitamente.

Eu teria muitos outros assuntos a abordar, 'vacinas', por exemplo; e toda a polêmica envolvida. Esse é um espinhoso capítulo, e não quero me envolver em polêmicas e nem em discussões com ele. Cada um é adulto, dono de si, e sabe o que é melhor para sua vida. Escolhas são feitas e todos nós temos "liberdade" de fazê-las, claro que consequências serão inevitáveis. Espero que a ciência tenha novas e maravilhosas novidades como essa de um autêntico coração (palmeirense).





domingo, 16 de janeiro de 2022

CRÔNICA DE DOMINGO.

 




COMEÇO NEBULOSO.


Chuvas torrenciais em Minas e Bahia, secas em reservatórios de São Paulo, alguns estados em excesso de água trazendo destruição, enquanto outros com escassez tendo que fazer racionamento em muitas cidades. Logo mais tudo isso vai mudar. Esses períodos de contrastes entre seca e chuva, ganho e perda, são recorrentes em nosso país, não é a primeira vez que acontece, desde que Cabral chegou por aqui que é assim, e não será a última vez que acontece. Anormal mesmo é o fato de governantes e governados, mesmo sabendo que cidades e cidadãos não estão preparados para os extremos da natureza, nada fazem de concreto para, pelo menos, tentar mudar hábitos ruins, deixar de agredir o meio ambiente. Pouco se importam com o que está acontecendo.

 O que preocupa de verdade o brasileiro,  pelo menos uma boa parte deles, é a aproximação do carnaval. Embora a Ômicron seja uma realidade tão presente assim quanto a preparação dos blocos carnavalescos de cantores famosos, ela não preocupa tanto a cabeça dos foliões quanto não for possível desfilar em plena avenida. Dizem que não há necessidade de preocupação, uma vez vacinados pela... Espera um pouco .... Acho que, enésima vez, tudo bem. Estaremos vacinados e devidamente protegidos sem a menor possibilidade de sermos infectados pela... Espera ... Acho que quinta vez.

   No começo de Janeiro, o tempo não para, tudo corre em uma velocidade anormal. Vivemos a tirania do tempo, escravizados pelo relógio, acorrentados aos nossos inúmeros afazeres diários. Trabalho, mais trabalho, reuniões, isso, aquilo outro. Não paramos um segundo, não vemos o sol nascer, nem o seu ocaso. Poucos param para observar as estrelas, e quando fazem, são chamados de lunáticos e tantas outras coisas. Não conseguimos perceber o perfume das flores, nem sua beleza. A vida inteira se define pela corrida desenfreada atrás do tempo. É a tirania do relógio.

   Estou apreensivo com o que poderá acontecer, uma vez que, todos os caminhos apontam para um iminente 'desastre'. Vivemos tempos únicos, o país caminha tranquilamente a beira do abismo, sem muito cuidado segue o seu curso rumo ao infinito. Engraçado que ninguém aponta o dedo para si mesmo como culpado de estar na trilha do caos. Cada um aponta o para o próximo dizendo; 'é ele', é àquele', enfim, é todo mundo mas não é ninguém. Passei, de tempos para cá, apontando o dedo para o espelho e dizendo: 'É você o culpado'. Segue a dica, tem funcionado muito bem. O cara do outro lado do espelho que se vire para consertar os seus erros.

   Sei que para muitas coisas existem diferentes possibilidades. Independente de qual seja o caminho, que não seja à beira do abismo. Somos uma nação poderosa, gigantesca, com um povo forte e guerreiro que nunca desistiu de seus sonhos. Tenho certeza que o meu povo não vai se entregar aos erros, às mentiras, às falsidades. Que cada um pense, com cuidado e zelo, uma vez tomada e executada a decisão não terá como voltar atrás. Ou se faz o certo hoje e agora, ou não teremos um amanhã para repousar.


domingo, 9 de janeiro de 2022

ILUSÕES PERDIDAS.



( Crônica )

 ILUSÕES PERDIDAS.


     É uma coisa absurda o que está acontecendo no Brasil, no meu ponto de vista, completamente absurda. Temos uma pandemia em curso, com um vírus que a cada semana sofre uma nova mutação, como se não bastasse, outra mutação do vírus da gripe, e a única preocupação de boa parte dos brasileiros é o Carnaval. Vez e outra me deparo com pessoas ansiosas com as possibilidades de blocos, sambódromo, fantasias, isso, aquilo outro, desfila assim, com essa ou aquela máscara, e no meio da conversa, crítica a todos que são contra o carnaval. É muito comum depararmos com situações semelhantes por aí. Estamos no começo do ano, nos primeiros passos de uma longa caminhada.

   É um começo de ano chuvoso em muitos lugares, extremamente quente durante o dia com pancadas de chuvas a tarde. Mesmo chovendo constantemente, os dias permanecem quentes. A chuva, na medida correta, é muito bem vinda nesse início de ano, uma vez que a maioria dos reservatórios estão a níveis críticos, quanto mais chuva melhor. Entretanto, existem os dois lados da situação, a mesma chuva tão necessária aqui no estado de São Paulo, no estado da Bahia está causando inundações, desastres e mortes. É perceptível como a natureza trabalha em desequilíbrio, e nem é preciso dizer que o culpado é o homem com todas as agressões à natureza.

    O que ocupa mesmo a cabeça de muitos Brasileiros são as festividades que se aproximam. O enclausuramento dos anos anteriores deixou a muitos um tanto que, excessivamente impulsivos quanto à própria liberdade. Para mim, o fim de ano com toda a movimentação anormal é a prova do que estou dizendo, mostra esse anseio pela liberdade, em retomar uma vida normal. Eu sei, e muitos também sabem que não teremos o 'normal' de volta, nos mesmos moldes de outros anos, 'esse normal' por sua vez, está de roupagem nova, em padrões diferentes e pouco admiráveis.

     Outra coisa que será muito discutida, pelo menos nesse ano, é a política. Estamos em um ano eleitoral, eu nunca vi tantas pessoas interessadas e discutindo assuntos relacionados a política. Não é preciso dizer que a nação está... Como posso dizer ... Dividida. Muitos não concordaram com essa colocação, mas se analisarmos bem, perceberemos essa 'diversidade' de opiniões. Todo cidadão com direito a voto é livre para fazer a sua escolha, conforme a sua consciência mandar. Digo mais; ninguém é obrigado a dizer em quem vai votar, se nesse ou naquele. O segredo é um direito seu, e nos tempos que estamos vivendo, é sábio usá-lo.

    Esse será um ano de grandes acontecimentos, expectativas enormes, sonhos grandiosos. Tenho os meus, as minhas dúvidas, incertezas, esperanças e desesperanças, minhas ilusões perdidas. O nosso coração é apenas um pequeno barco nesse mar. Navegar é preciso, ainda que o mar dessa vida se mostre revolto. Haverá o momento em que o sol aparecerá, os dias virão com flores belíssimas e cheias de perfumes. Também é sábio lembrar que no meio do caminho, entre o verão e a primavera, teremos um outono de turbulência e o rigor do inverno. Mas isso não é motivo para tanto desespero, afinal, tudo na vida passa, só o amor que permanece.

CRÔNICA DE DOMINGO.

      UM PÁSSARO EM MINHA JANELA.     Um pássaro pousou em minha janela.     Quisera eu ter a paz e a tranquilidade da pequena ave que pouso...