domingo, 24 de outubro de 2021

Resenha.

 

Quase memória, de Carlos Heitor Cony, é sem dúvida um belíssimo livro, dessas leituras que te prende, arrebata, levando-o a viajar pela imaginação de um mundo e um tempo que não existe mais. Essa foi a minha primeira experiência de leitura com o autor. Posso dizer sem medo que foi uma das melhores do ano. Mergulhar nessas páginas foi maravilhoso.

Cony recebe um embrulho misterioso, tudo naquele pacote, cada detalhe, o faz relembrar de seu pai, morto já há anos. 

Como seria possível tal coisa? Era como se o próprio pai estivesse enviado, todo o conjunto do envelope, a forma que foi amarrado, papéis, tudo tinha a assinatura dele. Nesse ponto, nós leitores já corroídos pela curiosidade queremos saber o que está ali dentro. O que mais me surpreendeu - é vai te surpreender também - é de saber que o presente recebido, cheio de mistérios, não trazia exatamente coisas materiais, mas, um conjunto de recordações, uma verdadeira viagem ao passado de pai e filho. A cada página vivenciamos fatos importantes da vida de cada um deles.

O importante não é o que está dentro do embrulho, mas, tudo aquilo que ele representa na vida do escritor.

Recomendo fortemente a leitura desse livro.

Crônica

 NA ÚLTIMA CURVA DA ESTRADA ESTAVA VOCÊ.



Almas que caminham para o vale da indecisão, não sabem exatamente que rumo tomar, apenas seguem o fluxo sem ao menos prestar atenção no caminho. Algumas desnudas, moribundas, melancólicas, ainda sim seguem, parecem não querer chegar e nem sair ao mesmo tempo, são passos incertos, indecisos na escuridão da noite. 

Quem são elas?

Quais os seus nomes e suas histórias?

Quem saberá os mistérios que as cercam?

As vezes sou entre elas mais uma alma sem um norte, nem ritmo, sem nome... O mundo está cada vez mais cheio de pessoas assim, 'almas ambulantes' esqueletos vestidos de carne caminhando pela rua. Vão aos bares, contam suas mentiras, perturbam por onde passam com e suas meias verdades distorcidas. Cada um conta vantagem no que fez, no que é e foi... São um bando de almas dançarinas, desejando uma valsa a mais com o caos. Você as vê todos os dias pelas ruas, se esbarram o tempo todo nelas, as cumprimentam, as olham nos olhos, mas, você não as enxerga, e nem elas a você. É um mistério que se segue sem explicação.

'Almas mortas', como diz Gogol, sim, sem vida e sentido no que fazem, buscam coisas sem razão, nada lhes satisfazem, não percebem que na verdade, são todas, 'almas mortas'. A cidade está ficando cheia de pessoas que não tem o mínimo de objetivo, nada querem, tudo lhes aborrece, são egocêntricas, gananciosas. Não sabem o que fazer.

Será que existe algo para ser feito? 

Afinal, ainda existe esperança?

Quem poderá trazer todas essas respostas?

Eu caminho em um mundo de palavras mudas, e cada uma delas fazem parte de mim, do meu eu, do meu ser, meu decadente e desconsiderado ser.

Sensações, múltiplos sentimentos que me roubam a razão, que me conduz a insensatez momentânea de achar que o nada vale tudo. Sou mais uma entre essa turba de alucinados, insanos compulsivos, sou a pior entre inúmeros. No entanto, os motivos que me levam à beira do abismo da própria loucura são complexos demais. Às vezes penso que sou um caso de internação em hospital psiquiátrico. 

Quem, afinal, nesta vida é completamente são? 

Quem nunca sucumbiu à loucura?

Somos ovelhas perdidas nas tenebrosas terras desta vida, amamos loucamente, vivemos da mesmíssima maneira, e nem percebemos que somos almas ambulantes à beira do caos. O meu coração está sendo tomado, sem muito esforço, 'ela', sim, aqueles olhos, pernas, bocas e lábios, 'ela', minha loucura voltou... Agora pensem...

Eu mesma não acreditei quando, de repente, ela desprendeu-se da multidão. Surgiu do nada mudando tudo. Eu era apenas aquela que a exemplo de todos os demais caminhava rumo ao Vale da indecisão, contudo, bastou a simplicidade da insensatez para mudar o minha direção. Eu que pensei que seria o fim, a última jornada desta desajustada. A vida tem dessas coisas, dizem tanto que de fato acreditamos que podemos ser quase tudo...

Almas que caminham até não serem mais vistas na última curva da estrada, no entanto, era você quem figurava além da curva.



( L. B )


sábado, 23 de outubro de 2021

A CAVERNA.

 A CAVERNA.




Havia qualquer coisa de diferente com Alice, ela perguntou a todos quantos conhecia a respeito da caverna e seus mistérios. Madame Lili bem que a alertou sobre as histórias assustadoras que os antigos moradores contavam daquele sombrio lugar. 

Diziam os anciões da aldeia, que a caverna da rocha era a porta de entrada para o mundo intraterreno,  habitado por demônios e criaturas desconhecidas. Alice ignorou todas as advertências de madame Lili, mesmo sabendo do risco que corria, entrou na caverna mesmo assim, curiosa em descobrir se aquelas histórias eram verídicas ou se eram meros contos populares.


Era o começo de tarde de uma calorenta sexta-feira quanto o fato aconteceu...


Aquela criatura pequena, de nariz pontiagudo, roupas estranhas, esfarrapadas e de orelhas pontudas, parada diante de Alice era a prova definitiva de que a caverna e tudo quanto diziam eram reais, e que uma das tais criaturas de que tanto se falava estava ali, diante de seus pequenos olhos assustados. 

A estranha criatura permaneceu imóvel por alguns segundos, depois moveu a cabeça levemente para esquerda e depois para a direita, parecendo estar estudando a reação da jovem, que, diante do inusitado encontro, permaneceu petrificada. Todas as suas palavras sumiram, silêncio absoluto, tamanho era o seu espanto.

Aquilo pareceu-lhe um duende, dessas das histórias de contos de fadas. A estranha criatura começou a acenar para ela com as mãos, dedos magros, unhas grandes, acenava chamando-a para acompanhá-lo. Alice estava incerta quanto a oferta do pequeno demônio, deu um passo para trás, pensou em sair correndo o quanto antes da caverna, porém, a sua curiosidade foi ficando cada vez maior do que o próprio medo, vencendo-o pouco a pouco. 

O duende acenava com as mãos, era um convite muito estranho, tudo ali era estranho. Por fim, a criatura vendo que Alice permanecia no mesmo lugar, a chamou pelo nome, proferindo sua rouca voz que ecoou no interior da caverna.


- Não tenha medo Alice - sua voz ecoava no interior da caverna - Venha comigo menina, não tenha medo minha criança doce criança de olhos verdes.


Alice admirou-se do duende estar falando com ela, aquilo tudo era surreal, o espanto foi dando lugar para admiração e curiosidade. Alice estava receosa, no primeiro momento, nada respondeu, ameaçou em dar mais um passo para trás, quando novamente ouviu a voz do pequeno ser.


- Por favor! Não vou lhe machucar... Venha conhecer um mundo cheio de seres fantásticos e mágicos, não é esse o  desejo de seu coração, conhecer os mistérios da caverna?


Vencendo o seu medo, Alice arriscou dialogar com o duende.


- Você é mesmo real? Como sabe o meu nome? E meus desejos? É a primeira vez que venho a esta caverna... Como me conhece?


- Nós, do submundo, sabemos de todas as coisas que se passam lá em cima, minha pequena, mas, vocês, seres da superfície, nada conhecem de nosso mundo e nem a nosso respeito. Não tenha medo, você foi escolhida, será a primeira a conhecer nossos segredos.


- Não... Não... Isso não é real... Não pode ser real... Não mesmo...


- Estou aqui, não estou! Olhe, estou bem na sua frente, veja, sou real, não tenha medo, venha, toque em minha mãos...


Alice deu o primeiro passo em direção ao duende, nos lábios dele despontou um discreto sorriso, sarcástico por sinal, Alice estava admirada demais para perceber os riscos que corria ao acompanhar o misterioso duende. Deu o segundo passo, o terceiro, ainda incerta, lentamente seguiu-o, que continuava acenando. Passo a passo ela foi se distanciando, a pequena criatura sempre a frente, o caminho foi ficando cada vez mais estreito e escuro. Havia medo no olhar de Alice.


- Não enxergo nada, eu vou voltar. Disse ela assustada.


No mesmo instante, em um estalar de dedos, surgiu nas mãos do duende uma tocha, a sua chama iluminou o rosto da criatura e parte do caminho, o mesmo sorriso sarcástico.


- Venha... Temos muito a caminhar, venha. Há luz mais a frente.


Alice seguiu-o embrenhando-se pela caverna.



Era a tarde de uma sexta-feira, começo de verão, dia quente, foi quando a jovem Alice sumiu do povoado do Lajedo. Todos a procuraram por meses, e em todos os locais possíveis, até mesmo em algumas partes da caverna e da floresta em seu entorno, mas, Alice nunca mais foi vista, o seu paradeiro era desconhecido da aldeia. Por fim, depois de meses e meses de procura sem sucesso, sem encontrar uma única pista, desistiram de procurá-la.

Os pais de Alice ficaram arrasados, era a filha caçula dos Andrades.



Passou-se vinte anos desse episódio, a história do desaparecimento de Alice era acrescida às já contadas da caverna e seus fantasmas. Até que certo dia, em uma sexta-feira, começo de verão, moradores relataram ter encontrado uma menina vagando sozinha pela floresta, próximo a caverna, à procura de seus pais. Chorava muito a menina.

O rosto era o mesmo, as roupas, o vestido, os moradores estavam perplexos, como era possível uma coisa daquelas, era a jovem Alice, desaparecida há mais de vinte anos, estava ali, diante de seus olhos. 

Alice retornou misteriosamente.







domingo, 17 de outubro de 2021

Crônica.

 


TODO DIA É A MESMA COISA


- Não existe nada impossível para esse povo Carlinhos, estou te dizendo, povo maluco é esse, dá nó em pingo d' água, eu nunca vi nada igual. Esse povo do quebra é dose.


  - Antigamente não existia coisas assim José, eu me lembro, não havia nada de tão... Como vou dizer... Tão... Absurdamente escancarado. O pessoal era mais discreto em suas pretensões, tal, pelo menos tentava ser discreto, agora... Fazem, desfazem e acusa sem pé nem cabeça, na cara dura.


  - Pois então, veja bem... Lá em casa a Marisa é esquerda, o Juninho é direita, pensa em um pé de briga que dá, um fala isso, outro aquilo, e você não sabe da maior, ficam os dois jogando a bola pra mim, "não é pai, diz pra mãe diz se não é pai", a Marisa faz a mesma coisa.


  - Complicado amigo... Mas aí, de que lado você está nesse conflito doméstico? Direita, esquerda? E aí? Em cima do muro?


  - Do lado do equilíbrio meu caro... Equilíbrio.


 - Equilíbrio? Explica isso.


  - Na minha opinião, não deveria existir lados degladiando-se, atacando-se de forma até, vexatória às vezes... É muito feio isso, que imagem ruim fica para os de fora.


  - Então não deveria ter lado nenhum na sua opinião?


  - Não é isso.


  - O que é então?


  - Não existiria equilíbrio se não tivesse lados opostos para serem, justamente levados a um ponto de igualdade e equilíbrio, discutir civilizadamente, ideias diferentes, para a partir daí, chegarem em um consenso onde todos sejam beneficiados.


  - Verdade, olhando bem, a balança está bem desigual, ninguém ganha com isso. Mas, isso que você está dizendo é quase uma utopia.


  - É... Sei disso. Entendo que, o povo sempre, sempre sai perdendo nessa, um quer gritar mais alto do que o outro, esse acusa aquele e tal... Entende. A coisa é muito mais complicada meu amigo, isso  não é recente, são pequenas coisas que foram acumulando até virar uma bola de neve. Não adianta jogar tudo nas costas do atual presidente, ele não é o culpado de toda essa baderna. Isso veio lá de trás, o problema é que a batata quente parou na mão dele, todo mundo vê, sabe e se faz de desentendido, e o pior é que não deixam os que querem de fato trabalhar fazer o correto


  - Sei não... Isso tudo que você diz é verdade, mas quem enxerga? Se você fala é ridicularizado, até agredido em alguns casos. Os caras levantam bandeiras pelas ruas de regimes  comunistas, sanguinários que matam inocentes... Pode isso?


  - Vamos esperar no que vai dar as próximas eleições, coisa boa eu sei que não é, isso eu garanto a você. Mas vamos esperar.


  - Nem vamos abordar o assunto de eleições, se não... Vamos sair só amanhã daqui.


  - É bem isso mesmo. Urna eletrônica, pode, não pode, é segura, não é... Isso, aquilo... Rapaz, é uma coisa de louco.


  - Quer saber... Já deu por hoje, tá escurecendo, a Praça tá enchendo desses malandros, segurança é pouca mesmo, melhor se mandar.


  - Vamos então, amanhã voltamos, assunto é que não vai faltar.


  - Isso não vai mesmo, pelo menos vamos tentar não falar de política novamente.


  - Faz três meses que estamos dizendo isso, e todo santo dia é a mesma coisa. É sentar aqui e descer a lenha nessa cambada.


  - Tem que fazer isso... Vamos embora, no caminho pago uma para você no bar do Zé.




( A.L )


domingo, 10 de outubro de 2021

CRÔNICA.

                    EMPREGO NOVO.


No mês que passou, setembro, eu havia completado três anos no antigo emprego - eu já explico o termo 'antigo' - nem parece que foi outro dia mesmo que comecei a trabalhar naquele local. No começo foi trágico, meu Deus! E como foi... Hoje dou risadas quando rememorei toda a tragédia Inicial, mas foi exatamente como acabei de mencionar, afinal, antes desse emprego, fiquei por quase três anos desempregado, ou, como se costuma dizer, 'disponível no mercado de trabalho'. 

 Ainda antes desses três anos de disponibilidade do mercado, eu havia sido sumariamente riscado da folha de pagamento da fábrica por onde fiquei por quinze anos. Uma vez fora, era o momento de recomeçar, porém, não seria tão simples essa retomada, afinal, herdei alguns presentes desagradáveis daquela empresa, quatro parafusos e duas placas na coluna, uma cirurgia de artrodese lombar, embora degenerativa, o decorrente agravamento ocorreu devido ao serviço pesado e nada ergonômico ao longo dos anos. Que o leitor compreenda, na empresa que fiquei ( por quinze anos ), embora o laudo da perícia diga o contrário, é sim uma sequela, consequências do esforço repetitivo que eu exercia lá, sendo assim, não seria ético e nem recomendável para empresa a minha demissão, mas... Passado tudo isso, processo judicial correndo a solta, consegui um novo emprego, balcão de açougue, e como dito no início do texto, foi trágico nos primeiros meses, ter que relembrar uma profissão de mais de vinte anos atrás, não foi tão fácil como imaginei. Venci os primeiros meses, lá fiquei por três anos. Com o tempo, fui ganhando confiança, experiência, conhecimento, só não ganhei 'reconhecimento' o que me angustiava bastante, demorei para perceber que era hora de novos horizontes, e esse novo na minha vida surgiu repentinamente, como uma flor que desabrocha ao romper da aurora. 

Uma nova oportunidade, salário melhor, horário mais justo, princípios mais humanitários. Começos são sempre começos, complicados, frio na barriga, incertezas, tudo isso faz parte do plano, não devemos ter medo dos desafios, apenas confiança em nós mesmos, para sempre darmos o nosso melhor.

Do antigo emprego nem tudo foi espinhos, trago boas recordações, momentos felizes, amizades maravilhosas que jamais vou esquecer, boas risadas. Existem em todos os lugares pessoas de todos os tipos, das monstruosas cheias de maldades, as almas benevolentes que aspiram à bondade, com o coração maior que a si mesmos. Não vou revelar os nomes dos poucos anjos e nem dos muitos demônios que encontrei nesses três anos, que Deus os abençoe grandemente. Aos terríveis, maldosos, que me feriram e tentaram me derrubar, também peço ao bom Deus que ilumine esses corações a luz do entendimento, e que a bondade transborde de cada coração. Agora é hora de mudar, novas direções para destinos gloriosos.





domingo, 3 de outubro de 2021

Crônica.

 O INESPERADO É SEMPRE BOM.



Corações abatidos e angustiados, caminhando sem direção por ruas escuras e estradas desconhecidas. É sempre assim, nunca foi diferente e não será agora que haverá de ser.

Geralmente me perguntam, 'Como assim Lu'? 'Que história é essa'? A resposta não é outra. "Então você não sabe", respondo, "Somos todos objetos mesmos".

Eu e você, cada ser humano na face dessa terra é um objeto desse sistema corrupto que nos levam à loucura, somos manipulados o tempo todo por um bando de desafortunados, creia no que estou te dizendo. E sim, caso pergunte, estou me referindo aos caciques dessa aldeia global, eles mesmos, os donos de nossas almas, casas, carros e tudo o que puder imaginar, nada é nosso, tudo é deles.

Não se enganem meus amigos, não há escapatória de suas garras malignas, estamos acorrentados.

Hoje vou apenas esculhambar minhas ideias, apenas jogar palavras no papel, aleatoriamente, sem muita preocupação no que vai dar. Me dou a esse luxo de lançar as palavras como o semeador lançou as suas no campo. Cada semente encontrou o seu tipo de terreno, suas dificuldades, os seus contratempos. Algumas germinaram, cresceram até certo ponto, porém, outras ficaram pelo caminho. Quem não conhece a parábola do semeador, faço aqui uma analogia com a literatura, com o ofício de nós escritores ao lançarmos as nossas sementes, ou seja, nossos livros e textos, cada um sendo depositado em um determinado tipo de terreno. O poeta e o prosador saiu a semear, eu também com essa despretensiosa crônica...

...Me permitam uma interrupção na crônica para dizer uma coisa chata que me ocorreu... A tranquilidade deste domingo foi desfeita em um segundo, a poucas horas atrás, foi tão rápido que ainda não tive tempo de assimilar todo o acontecido. Sinceramente, não era para ser daquele jeito, analisando friamente poderia ter sido evitado se a prudência dessa doida aqui tivesse em primeiro lugar. Digo isso não só por mim, que não me eximo da culpa do acidente, mas também do outro motorista que atravessou em minha frente rápido demais para uma olhada. Essas coisas desmotivam, nos deixam para baixo, mas, nem tudo é tristeza, o prejuízo foi pouco para mim - apenas o parachoque quebrado, lanterna, Capo levemente amassado. O importa que tudo terminou bem... 

Voltando...

Mais uma vez a incerteza retorna, ela acena, e da janela da minha alma a vejo, lá longe, aproximando-se, como se não quisesse nada, mas sempre quer. "O que é essa tal de incerteza? Pergunta minha alma. "Quer mesmo saber? Eu mesma respondo.

Incerteza é o fantasma do passado que vez é outra vem assombrar-nos, em noites escuras ou em dias claros. Não existe momento oportuno ou inoportuno. Todos a temem, embora alguns, finjam ser destemidos e arrojados, na verdade se escondem dela. Muitos inventam estratégias, planos, isso é aquilo... Tudo mentira, são todas formas de se esconder o medo que aterroriza.

Nem tudo é tão ruim quanto parece.

Novos caminhos estão sendo colocados diante de mim, oportunidades que realmente eu não esperava. A minha vida havia se tornado monótona, com frequência de repetições indevidas, inadequadas. Isso incomoda muito, não dá espaço para algo novo, ficamos sem reação, mas, de repente, tudo ressurge em um horizonte de novidades. É até estranho lidar com isso, nos acostumamos com as mesmas coisas sempre, e nunca ligamos para possibilidades de surpresas vindas, como se diz no ditado popular, vem a galope. Sou até receosa com isso, com essas guinadas inesperadas, mas elas surgem, e são boas, agradáveis, me tira da zona de conforto, o que é muito bom.




( L.B. )


sexta-feira, 1 de outubro de 2021

MENSAGEM.

 A ENTREVISTA.


( Apocalipse 20:10 ) 

E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.


─ Olha... Eu queria te agradecer por essa oportunidade de te entrevistar, o senhor sabe o quanto isso é importante para mim. 


─ É... Eu sei, mas seja rápido, sou uma pessoa muito ocupada. 


─ Então… Eu tenho só algumas perguntas aqui, e vou usar um gravador para... 


─ Não... Eu prefiro que você não grave. 


─ Tá bom, tudo bem, eu não vou gravar. 


Sem que ele percebesse, deixei o celular com o gravador ligado, dentro do bolso esquerdo da minha camisa. 


─ Vamos começar então… Minha primeira pergunta é, quem é você? 


─ Esta não é uma pergunta simples de responder, na verdade, eu tenho várias faces, sou rebelde, filósofo, idealista, inventor, o primeiro e maior líder político que já existiu. 


─ A sua aparência é um pouco diferente da que eu imaginava, minha pergunta é, como você realmente é? 


─ Você esperava alguém com um tridente e uma capa vermelha, rabo e chifres? Eu não sou como vocês seres humanos, que estão presos a esse corpo material, pertenço a outro plano de matéria, e posso me apresentar da forma que eu quiser. Posso aparecer como anjo de luz, como fantasma, como uma tentação, ou... Como um este ser humano que bens pode ver. 


─ Posso lhe fazer uma pergunta ousada… Qual é a sua idade? 


─ Você já ouviu aquela música, de alguém que diz ter nascido a dez mil anos atrás... Pois bem, esse alguém sou eu. 


─ Como eu posso saber que você não está mentindo, você não é o pai da mentira? 


─ Você anda lendo a bíblia meu rapaz? 


─ Não... Não senhor. 


─ É... Eu sei que não, foi apenas uma pergunta retórica. As pessoas aumentam um pouco as coisas a meu respeito, a maior parte das coisas que digo é verdade, discernir entre a verdade e a mentira, entretanto, compete a vocês humanos, vocês é quem escolhem o que querem acreditar. 


─ Qual a sua origem? Assim, de onde você veio? 


─ É uma longa história, mas você é um cara inteligente, basta dizer que nós dois somos filhos do mesmo pai. A milhares de anos atrás, eu ocupava um cargo muito importante, uma posição de destaque, então eu quis ser o chefe, fiz minha campanha, você sabe... Política, mas acabou não dando certo, por ter quebrado todas as regras eu e meus aliados fomos expulsos de nosso lar, e, acabamos aqui, na terra. 


─ Significa que existem outros iguais a você aqui? 


─ Tantos, mas tantos, que você nem imagina, milhares de milhares. 


─ E qual é o seu maior trunfo? 


─ Fazer as pessoas acreditarem que eu não existo, afinal, ninguém se preocupa com um personagem folclórico. 


─ E qual o seu maior inimigo? 


─ O filho... Mas eu não quero falar sobre isso. 


─ Qual é o seu maior sonho? 


─ Ser adorado por todas as pessoas, como deus deste mundo. 


─ Você acha mesmo que as pessoas te adoram como deus? 


─ Elas já o fazem, muitos pensam que adoram a Deus, mas adoram do jeito que elas querem, ou então, adoram as coisas que eu inventei, mas nem todos são assim, tem um povo especial... Que é difícil... Mas continue, não quero falar sobre eles. 


─ E quais são as suas estratégias para conseguir essa adoração? 


─ Veja só, essa adoração nem sempre é explícita, basta que alguém se afaste um pouco da verdade, e pronto, automaticamente se torna meu servo. 


─ Mas como assim, especificamente? 


─ Eu tenho uma abordagem diferente para cada tipo de pessoa, primeiro, preciso saber o seu ponto fraco, daí então, a uns forneço glória e poder, isso resulta em morte, miséria, destruição. Aos pobres eu ofereço crendices, depravação, ignorância. Aos ricos eu levo luxo, vaidade, lascívia. Os intelectuais são seduzidos pela soberba, concluindo que Deus não existe, só porque não conseguem explicá-lo com sua limitada ciência, assim, acabam adorando a criatura em lugar do criador. E vícios, muitos vícios, esportes, novelas, games, trabalhos e drogas, no final, todos ficam ocupados demais para buscarem as coisas de Deus. E a maioria das pessoas se vendem por tão pouco. 


─ Como você consegue fazer tudo isso? 


─ Isso é um pouco difícil de explicar, eu não tenho acesso aos pensamentos humanos, mas sou muito observador, posso prever as atitudes das pessoas pelos seus atos, palavras, e reações. Veja... Ninguém rouba por acaso, ele passa um dia em frente a uma vitrine, olha, comenta, demonstra interesse, então eu crio a oportunidade, a situação, alguns chamam isso de tentação. Além do mais, eu posso manipular os elementos desse mundo a meu bel prazer. E por não pertencer ao mesmo plano de matéria que vocês, não estou limitado pelas mesmas leis físicas. Para mim não existem paredes, posso viajar mais rápido que a luz, e reproduzir com perfeição a voz de qualquer pessoa que já viveu sobre essa terra, imitação ,aliás, é um dos meus truques preferidos, quase todo mundo cai. 


─ E criar coisas, você consegue? 


─ Eu não posso criar a vida, sorte de vocês, mas consigo manipular átomos e moléculas, de modo a causas o maior estrago possível, as pessoas e coisas. 


─ E o que você mais odeia? 


─ O perdão, o arrependimento, a reconciliação, os joelhos dobrados em oração, famílias unidas, a bíblia, a lei de Deus, e o seu povo aqui na terra. 


─ Pelo o que eu pude perceber, você é mesmo poderoso, você tem medo de alguma coisa? 


─ Do meu futuro, em breve, aquele que eu crucifiquei vai voltar para essa terra, e acabar com o meu domínio, eu sei que não vai ter saída, que depois, eu vou ser destruído, é por isso que eu tento arrastar o maior número de pessoas comigo, essa é a única maneira de ferir o coração de Deus. 


─ Você comentou que em breve o seu domínio vai acabar, você tem ideia de quando isso vai acontecer? 


─ Agora chega rapaz, eu já revelei mais do que eu deveria para você. Fim da entrevista. 


( texto baseado em um vídeo que recebi recentemente, dado o teor de sua importância, eu quis reproduzi-lo aqui no blog, por meio de diálogo. )


CRÔNICA DE DOMINGO.

      UM PÁSSARO EM MINHA JANELA.     Um pássaro pousou em minha janela.     Quisera eu ter a paz e a tranquilidade da pequena ave que pouso...