domingo, 27 de junho de 2021

CRÔNICA DE DOMINGO.

 DIAS COMUNS...



Dias comuns... Sim, deveria ser dias comuns, como outrora foi. Mas, definitivamente não são meus amigos, e talvez jamais seja. 

Não estou sendo exagerado, tão pouco extremista, nada 'muito' disso, às vezes, apenas, entretanto, sempre costumo ver absurdos em lugares onde eles não existem, não estou sendo... Como vou dizer... Um teórico da conspiração ou qualquer coisa assim. Também não me considero um depressivo e melancólico, embora o dia pareça transcorrer dentro da sua, 'dita' normalidade, não está e nem é, pelo menos de um 'certo' tempo para cá. Vejam que a pandemia mudou nosso cotidiano drasticamente, de modo que, o anormal transformou-se em coisa corriqueira, normal. 

Antes desse vírus aparecer, quando víamos pessoas andando na rua de máscara no rosto, logo surgia aqueles comentários de qual terrível doença a pessoa poderia estar acometida. Hoje, após a Covid-19, é completamente estranho, quase agressivo ver pessoas sem máscaras em estabelecimentos comerciais, lojas, até mesmo nas ruas. Quando nos deparamos com tais indivíduos, 'desmascarados', é estranho. Eu mesmo me sinto estranho sem a máscara quando estou na rua ou em locais fechados, fica aquela sensação de que algo está errado na minha pessoa, como se me faltasse um membro do corpo ou qualquer coisa assim.

Quantas vezes estando de folga e tendo que ir a padaria, por exemplo, me esquecia de levar o dinheiro mas não de sair com a máscara. Houve ocasiões de quase entrar debaixo do chuveiro com ela. Esse é o novo anormal fazendo-se normal em nosso dia a dia.

Mas... Existe um luz no fim do túnel, eis que surgem, vacinas, diferentes marcas com o mesmo propósito protetivo. Claro que, haverá prós e contras. Haverá quem fale isso é aquilo, de que tal vacina é boa e a outra ruim. Toda essa falácia é normal dentro de um contexto de novidades e mudanças. Dificilmente algo novo é aceito logo de primeira. Concordo que haverá sim problemas com as vacinas, não descarto.  Porém, não vejo outra saída... Os governos deixaram uma única porta de escape... Vacina... É tomar ou correr o risco de ficar doente.

No meu trabalho várias pessoas tomaram a vacina, sessentões e cinquentões. E pode acreditar que até o presente momento nenhum deles virou jacaré - risos a parte -, só para descontrair. Um e outro que teve reações, ficou internado, quase foi, mas não foi dessa vez... Brincadeira... Não houve nenhum tipo de reação. Medo de tomar e claro que eu tenho, afinal, quem não tem medo que atire a primeira pedra. Para quem foi vítima do vírus duas vezes e sofreu barbaridades, e ficou com sequelas, não vejo problemas com a vacina. Independente de qual laboratório seja, já que tem que ser, que seja logo.

Espero ansioso por dias melhores, onde o normal seja normal de verdade, é que não tenhamos que conviver com esse fantasma invisível e máscaras no rosto. Também já não aguento mais ter que ficar esbarrando o tempo todo nesse assunto. Vez por outra estou falando sempre da mesma coisa em minhas crônicas. Rodeando sempre o assunto 'COVID'. Está na hora de dizer chega. 


domingo, 6 de junho de 2021

Crônica.

 


O CICLO DA VIDA.



O tempo está passando cada vez mais rápido, já estamos perto do meio do ano. E tudo continua a mesma coisa, nada mudou e não parece querer mudar. Muitas pessoas importantes se foram, vitimadas pela COVID-19. Carrasco vírus impiedoso. Todos nós temos uma história para contar, de um alguém querido que perdeu a guerra nesta batalha tão desigual. Entre os milhões que foram contaminados, também faço parte. Pela misericórdia divina ainda estou por aqui. 

Não vivemos em um mar de rosas, o mundo não está sendo melhor com ninguém. Que as gerações futuras, ao lerem essa crônica, saibam que estamos atravessando um momento único em nossa história. Depois de duas guerras, diferenças religiosas e culturais, guerras civis, enfim, de tanto que foi feito, ninguém conseguiu silenciar com tanta brutalidade a voz do mundo. Os nossos carros ficaram em silêncio, assim como as nossas ruas, empresas, bares, igrejas, lojas... A terra parou, de repente, ajoelhando-se diante de um invisível e minúsculo vírus. Esse pequeno e aplicado inimigo tirou-nos a única coisa que riqueza nenhuma no mundo pode comprar. 

Sabem o que eu desejaria de verdade... Por um único momento. Nada de pandemia... Não...

Eu desejaria muito ter um dia tranquilo, sem nenhuma responsabilidade, com nada, com ninguém, apenas isso, um dia tranquilo e nada mais. Poder sentar e coçar o dia todo, comer o que me der na telha, assistir programas chatos na televisão sem ser interrompido, e novamente comer uma infinidade de besteiras até a barriga doer. Apenas isso… É claro que este pensamento, este insano desejo, não passa de um sonho qualquer, desses que sonhamos de 'barriga cheia', - bem cheia por sinal - como se diz por aí. 

Eu desejaria muito ter, e ser, mas, ao contrário disso, apenas faço nada ter, e cumpro sem questionar, pois não faz diferença o meu 'ser'. Essa é minha vida, este sou eu… Cumpridor da agenda estabelecida, seguindo as regras.

Talvez um dia que sabe, tudo passe, e sei que vai passar. Lá na frente, no futuro, toda essa dor vai ser lembrança em uma tela de computador.

Os governantes de nossa nação não se entendem, digladiam-se exaustivamente até que o mais fraco sucumba. E os pobres assistem sem nada poderem questionar.  

O tempo passa, sopra suave como a brisa das manhãs em nossas nucas. Sentimos apenas um leve arrepio, é isso e nada mais. Que o relógio corra velozmente em busca de mais tempo, e que o tempo corra ainda mais veloz para não ser roubado novamente. Eu e você sabemos que tudo nesta terra, de certo modo,  é inútil. Nascemos, vivemos , morremos. É o ciclo da vida impondo suas regras. E neste momento de filosofia e reflexão, me entrego ao sofá, nada posso contra os seus braços fortes, e como tiro de misericórdia, sou vencido pelo sono.



( T. P )

sábado, 1 de maio de 2021

Mini Conto.

 


NOITE DE NÚPCIAS.


Abre a janela, está escuro lá fora, andarilhas estrelas que ainda vagueiam no ermo escuro. A lua, com sua tímida luz quase a tombar no horizonte, ao Norte, os ventos mornos do verão que sopram suaves e constantes.

Do lado de dentro, a trêmula e fraca luz de um velho lampião dança de um lado para outro, um pequeno rastro de fumaça que sobe e se dissipa na escuridão. Sombras indistintas refletidas na parede do quarto. A cabeceira da cama, um quadro antigo, o jarro de água no criado mudo. O grilo grita lá distante, o sapo responde do outro lado do riacho, o som tranquilo da água que corre ligeiramente. 

É madrugada de sábado.

Madrugada de núpcias.

A janela continua aberta.

A camisola fina revela a pele macia e jovem, o toque da mão, o arrepio na nuca, o olhar de canto de olho, o eriçar dos mamilos marcando a veste. O olhar se perde no horizonte escuro quando ela sente o roçar pulsante entre as nádegas. O olhar se fecha, o suspiro forte ao sentir os lábios beijar-lhe o pescoço subindo até sussurrar levemente nos ouvidos. O corpo inteiro estremece e se arrepia. Sombras refletidas na parede revelam corpos desnudos, sombras perdidas e nuas, vacilantes a luz do lampião.

A janela continua aberta.

A camisola desliza pelo corpo jovem até cair completamente, dedos que tocam levemente a intimidade úmida, ligeiramente inclinada na janela de madeira, sente o roçar pulsante esfregando-se, ela tem medo, em um movimento de subir e descer ele sente desejos como nunca antes. A perna é aberta um pouco mais, bambeia, olhar de desejo na lua fugitiva, dentes que mordem a boca enquanto é introduzida sem muita delicadeza, dor, prazer... A lubrificação ajuda na penetração, quase inaudíveis gemidos, as duas mãos sobre os seus ombros pequenos, movimentos rápidos, o seu corpo totalmente inclinado, ela desaparece na janela, é apenas ele em seu balançar, olhos fechados, o mastro pulsante fazendo-a gemer mais alto, no vai e vem frenético, no roçar da sua intimidade apertada. 

A novidade prazerosa e cheia de dor. O líquido quente jorrando dentro de si.

A janela continua aberta.

É noite de núpcias.

E de repente, lábios e língua percorrem a extensão das suas coxas, subindo lentamente, ao atingir os grandes lábios, úmidos do prazer intenso, não resistindo, ela geme mais alto, a madrugada avança até o cantar do galo. E tudo se repete e se intensifica. Por fim amanhece, dois corpos nus estirados na cama sem lençol.


segunda-feira, 26 de abril de 2021

CONTO.

 



A CAVERNA.

Havia qualquer coisa de diferente no rosto de Alice,ela estava assustada, para não dizer transtornada. Madame Lili bem que avisou sobre a caverna e todas as histórias assustadoras que os antigos moradores da aldeia contavam. 

Diziam os antigos, que a caverna da rocha era a porta de entrada para o mundo intraterreno,  habitado por criaturas monstruosas.

Alice ignorou todas as advertências de madame Lili, mesmo sabendo do risco que corria, entrou na caverna assim mesmo, curiosa em descobrir se aquelas histórias eram verdadeiras ou se eram meros contos populares.


Aquela criatura pequena, de nariz pontiagudo, roupas estranhas, esfarrapadas e de orelhas pontudas diante de Alice era a prova definitiva de que a caverna e tudo quanto diziam eram reais, e que uma das tais criaturas de que tanto se falava estava ali, diante de seus assustados olhos. 

A estranha criatura permaneceu imóvel por alguns segundos, depois moveu a cabeça levemente para esquerda e depois para a direita, parecendo estar estudando a reação de Alice, que, diante do inusitado encontro, permaneceu petrificada. Todas as suas palavras sumiram, silêncio absoluto, tamanho era o seu espanto.

O que pareceu-lhe ser um duende, dessas das histórias de contos de fadas, começou a acenar para ela com as mãos, dedos magros, unhas grandes, acenava chamando-a para acompanhá-lo. Alice estava incerta quanto a oferta, deu um passo para trás, pensou em sair correndo o quanto antes da caverna, porém, a sua curiosidade foi ficando cada vez maior do que o seu medo, vencendo-o pouco a pouco. 

O duende acenava com as mãos, era um convite muito estranho, ali tudo era estranho. Por fim, a criatura vendo que Alice permanecia no mesmo lugar, a chamou pelo nome, proferindo sua rouca voz que ecoou no interior da caverna.


- Não tenho medo Alice. Venha comigo menina, não tenha medo, minha criança...


Alice admirou-se da criatura estar falando com ela, aquilo tudo era surreal, o espanto foi dando lugar para admiração e curiosidade. Receosa, no primeiro momento, nada respondeu, ameaçou em dar mais um passo para trás, quando novamente ouviu a voz da pequena criatura.


- Por favor! Não vou lhe machucar... Venha conhecer um mundo cheio de seres fantásticos e mágicos, não é esse o seu desejo?


Vencendo o seu medo, Alice arriscou dialogar com o duende.


- Você é real? Como sabe o meu nome? E meus desejos? É a primeira vez que venho a esta caverna...


- Nós sabemos de todas as coisas que se passam lá em cima, minha pequena, mas, vocês, seres da superfície, nada conhecem de nosso mundo e nem a nosso respeito. Não tenha medo, você foi escolhida, será a primeira a conhecer nossos segredos.


- Não... Não... Isso não é real... Não pode ser... Não mesmo...


- Estou aqui, não estou! Olhe, estou bem na sua frente, veja, sou real, não tenha medo, venha...


Alice deu o primeiro passo em direção ao duende, nos lábios dele despontou um discreto sorriso, sarcástico por sinal, Alice estava admirada demais para perceber os riscos que corria ao acompanhar o misterioso duende. Deu o segundo passo, o terceiro, ainda incerta, lentamente seguiu-o, que continuava acenando. Passo a passo ela foi se distanciando, a pequena criatura sempre a frente, o caminho foi ficando cada vez mais estreito e escuro. Havia medo no olhar de Alice.


- Não enxergo nada, eu vou voltar. Disse ela reclamando.


No mesmo instante, em um estalar de dedos, surgiu nas mãos do duende uma tocha, a sua chama iluminou o rosto da criatura, o mesmo sorriso sarcástico.


- Venha... Temos muito a caminhar, venha. Há luz mais a frente.


Alice seguiu-o embrenhando-se pela caverna.



Era a tarde de uma sexta-feira, começo de verão, dia quente, foi quando a jovem Alice sumiu do povoado do Lajedo. Todos a procuraram por meses, e em todos os locais possíveis, até mesmo em algumas partes da caverna e da floresta em seu entorno, mas, Alice nunca mais foi vista, o seu paradeiro era desconhecido da aldeia. Por fim, depois de meses e meses de procura sem sucesso, sem encontrar uma única pista, desistiram de procurá-la.

Os pais de Alice ficaram arrasados, era a filha caçula dos Andrades.

Passou-se vinte anos desse episódio, a história do desaparecimento de Alice era acrescida às já contadas da caverna e seus fantasmas. Até que certo dia, em uma sexta-feira, começo de verão, moradores relataram ter encontrado uma menina, vagando sozinha pela floresta à procura de seus pais.






domingo, 18 de abril de 2021

Crônica.

 



CHEIRO DE MORTE.


Cheiro de morte. 

Mas quem liga para isso? 

O cheiro de morte está em todos os lugares, em cada canto, em cada cidade, nos bairros, nas pequenas e grandes ruas, nas esquinas e praças. Não podemos esquecer dos parques e lugares turísticos, supermercados, nesses também há cheiro de morte...

Afinal, quem liga para isso?

Cheiro de morte.

No início houve certo incômodo por parte de alguns, transtorno pela possibilidade do corpo sem vida. Não era ainda a morte propriamente dita, no entanto, somente de imaginar tal possibilidade, havia aqueles que ficavam extremamente incomodados com ela, e ficavam desejosos em fazerem qualquer coisa para evitar a tragédia, que, já se insinuava uma tragédia anunciada.

Cheiro de morte.

Acha mesmo que eu estou exagerando?

De fato, a vida perdeu o seu valor, se é que ela teve algum dia. Basta você olhar para o noticiário, ou ler qualquer jornal. Da primeira morte noticiada para já estarmos beirando quatro mil diariamente, e a coisa não vai parar e nem cessar.  Ninguém parece preocupado com o cheiro da morte em cada um. De fato, as pessoas querem o quê eu não sei. Reclamam tanto para nada, distorcem as informações para seu próprio prazer, confundem o cheiro de morte com a fragrância de um perfume qualquer.

Cheiro de morte.

Do quê mesmo estão brincando?

A impressão que tenho é de que alguns estão brincando de roleta russa, mas, a arma nunca está apontada para o próprio nariz, é sim para o nariz dos outros. Infelizmente, no primeiro apertar do gatilho é sempre fatal. Trocam-se as armas, as munições, e a coisa continua rolando sem controle. Não há muito o que fazer. Na verdade, como diz uma amiga, não há mais nada a fazer. 

A locomotiva saiu dos trilhos faz tempo.

Cheiro de morte.

O que estão querendo?

Teorias da conspiração tem aos milhares, falando de um tudo, abrangendo quase todos. Todavia, para quê teorizar se estamos vendo ao vivo e a cores todas as conspirações colocadas em práticas. Querem sim reduzir a população mundial, e pelo visto estão empenhados e eficientes no ato de eliminação. 

Cheiro de mortes.

Quantas covas foram abertas?

É absurdo, porém, verdadeiro. A morte está pulando pela janela. Não há vagas nos cemitérios. Não há coveiros o suficiente para abrir tantos buracos. Faltam caixões, não há mais vagas nos crematórios. Acham que eu sou exagerada? Se não fizerem algo urgentemente, isso será apenas o começo.

Sim, cheiro de mortes.

Onde?

Em todos os lugares. 

Você não percebeu que este odor a cada dia fica cada vez mais forte. É assustadoramente real. Os anos que estamos vivendo ficaram marcados na história da humanidade, se, porventura, sobrar uma humanidade no futuro. Não creio que chegaremos muito longe, bastou um vírus para mostrar que não chegaremos a lugar nenhum. Não pela potência do vírus, não que ele seja um exterminador implacável... Não... Não é isso amigos... O problema sempre estará na nossa incapacidade de cuidarmos de nós mesmos.

O meu problema sou eu, a pandemia simplesmente mostrou que o meu maior inimigo será sempre eu mesma. Quando eu conseguir controlar e dominar o meu eu, então saberei que existe esperança. 

Eu sinto o cheiro de morte.

As minhas lágrimas são as suas também, não se enganem. A sua dor é a minha dor, quando um perde, significa que todos nós perdemos, não existem vencedores nesse macabro jogo.



( L. B )


domingo, 4 de abril de 2021

Crônica.

 



DIAS DE ISOLAMENTO.


   Estou de frente a minha máquina de escrever, uma remington 22, comprada anos atrás, sempre foi o meu desejo, desde a época da escola ter uma dessas belezuras. Claro que, pelo tempo de uso, ela não se encontra em seu melhor estado de conservação, no entanto, com um pouco de cuidado e paciência ao digitar, é possível fazê-la funcional. Geralmente escrevo minhas crônicas diretamente no celular, em um aplicativo de escrita que depois vai para o computador, mas hoje, devido a atual situação em que me encontro, resolvi escrever esse primeiro rascunho de ideia na máquina. 

   Acontece que, pela segunda vez neste ano, estou em quarentena e de afastamento médico do meu trabalho, por doze dias, com suspeita de estar com coronavírus. Eu não imaginava que fosse passar por toda essa angústia outra vez, fazer o quê, aqui estou eu… Isolado, o que me fez lembrar de certo livro...

Me sinto como o jovem tenente, Giovanni Drogo, aprisionando suas esperanças dia após dia no forte Bastiani. Me sinto como ele, uma vez prisioneiro em meu próprio quarto, escrevo essas perecíveis linhas, do alto do meu forte, tendo como companheira a solidão, e livros e mais livros como amigos. Vivo a vã esperança, assim como Drogo, de ter um grandioso acontecimento que me tire da monotonia, a dura realidade, é que nada acontece de novo nesse deserto. ( Belíssimo livro, Deserto dos Tártaros. Escrito por Dino Buzzati Traverso ). 

   Às vezes o meu coração é como o de um marinheiro em alto mar, sendo açoitado pelas turbulências águas, assim como o velho e o mar,  jogado de um lado para o outro, sem ter muito o que fazer. Olho para a janela atrás de mim, o dia já vai indo embora, a noite o alcança com seus longos braços. Eu permaneço aqui, já não sou mais o marinheiro, sou apenas o cronista desavisado, jogando palavras ao vento. Percebam que, nestes últimos dias, o medo escalou as muralhas de muitos corações, adentrou pela porta da frente, sem que o mesmo não percebesse, o coração só foi dar conta do perigo quando era tarde demais. 

   Sou o primeiro da lista.

   De frente a minha máquina de escrever está a Bíblia sagrada, " Bíblia de Jerusalém", presente que ganhei da minha mãe. Do meu lado esquerdo, figura-se em um guardanapo de papel com duas frutas, uma maçã e uma mexerica, que daqui a pouco vou degustar com todo o prazer. Mas, voltando à Bíblia, olhando-a aberta diante de mim, devo sem a menor sombra de dúvidas confiar na vontade soberana de Deus sem ter medo desse vírus. Mesmo porque, o meu medo não é em perecer devido a ele, mas perecer sem ter o meu nome escrito no livro da vida do Cordeiro. Sei que em Deus tenho algo maior e melhor, é que diante dele, todo o joelho dobrará naquele grande dia, assim sendo, termino esta crônica dizendo, ou melhor, reafirmando que, em Deus está toda esperança, nele unicamente. Temos medo, sim, afinal, somos humanos, é normal sentir medo, no entanto, a certeza da vitória é maior do que o medo.

   Deixo aqui registrado os meus sentimentos a todas as famílias do Brasil que não puderam sequer ter dado um funeral digno aos seus que partiram, os meus sinceros sentimentos, e que Deus conforte vossos corações. 


( T. P )

domingo, 28 de março de 2021

Crônica.

 


A MORTE É A ÚNICA CERTEZA DA VIDA.


O drama da vida humana consiste em seus desenfreados desejos carnais, a qual, por tantos ignorados, os levam ao desespero existencial de não saberem se encaixar no mundo em que se considera, um mundo cão. Os prazeres que regem a carne é uma constante negativa no duelo com espírito humano, é uma autêntica guerra em muitas mentes - não na minha - pois entendo que, devo alimentar aquele que mais me aprouver, e é claro que, a carne sacia a minha feminilidade caída muito mais do que o espírito abatido, mas não sou eu o foco, então, voltemos ao assunto proposto. 

   Desejo que todos igualmente alimentem o lado que mais lhes agradar, quer seja espírito, quer seja carne. Uma vez feito isso, há de se prevalecer quem estiver melhor cuidado. Sendo assim, minha carne, meu alimento, minha perdição, minha loucura, embora, haja entre os ditos espirituais, carnais muito bem disfarçados de benevolentes… Não exatamente disfarçados, mas, de tão caídos que se tornaram em seus pecados ocultos, que igualam-se aos carnais. Falando assim, nem me reconheço às vezes, eu, tão cheia de mim, idealista, sempre me negando a responder certos comentários. 

No entanto, a um pedido especial de meu amigo, também colunista e Jornalista desta página 'Alberto Lispector', fiz quase a contragosto esse breve adendo ao assunto corrido em uma mesa de café. Lembrando que tais ideias e perguntas não partiram da mente do 'Alberto', e sim a de nosso amigo e também escritor, dono da pagina, 'Tiago Pena'. Comentário feito, resposta dada e publicada. É o que eu acho, é me limito a isso… Não quero mais falar no assunto… 

Todavia, no tocante a vida humana neste presente momento, é completamente sem valor. Vivemos uma pandemia devastadora, que só fez mostrar o que há de pior em cada um de nós. Esse lado obscuro e melancólico sempre esteve presente em cada um, faz parte da nossa natureza caída, é praticamente impossível fugir dos fantasmas que criamos para o nosso próprio deleite. 

O circo de horrores está na cidade meu bem, trazendo consigo os espetáculos mais trágicos de todos os tempos. Não é o espetáculo em si que é o mais absurdo, e sim a multidão eufórica que o assiste. Homens e mulheres, fantoches, todos exercendo o seu inutil papel em uma sociedade podre, levada a crer que é o exemplo. Na verdade nunca existiu uma sociedade, comunidade, ou seja lá o que for, ideal é exemplar…  Somos todos levados pelos ventos da inquietação de nossos corações, de nunca estarmos satisfeitos com nada e nem com ninguém. Admitem. Isso é um fato, e o motivo não é o lugar é as coisas… O motivo foi e sempre será nós mesmos. Somos o fruto da carnalidade pecadora de Adão, assim nascemos, assim morreremos. O que acontece entre o nascimento e a morte é mero teatro. O desejo pelo pecado se esconde no olhar de religiosos disfarçados de bonzinhos, ao ver a bela jovem de roupas indecentes passar. Ele a deseja com tanto intensidade e fogo carnal que acaba negando para si mesmo a força da sua natureza humana caída. Meu amigo Alberto, Tiago… Em algum momento dessa breve vida, todos nós, cegamente, nos entregamos, de corpos e alma para o pecado que tanto desejamos. O que mais temíamos. Pode ser que eu esteja errada, sim… Posso incorrer no erro de pensar a vida dessa forma, mas essa sou eu, e não sei ser diferente, entretanto, na mesma proporção pode ser que eu esteja certa em tudo, afinal. A única certeza da vida é a morte.


( L. B )


CRÔNICA DE DOMINGO.

      UM PÁSSARO EM MINHA JANELA.     Um pássaro pousou em minha janela.     Quisera eu ter a paz e a tranquilidade da pequena ave que pouso...