domingo, 21 de novembro de 2021

ARTIGO.

 



NÃO HÁ NADA DE NOVO.


Um dos mais sábios homens do mundo antigo, disse que não há nada de novo debaixo do céu, e que tudo o que vemos, é o reflexo do que já aconteceu. Pensando nisso, e observando o nosso atual contexto social, é possível traçar um paralelo com a bíblia sagrada, percebendo que realmente não há nada novo debaixo do céu, o que acontece hoje, já aconteceu um dia em algum lugar. Salomão inspirado pelo Espírito Santo de Deus foi muito assertivo ao escrever tais palavras, parece até que de alguma forma, ele observava a nossa atual sociedade com todos os seus absurdos acontecendo tão rapidamente.

         Em geral, pessoas mais idosas, não são habituadas a tantas novidades, elas lamentam profundamente, chegando a fazerem comentários que parecem saudosistas, do tipo ( No meu tempo não existia isso ) ou, ( Se fosse à minha época isso não aconteceria ); A razão para tal é perfeitamente compreensível, basta atentarmos para o que eles dizem, e tentarmos entender o momento em que eles viveram. A verdade é que todas essas coisas absurdas, envolvendo drogas, sexualidade, roubos, estupros, pedofilia, e tantas outras coisas, sempre estiveram lá, o que muda daquele tempo para o nosso tempo, é a rapidez com que as informações chegam.

         Quando criança, morei em uma fazenda no interior Mineiro, muito linda por sinal, e nesta fazenda, poucas pessoas tinham televisão. As pessoas que possuíam o aparelho, de certa forma, tinham o mundo dentro das suas casas. Os programas de auditório, jornais, filmes e principalmente as novelas, era um meio de acelerar a informação, fazendo-as adentrar mais facilmente em nossas casas. Passamos a ter conhecimento do que estava acontecendo no mundo. Lembro-me perfeitamente, que os mais velhos naquela época, repudiavam o aparelho televisor, de modo que, as novidades por assim dizer, passavam despercebidas para eles, estavam lá, desabrochando diante de olhares desatentos.

         O primeiro beijo em uma telenovela por exemplo, a primeira cena de um casal tendo relações íntimas, e as cenas de violência, todas essas coisas causaram comoção em uns, e revolta em outros, o que para a minoria na época era normal, para a maioria, era um absurdo. Os valores cristãos, aos poucos, foram perdendo espaço para o uso indevido da liberdade de expressão, do conceito errado quanto ao livre arbítrio. Homens e mulheres desejavam conhecer um pouco mais daquele novo e sedutor mundo. Todas aquelas novidades, muito bem fantasiadas por sinal, foram aos poucos ganhando espaço no coração do homem. O mesmo havia acontecido no passado, na história bíblica em que se narra a queda do homem no jardim do Éden, descrita no Gênesis, onde Eva não cedeu a tentação do dia para noite, certamente que seu olhar já há muito desejava o fruto proibido, a serpente observando esse comportamento da mulher, enganou-a distorcendo uma verdade, fazendo com que ela comesse do fruto proibido, e ainda o compartilhasse com seu companheiro, pois bem, não há nada novo debaixo do céu. Hoje nós vemos a mesma estratégia sendo usada com homens e mulheres, que uma vez seduzidos e enganados, enxergam no erro o que julgam ser certo, e aquilo que é certo, o julgam por errado. Por esse motivo, que não há nada de novo debaixo do céu, o que existe são formas diferentes de se apresentar a mesma coisa.

         Se bem observarmos a Bíblia sagrada, em suas inúmeras páginas, capítulos, versículos e histórias, encontramos de tudo um pouco, dramas sociais, abusos, mortes, estupros, guerras, reinos destruídos, enfim, tudo está lá. Basta ao leitor procurar. A bíblia não esconde de ninguém o que os seus personagens fizeram de errado, pelo contrário, ela nos mostra com clareza as mazelas de seus grandes homens, para que assim possamos aprender com o erro deles, sem que o tenhamos que cometer. A bíblia nos ensina normas de conduta, civilidade, compreensão, e principalmente, do amor e respeito ao próximo. A Bíblia é sem dúvidas, na opinião desse que vos escreve, o maior e o melhor livro que já existiu, um livro onde está o passado, o presente, e o futuro.

         Mas como eu havia dito no começo, não existe nada de novo debaixo do céu, somente para estimular a lembrança dos leitores, que certamente conhecem a história que ora vou citar. Quem nunca ouviu dizer de Sodoma e Gomorra, cidades da antiguidade que foram destruídas por Deus devido aos seus muitos pecados, quem nunca ouviu falar de Ló e sua família, moradores dessa cidade, os únicos nela que foram achados justos e por misericórdia divina, teve suas vidas poupada por Deus.

         Somente nestas duas cidades, já naquela época, existia e praticavam os seus moradores, o que nos dias de hoje ainda é considerado um absurdo. Não somente isso, mas toda sorte de malignidade eram praticadas ali. O que mais dói em meu coração, é ver que as grandes cidades de hoje são o reflexo do que um dia foi Sodoma e Gomorra. É ver também que, da mesma forma que aconteceu no passado, acontece ainda hoje, o certo é considerado quadradamente errado, enquanto o errado desce redondamente certo goela abaixo. A bíblia é clara ao condenar certas práticas, mas o mundo de hoje as considera valores que não devem ser perdidos. Salomão estava certo, não há nada de novo debaixo do céu, o que ora nós vemos, outros olhos já contemplaram um dia. Muitos se questionam e perguntam o que vai acontecer daqui para frente, bom... Eu volto a repetir, basta olharmos para trás, vislumbrarmos através da bíblia o que Deus fez no passado aos pecadores que não quiseram se emendar aos preceitos divinos, basta olharmos, então teremos uma ideia nítida do que o criador fará mais a frente. A bíblia não deve ser depreciada, pelo contrário, ela é a voz de Deus, e deve ser creditada como verdade. Termino dizendo que, todas as verdades estão lá, todas as respostas a todos os questionamentos estão na Bíblia, basta a lermos, apenas isso, basta a lermos, não somente com os olhos carnais, mas principalmente, com os olhos espirituais.  




Crônica.

 



ESCONDIDO EM MEU SORRISO...


   Nada como um dia de folga, descanso semanal merecido, esse dia era na segunda-feira, quando eu estava no antigo emprego, agora, de emprego novo, migrou para, quarta, depois terça e agora na sexta-feira, o que é ótimo, independente do dia da folga, o que importa é ter um dia para poder descansar e repor as energias... O que não é tão verdade assim, um dia apenas não é o suficiente para revigorar o corpo, porém, lhe dá tempo para respirar. Afinal ninguém é de ferro, e que soe o gongo para um breve intervalo entre um round e outro.

   O meu interior não reflete o exterior. O interior desse cronista talvez dissesse algo como...


... Eu que pensei que seria diferente… Sim, eu pensei que seria diferente, deveras acreditei que dessa vez seria diferente, ah! Como eu me enganei... Não foi como pensei, angustiado, chorei, ninguém viu as lágrimas, se viu, comportaram como se nem tivesse visto. É sempre assim, desde muito tempo, que a propósito, até me foge da memória, de tão largo que é esse tempo. 

Solidão… Sim, é solidão. Eu me alimento da solidão, dela bebo, embriago-me todos os dias com ela. Tornei-me um solitário caminhando por entre as pessoas, sempre vendo sem ser visto, percebendo sem ser percebido. Ah! Doce condição de ser esse poço de esquecimento. A minha alma está em súplica desesperada, quer por que quer desvencilhar-se desta condição cruel de não ser notada. Eu que pensei… Sim, realmente acreditei com todas as forças que eu era alguma coisa para algumas pessoas. Se eu fui, não houve nenhuma demonstração que fizesse perceber tal. 

Muitos já notaram isso, sim… E olhe que alguns até tentaram avisar-me, eu, estúpido, cego, não quis escutar a ninguém, nem mesmo a voz do meu próprio coração. Ah! Vida cruel, como eu gostaria de habitar a ilha solidão, de ser Giovanni Marconi, que pena que ele é apenas meu fictício personagem, o delírio de minha criação. 

Solidão… Sim, há quem por aí diga, que existem piores, se verdade for, nem lá por perto quero passar, mas, acontece que essa dor que me assola, é por demais rancorosa. Ah! Como eu gostaria que tudo fosse diferente, que a vida, pelo menos por uma única vez, estivesse à altura do que se passa em minha cabeça. A vida mostrou-se por demais astuta, pregando-me peças. 

Eu que pensei… Sim, foi uma ilusão, e não adianta dizer: " Eu avisei", Eu sei disso. Não quero muita coisa, não, claro que não, acredite no que digo… Não desejo o estrelato, quero apenas ser visto, por acaso é pedir muito... Não foi a primeira e nem vai ser a última… Ah! Não sei se posso continuar com isso. Pobre de mim. Solidão… Sim, dessa vez o golpe teve uma precisão incrível, atingiu o coração, a alma, tudo. Tentei esquivar dos ataques, mas, quem me alvejou, foi certeiro nos golpes, soube exatamente como fazer e quando fazer. O meu desejo é desaparecer, sumir do mapa, porém, bem sei que desaparecer não resolverá o meu problema, pelo contrário, o fará ainda pior...


   Essa seria a voz da alma lá no âmago do sentimento, aquela que ninguém vê escondido em meu sorriso, mas, é dia neutro amigos, e quero apenas ver o reflexo do meu exterior, que nesse momento parece bem mais agradável.


( T.P )


domingo, 14 de novembro de 2021

Crônica.



 A DECISÃO É SUA.


  Talvez eu devesse começar a crônica da seguinte maneira...

  ... O mundo como nós o conhecemos foi moldado sobre fundamentos falsos, tudo quanto aprendemos na escola desde criança é uma completa mentira... Esqueça tudo o que você aprendeu... 

Verdades sobre a origem de nossa raça foram escondidas, assim como muitas outras coisas que vocês nem imaginam. A verdadeira face do mundo está por detrás das cortinas de ferro. Os seres humanos estão acostumados a aceitar tudo o que a mídia diz com muita facilidade, nada é questionado, e ninguém se preocupa em verificar se o que estão dizendo ou ensinando é realmente aquilo mesmo. As pessoas nunca foram tão fáceis de dominar.

O que você pensa que é verdade, pode ser mentira, e a mentira que te ensinaram pode ser verdade, você é que vai escolher o que é verdade e o que é mentira. Conspirações sempre fizeram parte da história e de nosso folclore, planos absurdos e paranoias que parecem ser reais, muitos dizem que tudo não passa de uma farsa, de invenções fabulosas. Há um ditado que diz que uma mentira contada muitas vezes torna-se com o tempo uma verdade, e é isso que vem acontecendo há séculos, basta controlar a informação, a mídia é o ponto forte nesse plano, controlando as informações que ela transmite logo você está controlando toda a massa. Nem tudo o que passa na televisão é verdade, eu diria que a porcentagem de verdade é bem pouca...


  Que tal...

  Talvez eu comece de outra maneira.

  Mas... nesse mundo maluco em que vivemos, que diferença isso faz? Se somos ou não controlados, se existem ou não conspirações.

  É domingo amigo leitor.

  Apenas isso, nada mais, um dia como outro qualquer e nada além de mais um dia, controlando ou sendo controlado, com verdades ou com mentiras, é menos um dia...

  O que você queria? 

  É difícil de dizer, e eu sei como são complexos os nossos sentimentos, a alma às vezes parece que é separada do espírito e do corpo, o coração dilacerado dentro do próprio peito em ânsias infinitas.

  O que você quer que eu diga?

  Não há nada de bom nesse mundo, disso nós sabemos, finjam então que tudo é magnífico e transformador...

Contente com o que você tem e é, não sofra por coisas desnecessárias. É apenas mais um domingo que parou na curva do tempo, por um instante apenas, não vá se animar, logo ele se solta e segue o seu curso no infinito temporal que nunca para. Nós continuaremos aqui, com nossas vidas bestas sem nenhum sentido. Sou apenas uma voz que grita incessantemente sem ser ouvida. Sou palavras sem sentido em perecíveis olhares e pensamentos. Uma ideia coletiva que virou narrativa, e depois de lida, transformou-se novamente em ideia definitiva.



( L.B )


domingo, 31 de outubro de 2021

Crônica

 BUSCANDO O EQUILÍBRIO.



Eu não compreendo o motivo de não encontrar o meu equilíbrio... Eu devia de tê-lo nas palmas das mãos, tão facilmente, 

O que acontece? 

Os dias foram ruins, isso eu sei, pelo menos coisa de três semanas para trás, foram dias terríveis e tenebrosos, que me tiraram completamente a paz de espírito, correria, incertezas, chateações, enfim, deu para entender que não foi nada fácil. Agora a realidade é outra, e se mostra tão mais tranquila em certos aspectos, em paz, sem perturbações aparentes, porém, lá dentro do coração, no âmago dos sentimentos, existe alguma coisa fora do lugar que não atinei no que é. Esses sentimentos são complexos, quase inexplicáveis.

Você já tentou esquadrinhar os teus sentimentos?

Talvez como eu, você tenha tentado de muitas maneiras, sem obter sucesso nesta difícil tarefa... Sendo assim, seja bem vindo ao meu mundo caríssimo leitor. Eu sempre busquei o equilíbrio em todas as áreas da minha vida, inclusive, sentimental, contudo, em quase todas, obteve, certo, sucesso em medida aceitável, em algum momento da vida. Já os sentimentos regidos pelo déspota coração, esses são como touros bravos, dificilmente domináveis, inconstantes, perigosos. É justamente essa instabilidade que me jogou no barco da literatura, poesia e da prosa. Busco explicar nas palavras o que eu não consigo dizer ou expressar pessoalmente. Em prosa e em verso é outra história, o meu próprio universo inexplicável passa a fazer sentido.

Nesse teatro de complexidade da vida, sou apenas mais um na fila do pão, nessa de dominar essa fera enjaulada dentro do peito. 

Quem nunca tentou que atire a primeira pedra.

É da natureza do ser humano o querer dominar e conquistar, ser dominado é conquistado está fora de cogitação, mas, justamente nesse quesito que somos pegos de surpresa por esse... Como vou dizer... O amigo que mora dentro do nosso peito. Há pessoas, não muitas - eu peco por invejá-las - que tem um completo domínio de si mesmas e jamais se deixam ser domadas por nada, aliás. São verdadeiros guerreiros, que não se deixam abater por qualquer acontecimento, são duros na queda.

Por não ter essa estabilidade, foi que na época da escola criei o meu primeiro pseudo-heterônimo, a exemplo de Fernando Pessoa. Dei-lhe o nome de 

"Alberto de Andrade Lispector" essa minha, 'personalidade', da qual também se utiliza desse espaço para escrever suas crônicas, é alguém mais voltado para política, resolvido pessoalmente, com algum viés para poesia em algumas ocasiões. Recentemente descobri outra personalidade habitando dentro de mim, dessa vez feminina, essa se auto proclama, 'Luise Batiliere', também presente nesse espaço literário, porém, totalmente avessa à política, mulher firme e muito decidida. Os seus textos por vezes são ácidos, melancólicos, extravagantes. São duas faces dentro do meu próprio eu... 'Loucura', sim eu confesso... É loucura ser eu mesmo. Afinal, loucura é necessária.

Essas vozes literárias dentro de mim representam aquilo que eu desejaria ser mas por motivos que desconheço, jamais serei. Encontrar o equilíbrio é fundamental, buscá-lo, é necessário. Não significa que vamos encontrar sempre, só o fato de tentar mudar tudo. Estou exatamente nesse ponto da vida, de uma busca constante por mudanças, e sei que vou conseguir, eu, e todos os meus "eus".



  ( T. P )


quinta-feira, 28 de outubro de 2021

CONTO.

 BREVE HISTÓRIA.


   Amanheceu. 


   Segunda-feira, pouco vento, a Edward Fru-Fru está movimentada. Algumas pessoas passam apressadamente pela calçada, outras, figuram estatísticas, veículos parados em um congestionamento enorme, é mais um dia eufórico na cidade de Sorocaba. Bernadete está quase a correr para não perder o ônibus, sigo logo atrás dela, Os meus pensamentos vagam tumultuosos, perambulando pela minha cabeça de um lado a outro, desvio dos buracos no calçamento, também tenho pressa, vastas emoções e pensamentos imperfeitos. Entramos no ônibus, sentei-me atrás dela, seguimos rumo ao nosso destino.


  Trânsito travado como de sempre, meia hora depois Bernadete desceu no ponto mais próximo possível da escola, 'QualiMoura Cursos', espero para descer mais a frente. Bernadete vai a passos largos, olhando de um lado para outro, desconfia de tudo e todos.


  Não demora e chegamos quase juntos na escola, que está vazia por sinal, sete e meia da manhã, somos uns dos primeiros alunos a chegar. Estamos cursando gestão da qualidade total, um bom curso, uma junção de outros quatro; metrologia, qualidade, desenho mecânico, auditor ISO. Exigências da maioria das empresas da cidade.


  Verdade seja dita, embora a escolha seja boa, Bernadete não simpatizou com o curso, 'segundo suas próprias palavras', mas… Desempregada (ou melhor), disponível no mercado, não estava na posição de fazer muitas escolhas, por isso ela buscava a opção mais favorável para se conseguir emprego.


   Os demais alunos começam a chegar a passos de tartaruga, preguiçosos, cabisbaixos. Aglomeram-se próximos a secretária, permanecendo indiferentes um ao outro. Distraem-se com os seus celulares nas mãos e fones nos ouvidos. São poucos os que se dispõem a trocar algumas palavras com Bernadete ou comigo, um e outro que perguntam qualquer coisa sem relevância.


  Bernadete é tímida, eu ainda mais, ela continua em seu canto, o mais próximo possível da sala de aula, apenas observando todo o movimento. Uma nova arremessa de alunos começa chegar - em cima do horário por sinal - a escola antes vazia agora está quase sem espaço. Aos poucos cada aluno procura a sua classe, um a um vão saindo, ainda cabisbaixos e com os seus celulares nas mãos. Quando o relógio marca oito horas em ponto, toca o sinal da escola, um barulho enjoado que machuca os ouvidos. Os demais buscam cada um o seu lugar de sempre. Eu e Bernadete entramos na classe, ela ficou do lado oposto, bem no canto da parede. 


  A professora chega logo em seguida, é dia de prova, temida prova de desenho mecânico. Bernadete está confiante quanto ao seu desempenho… Eu nem tanto.


  Prova nas mãos, depois de uma breve leitura e releitura das questões propostas, ela começa respondendo cada uma delas, com muita calma e usufruindo sabiamente de todo o tempo disponível - mulher esperta - depois de responder tudo, 'ainda com tempo de sobra' faz uma última correção. Quando finalmente ela entregou a prova, entreguei a minha em seguida, a professora corrigiu na mesma hora, o meu coração estava em descompasso novamente. Veio a primeira notícia, 'boa', Bernadete tirou dez, eu errei uma, depois veio a segunda boa notícia; a professora lhe disse, "Pode ir embora, está liberada Bernadete é Alberto". 


  Ela não perdeu tempo, foi apressadamente para o ponto de ônibus enfrentar mais uma parcela do suplício das esperas intermináveis, saiu novamente quase a correr, certamente que queria chegar logo em sua casa, na segurança de seu lar. Eu saí no seu encalço.


  De tão apressada e assustada que estava com alguns jovens que estavam fumando e bebendo na esquina próxima, ela atravessou a rua sem prestar atenção, o sinal estava aberto, gritei, não houve mais tempo para mais nada,  Bernadete foi atropelada… chamei o resgate, era tarde demais.


  E o dia se foi, levou Bernadete, sua breve história termina aqui... 


domingo, 24 de outubro de 2021

Resenha.

 

Quase memória, de Carlos Heitor Cony, é sem dúvida um belíssimo livro, dessas leituras que te prende, arrebata, levando-o a viajar pela imaginação de um mundo e um tempo que não existe mais. Essa foi a minha primeira experiência de leitura com o autor. Posso dizer sem medo que foi uma das melhores do ano. Mergulhar nessas páginas foi maravilhoso.

Cony recebe um embrulho misterioso, tudo naquele pacote, cada detalhe, o faz relembrar de seu pai, morto já há anos. 

Como seria possível tal coisa? Era como se o próprio pai estivesse enviado, todo o conjunto do envelope, a forma que foi amarrado, papéis, tudo tinha a assinatura dele. Nesse ponto, nós leitores já corroídos pela curiosidade queremos saber o que está ali dentro. O que mais me surpreendeu - é vai te surpreender também - é de saber que o presente recebido, cheio de mistérios, não trazia exatamente coisas materiais, mas, um conjunto de recordações, uma verdadeira viagem ao passado de pai e filho. A cada página vivenciamos fatos importantes da vida de cada um deles.

O importante não é o que está dentro do embrulho, mas, tudo aquilo que ele representa na vida do escritor.

Recomendo fortemente a leitura desse livro.

Crônica

 NA ÚLTIMA CURVA DA ESTRADA ESTAVA VOCÊ.



Almas que caminham para o vale da indecisão, não sabem exatamente que rumo tomar, apenas seguem o fluxo sem ao menos prestar atenção no caminho. Algumas desnudas, moribundas, melancólicas, ainda sim seguem, parecem não querer chegar e nem sair ao mesmo tempo, são passos incertos, indecisos na escuridão da noite. 

Quem são elas?

Quais os seus nomes e suas histórias?

Quem saberá os mistérios que as cercam?

As vezes sou entre elas mais uma alma sem um norte, nem ritmo, sem nome... O mundo está cada vez mais cheio de pessoas assim, 'almas ambulantes' esqueletos vestidos de carne caminhando pela rua. Vão aos bares, contam suas mentiras, perturbam por onde passam com e suas meias verdades distorcidas. Cada um conta vantagem no que fez, no que é e foi... São um bando de almas dançarinas, desejando uma valsa a mais com o caos. Você as vê todos os dias pelas ruas, se esbarram o tempo todo nelas, as cumprimentam, as olham nos olhos, mas, você não as enxerga, e nem elas a você. É um mistério que se segue sem explicação.

'Almas mortas', como diz Gogol, sim, sem vida e sentido no que fazem, buscam coisas sem razão, nada lhes satisfazem, não percebem que na verdade, são todas, 'almas mortas'. A cidade está ficando cheia de pessoas que não tem o mínimo de objetivo, nada querem, tudo lhes aborrece, são egocêntricas, gananciosas. Não sabem o que fazer.

Será que existe algo para ser feito? 

Afinal, ainda existe esperança?

Quem poderá trazer todas essas respostas?

Eu caminho em um mundo de palavras mudas, e cada uma delas fazem parte de mim, do meu eu, do meu ser, meu decadente e desconsiderado ser.

Sensações, múltiplos sentimentos que me roubam a razão, que me conduz a insensatez momentânea de achar que o nada vale tudo. Sou mais uma entre essa turba de alucinados, insanos compulsivos, sou a pior entre inúmeros. No entanto, os motivos que me levam à beira do abismo da própria loucura são complexos demais. Às vezes penso que sou um caso de internação em hospital psiquiátrico. 

Quem, afinal, nesta vida é completamente são? 

Quem nunca sucumbiu à loucura?

Somos ovelhas perdidas nas tenebrosas terras desta vida, amamos loucamente, vivemos da mesmíssima maneira, e nem percebemos que somos almas ambulantes à beira do caos. O meu coração está sendo tomado, sem muito esforço, 'ela', sim, aqueles olhos, pernas, bocas e lábios, 'ela', minha loucura voltou... Agora pensem...

Eu mesma não acreditei quando, de repente, ela desprendeu-se da multidão. Surgiu do nada mudando tudo. Eu era apenas aquela que a exemplo de todos os demais caminhava rumo ao Vale da indecisão, contudo, bastou a simplicidade da insensatez para mudar o minha direção. Eu que pensei que seria o fim, a última jornada desta desajustada. A vida tem dessas coisas, dizem tanto que de fato acreditamos que podemos ser quase tudo...

Almas que caminham até não serem mais vistas na última curva da estrada, no entanto, era você quem figurava além da curva.



( L. B )


MOSAICO DE SENTIMENTOS NUS.

      As janelas do castelo estavam abertas, escancaradas ao público de modo que era possível ver dentro do próprio reino.      Nos recôndit...