sábado, 1 de maio de 2021

Mini Conto.

 


NOITE DE NÚPCIAS.


Abre a janela, está escuro lá fora, andarilhas estrelas que ainda vagueiam no ermo escuro. A lua, com sua tímida luz quase a tombar no horizonte, ao Norte, os ventos mornos do verão que sopram suaves e constantes.

Do lado de dentro, a trêmula e fraca luz de um velho lampião dança de um lado para outro, um pequeno rastro de fumaça que sobe e se dissipa na escuridão. Sombras indistintas refletidas na parede do quarto. A cabeceira da cama, um quadro antigo, o jarro de água no criado mudo. O grilo grita lá distante, o sapo responde do outro lado do riacho, o som tranquilo da água que corre ligeiramente. 

É madrugada de sábado.

Madrugada de núpcias.

A janela continua aberta.

A camisola fina revela a pele macia e jovem, o toque da mão, o arrepio na nuca, o olhar de canto de olho, o eriçar dos mamilos marcando a veste. O olhar se perde no horizonte escuro quando ela sente o roçar pulsante entre as nádegas. O olhar se fecha, o suspiro forte ao sentir os lábios beijar-lhe o pescoço subindo até sussurrar levemente nos ouvidos. O corpo inteiro estremece e se arrepia. Sombras refletidas na parede revelam corpos desnudos, sombras perdidas e nuas, vacilantes a luz do lampião.

A janela continua aberta.

A camisola desliza pelo corpo jovem até cair completamente, dedos que tocam levemente a intimidade úmida, ligeiramente inclinada na janela de madeira, sente o roçar pulsante esfregando-se, ela tem medo, em um movimento de subir e descer ele sente desejos como nunca antes. A perna é aberta um pouco mais, bambeia, olhar de desejo na lua fugitiva, dentes que mordem a boca enquanto é introduzida sem muita delicadeza, dor, prazer... A lubrificação ajuda na penetração, quase inaudíveis gemidos, as duas mãos sobre os seus ombros pequenos, movimentos rápidos, o seu corpo totalmente inclinado, ela desaparece na janela, é apenas ele em seu balançar, olhos fechados, o mastro pulsante fazendo-a gemer mais alto, no vai e vem frenético, no roçar da sua intimidade apertada. 

A novidade prazerosa e cheia de dor. O líquido quente jorrando dentro de si.

A janela continua aberta.

É noite de núpcias.

E de repente, lábios e língua percorrem a extensão das suas coxas, subindo lentamente, ao atingir os grandes lábios, úmidos do prazer intenso, não resistindo, ela geme mais alto, a madrugada avança até o cantar do galo. E tudo se repete e se intensifica. Por fim amanhece, dois corpos nus estirados na cama sem lençol.


segunda-feira, 26 de abril de 2021

CONTO.

 



A CAVERNA.

Havia qualquer coisa de diferente no rosto de Alice,ela estava assustada, para não dizer transtornada. Madame Lili bem que avisou sobre a caverna e todas as histórias assustadoras que os antigos moradores da aldeia contavam. 

Diziam os antigos, que a caverna da rocha era a porta de entrada para o mundo intraterreno,  habitado por criaturas monstruosas.

Alice ignorou todas as advertências de madame Lili, mesmo sabendo do risco que corria, entrou na caverna assim mesmo, curiosa em descobrir se aquelas histórias eram verdadeiras ou se eram meros contos populares.


Aquela criatura pequena, de nariz pontiagudo, roupas estranhas, esfarrapadas e de orelhas pontudas diante de Alice era a prova definitiva de que a caverna e tudo quanto diziam eram reais, e que uma das tais criaturas de que tanto se falava estava ali, diante de seus assustados olhos. 

A estranha criatura permaneceu imóvel por alguns segundos, depois moveu a cabeça levemente para esquerda e depois para a direita, parecendo estar estudando a reação de Alice, que, diante do inusitado encontro, permaneceu petrificada. Todas as suas palavras sumiram, silêncio absoluto, tamanho era o seu espanto.

O que pareceu-lhe ser um duende, dessas das histórias de contos de fadas, começou a acenar para ela com as mãos, dedos magros, unhas grandes, acenava chamando-a para acompanhá-lo. Alice estava incerta quanto a oferta, deu um passo para trás, pensou em sair correndo o quanto antes da caverna, porém, a sua curiosidade foi ficando cada vez maior do que o seu medo, vencendo-o pouco a pouco. 

O duende acenava com as mãos, era um convite muito estranho, ali tudo era estranho. Por fim, a criatura vendo que Alice permanecia no mesmo lugar, a chamou pelo nome, proferindo sua rouca voz que ecoou no interior da caverna.


- Não tenho medo Alice. Venha comigo menina, não tenha medo, minha criança...


Alice admirou-se da criatura estar falando com ela, aquilo tudo era surreal, o espanto foi dando lugar para admiração e curiosidade. Receosa, no primeiro momento, nada respondeu, ameaçou em dar mais um passo para trás, quando novamente ouviu a voz da pequena criatura.


- Por favor! Não vou lhe machucar... Venha conhecer um mundo cheio de seres fantásticos e mágicos, não é esse o seu desejo?


Vencendo o seu medo, Alice arriscou dialogar com o duende.


- Você é real? Como sabe o meu nome? E meus desejos? É a primeira vez que venho a esta caverna...


- Nós sabemos de todas as coisas que se passam lá em cima, minha pequena, mas, vocês, seres da superfície, nada conhecem de nosso mundo e nem a nosso respeito. Não tenha medo, você foi escolhida, será a primeira a conhecer nossos segredos.


- Não... Não... Isso não é real... Não pode ser... Não mesmo...


- Estou aqui, não estou! Olhe, estou bem na sua frente, veja, sou real, não tenha medo, venha...


Alice deu o primeiro passo em direção ao duende, nos lábios dele despontou um discreto sorriso, sarcástico por sinal, Alice estava admirada demais para perceber os riscos que corria ao acompanhar o misterioso duende. Deu o segundo passo, o terceiro, ainda incerta, lentamente seguiu-o, que continuava acenando. Passo a passo ela foi se distanciando, a pequena criatura sempre a frente, o caminho foi ficando cada vez mais estreito e escuro. Havia medo no olhar de Alice.


- Não enxergo nada, eu vou voltar. Disse ela reclamando.


No mesmo instante, em um estalar de dedos, surgiu nas mãos do duende uma tocha, a sua chama iluminou o rosto da criatura, o mesmo sorriso sarcástico.


- Venha... Temos muito a caminhar, venha. Há luz mais a frente.


Alice seguiu-o embrenhando-se pela caverna.



Era a tarde de uma sexta-feira, começo de verão, dia quente, foi quando a jovem Alice sumiu do povoado do Lajedo. Todos a procuraram por meses, e em todos os locais possíveis, até mesmo em algumas partes da caverna e da floresta em seu entorno, mas, Alice nunca mais foi vista, o seu paradeiro era desconhecido da aldeia. Por fim, depois de meses e meses de procura sem sucesso, sem encontrar uma única pista, desistiram de procurá-la.

Os pais de Alice ficaram arrasados, era a filha caçula dos Andrades.

Passou-se vinte anos desse episódio, a história do desaparecimento de Alice era acrescida às já contadas da caverna e seus fantasmas. Até que certo dia, em uma sexta-feira, começo de verão, moradores relataram ter encontrado uma menina, vagando sozinha pela floresta à procura de seus pais.






domingo, 18 de abril de 2021

Crônica.

 



CHEIRO DE MORTE.


Cheiro de morte. 

Mas quem liga para isso? 

O cheiro de morte está em todos os lugares, em cada canto, em cada cidade, nos bairros, nas pequenas e grandes ruas, nas esquinas e praças. Não podemos esquecer dos parques e lugares turísticos, supermercados, nesses também há cheiro de morte...

Afinal, quem liga para isso?

Cheiro de morte.

No início houve certo incômodo por parte de alguns, transtorno pela possibilidade do corpo sem vida. Não era ainda a morte propriamente dita, no entanto, somente de imaginar tal possibilidade, havia aqueles que ficavam extremamente incomodados com ela, e ficavam desejosos em fazerem qualquer coisa para evitar a tragédia, que, já se insinuava uma tragédia anunciada.

Cheiro de morte.

Acha mesmo que eu estou exagerando?

De fato, a vida perdeu o seu valor, se é que ela teve algum dia. Basta você olhar para o noticiário, ou ler qualquer jornal. Da primeira morte noticiada para já estarmos beirando quatro mil diariamente, e a coisa não vai parar e nem cessar.  Ninguém parece preocupado com o cheiro da morte em cada um. De fato, as pessoas querem o quê eu não sei. Reclamam tanto para nada, distorcem as informações para seu próprio prazer, confundem o cheiro de morte com a fragrância de um perfume qualquer.

Cheiro de morte.

Do quê mesmo estão brincando?

A impressão que tenho é de que alguns estão brincando de roleta russa, mas, a arma nunca está apontada para o próprio nariz, é sim para o nariz dos outros. Infelizmente, no primeiro apertar do gatilho é sempre fatal. Trocam-se as armas, as munições, e a coisa continua rolando sem controle. Não há muito o que fazer. Na verdade, como diz uma amiga, não há mais nada a fazer. 

A locomotiva saiu dos trilhos faz tempo.

Cheiro de morte.

O que estão querendo?

Teorias da conspiração tem aos milhares, falando de um tudo, abrangendo quase todos. Todavia, para quê teorizar se estamos vendo ao vivo e a cores todas as conspirações colocadas em práticas. Querem sim reduzir a população mundial, e pelo visto estão empenhados e eficientes no ato de eliminação. 

Cheiro de mortes.

Quantas covas foram abertas?

É absurdo, porém, verdadeiro. A morte está pulando pela janela. Não há vagas nos cemitérios. Não há coveiros o suficiente para abrir tantos buracos. Faltam caixões, não há mais vagas nos crematórios. Acham que eu sou exagerada? Se não fizerem algo urgentemente, isso será apenas o começo.

Sim, cheiro de mortes.

Onde?

Em todos os lugares. 

Você não percebeu que este odor a cada dia fica cada vez mais forte. É assustadoramente real. Os anos que estamos vivendo ficaram marcados na história da humanidade, se, porventura, sobrar uma humanidade no futuro. Não creio que chegaremos muito longe, bastou um vírus para mostrar que não chegaremos a lugar nenhum. Não pela potência do vírus, não que ele seja um exterminador implacável... Não... Não é isso amigos... O problema sempre estará na nossa incapacidade de cuidarmos de nós mesmos.

O meu problema sou eu, a pandemia simplesmente mostrou que o meu maior inimigo será sempre eu mesma. Quando eu conseguir controlar e dominar o meu eu, então saberei que existe esperança. 

Eu sinto o cheiro de morte.

As minhas lágrimas são as suas também, não se enganem. A sua dor é a minha dor, quando um perde, significa que todos nós perdemos, não existem vencedores nesse macabro jogo.



( L. B )


domingo, 4 de abril de 2021

Crônica.

 



DIAS DE ISOLAMENTO.


   Estou de frente a minha máquina de escrever, uma remington 22, comprada anos atrás, sempre foi o meu desejo, desde a época da escola ter uma dessas belezuras. Claro que, pelo tempo de uso, ela não se encontra em seu melhor estado de conservação, no entanto, com um pouco de cuidado e paciência ao digitar, é possível fazê-la funcional. Geralmente escrevo minhas crônicas diretamente no celular, em um aplicativo de escrita que depois vai para o computador, mas hoje, devido a atual situação em que me encontro, resolvi escrever esse primeiro rascunho de ideia na máquina. 

   Acontece que, pela segunda vez neste ano, estou em quarentena e de afastamento médico do meu trabalho, por doze dias, com suspeita de estar com coronavírus. Eu não imaginava que fosse passar por toda essa angústia outra vez, fazer o quê, aqui estou eu… Isolado, o que me fez lembrar de certo livro...

Me sinto como o jovem tenente, Giovanni Drogo, aprisionando suas esperanças dia após dia no forte Bastiani. Me sinto como ele, uma vez prisioneiro em meu próprio quarto, escrevo essas perecíveis linhas, do alto do meu forte, tendo como companheira a solidão, e livros e mais livros como amigos. Vivo a vã esperança, assim como Drogo, de ter um grandioso acontecimento que me tire da monotonia, a dura realidade, é que nada acontece de novo nesse deserto. ( Belíssimo livro, Deserto dos Tártaros. Escrito por Dino Buzzati Traverso ). 

   Às vezes o meu coração é como o de um marinheiro em alto mar, sendo açoitado pelas turbulências águas, assim como o velho e o mar,  jogado de um lado para o outro, sem ter muito o que fazer. Olho para a janela atrás de mim, o dia já vai indo embora, a noite o alcança com seus longos braços. Eu permaneço aqui, já não sou mais o marinheiro, sou apenas o cronista desavisado, jogando palavras ao vento. Percebam que, nestes últimos dias, o medo escalou as muralhas de muitos corações, adentrou pela porta da frente, sem que o mesmo não percebesse, o coração só foi dar conta do perigo quando era tarde demais. 

   Sou o primeiro da lista.

   De frente a minha máquina de escrever está a Bíblia sagrada, " Bíblia de Jerusalém", presente que ganhei da minha mãe. Do meu lado esquerdo, figura-se em um guardanapo de papel com duas frutas, uma maçã e uma mexerica, que daqui a pouco vou degustar com todo o prazer. Mas, voltando à Bíblia, olhando-a aberta diante de mim, devo sem a menor sombra de dúvidas confiar na vontade soberana de Deus sem ter medo desse vírus. Mesmo porque, o meu medo não é em perecer devido a ele, mas perecer sem ter o meu nome escrito no livro da vida do Cordeiro. Sei que em Deus tenho algo maior e melhor, é que diante dele, todo o joelho dobrará naquele grande dia, assim sendo, termino esta crônica dizendo, ou melhor, reafirmando que, em Deus está toda esperança, nele unicamente. Temos medo, sim, afinal, somos humanos, é normal sentir medo, no entanto, a certeza da vitória é maior do que o medo.

   Deixo aqui registrado os meus sentimentos a todas as famílias do Brasil que não puderam sequer ter dado um funeral digno aos seus que partiram, os meus sinceros sentimentos, e que Deus conforte vossos corações. 


( T. P )

domingo, 28 de março de 2021

Crônica.

 


A MORTE É A ÚNICA CERTEZA DA VIDA.


O drama da vida humana consiste em seus desenfreados desejos carnais, a qual, por tantos ignorados, os levam ao desespero existencial de não saberem se encaixar no mundo em que se considera, um mundo cão. Os prazeres que regem a carne é uma constante negativa no duelo com espírito humano, é uma autêntica guerra em muitas mentes - não na minha - pois entendo que, devo alimentar aquele que mais me aprouver, e é claro que, a carne sacia a minha feminilidade caída muito mais do que o espírito abatido, mas não sou eu o foco, então, voltemos ao assunto proposto. 

   Desejo que todos igualmente alimentem o lado que mais lhes agradar, quer seja espírito, quer seja carne. Uma vez feito isso, há de se prevalecer quem estiver melhor cuidado. Sendo assim, minha carne, meu alimento, minha perdição, minha loucura, embora, haja entre os ditos espirituais, carnais muito bem disfarçados de benevolentes… Não exatamente disfarçados, mas, de tão caídos que se tornaram em seus pecados ocultos, que igualam-se aos carnais. Falando assim, nem me reconheço às vezes, eu, tão cheia de mim, idealista, sempre me negando a responder certos comentários. 

No entanto, a um pedido especial de meu amigo, também colunista e Jornalista desta página 'Alberto Lispector', fiz quase a contragosto esse breve adendo ao assunto corrido em uma mesa de café. Lembrando que tais ideias e perguntas não partiram da mente do 'Alberto', e sim a de nosso amigo e também escritor, dono da pagina, 'Tiago Pena'. Comentário feito, resposta dada e publicada. É o que eu acho, é me limito a isso… Não quero mais falar no assunto… 

Todavia, no tocante a vida humana neste presente momento, é completamente sem valor. Vivemos uma pandemia devastadora, que só fez mostrar o que há de pior em cada um de nós. Esse lado obscuro e melancólico sempre esteve presente em cada um, faz parte da nossa natureza caída, é praticamente impossível fugir dos fantasmas que criamos para o nosso próprio deleite. 

O circo de horrores está na cidade meu bem, trazendo consigo os espetáculos mais trágicos de todos os tempos. Não é o espetáculo em si que é o mais absurdo, e sim a multidão eufórica que o assiste. Homens e mulheres, fantoches, todos exercendo o seu inutil papel em uma sociedade podre, levada a crer que é o exemplo. Na verdade nunca existiu uma sociedade, comunidade, ou seja lá o que for, ideal é exemplar…  Somos todos levados pelos ventos da inquietação de nossos corações, de nunca estarmos satisfeitos com nada e nem com ninguém. Admitem. Isso é um fato, e o motivo não é o lugar é as coisas… O motivo foi e sempre será nós mesmos. Somos o fruto da carnalidade pecadora de Adão, assim nascemos, assim morreremos. O que acontece entre o nascimento e a morte é mero teatro. O desejo pelo pecado se esconde no olhar de religiosos disfarçados de bonzinhos, ao ver a bela jovem de roupas indecentes passar. Ele a deseja com tanto intensidade e fogo carnal que acaba negando para si mesmo a força da sua natureza humana caída. Meu amigo Alberto, Tiago… Em algum momento dessa breve vida, todos nós, cegamente, nos entregamos, de corpos e alma para o pecado que tanto desejamos. O que mais temíamos. Pode ser que eu esteja errada, sim… Posso incorrer no erro de pensar a vida dessa forma, mas essa sou eu, e não sei ser diferente, entretanto, na mesma proporção pode ser que eu esteja certa em tudo, afinal. A única certeza da vida é a morte.


( L. B )


domingo, 14 de março de 2021

CRÔNICA.

 








ROTINAS DO DIA A DIA.


A vida aqui parece seguir o seu ritmo de normalidade, no entanto, essa dita normalidade me parece confusa demais. As pessoas fazem sempre as mesmas coisas a passos lentos, no padrão da monotonia.
É tudo tão estranho aqui, mas, acabei aprendendo que, por vezes, a estranheza minha torna-se a normalidade do outro. Da primeira hora do dia à última, impressionantemente como muitos caem na mesmice de não perceber o óbvio.
Vejo pessoas caminhando pela calçada que não me enxergam ali parado na garagem, parecem tão despreocupadas, me atrevo a dizer que nenhuma delas tem problemas na vida… Não… Essas pessoas tão sorridentes parecem não ter preocupações.
Vidas vazias, isso sim, falta de Deus, a falsa aparência de profundidade, quando por certo, são apenas almas rasas e superficiais. Buscam o que não podem encontrar. Há muito o que observar, porém, pouquíssimo a encontrar.
Na maioria das vezes - para não dizer em quase todas elas - as pessoas estão despercebidas, hipnotizadas com os seus aparelhos nas mãos, a rolar o dedo para cima e para baixo, vendo o abismo com olhos cegos.
A vida parece mesmo seguir o seu ritmo de normalidade, porém, não segue, tudo é ilusão. Aqui as pessoas vivem em um teatro de sombras, de mentiras muito bem ensaiadas e repetidas, de tanto que, são confundidas com verdades.
Acabei notando como quase tudo e todos em minha cidade hoje se comportam de forma fragmentada… São variantes facetas obscuras de si mesmas. Alegres, tristes, falastrões, silenciosos, amigos, inimigos, sóbrios, beberrões… Fragmentados o dia inteiro. Todos em um único corpo.
Veja que o mundo transformou-se radicalmente na época da revolução industrial. Em nosso tempo vivemos outra grande revolução, pronta a eclodir, ainda mais devastadora que a primeira, estou falando da revolução tecnológica… No entanto, como disse certo sábio: " O veneno está na quantidade", sendo assim, quando bem usada é uma bênção. Como está sendo neste momento por mim no ofício que compete essa crônica.
Amo escrever, ter boas amizade, dividir os meus pensamentos com os outros… Como eu estava dizendo, essa revolução da tecnologia mudou a mente de homens sem Deus, que nestes novos tempos, entregam-se totalmente ao mundo digitalizado esquecendo do criador e da fé, e assim, a sua essência divina vai ficando obsoleta e esquecida. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, todavia, o adversário, por séculos tem desfigurado no homem a imagem do seu criador, e olha que tem feito isso muito bem.
O mundo está mudando e a cada dia fica mais mudo e obscuro. Tendo olhos mas não veem… A verdade está diante de todos todos os olhares, muitos fingem que não o vê, fazem vista grossa às gritantes verdades e aberrações de uma era onde o absurdo passou a ser normal, e a verdade mentira.
São esses apenas vagos pensamentos de minha cabeça, observações do meu dia a dia transformadas em palavras.



( T.P )


domingo, 7 de março de 2021

CRÔNICA.

 



O IMPÉRIO DO CAOS.


   Deixe que a água bata na bunda, deixe que o caos impere, afinal, ninguém aprendeu e nunca vai aprender. Todos ignoram tudo o que aconteceu, tudo o que foi e está sendo dito, mesmo que por lábios mentirosos. Em outras oportunidades eu já havia dito que os seres humanos, pelas suas muitas atitudes, tornaram-se indignos do planeta. De certo modo, a natureza, purifica-se continuamente do que a contamina, e neste exato momento, o agente contaminante não é um vírus, e sim o próprio homem.

   Não sou o tipo feminista ferrenha, nada disso, sou apenas eu mesma com minhas ideias erradas demais para uma única mente.  É difícil compreender uma… Suposta humanidade tão desumana, que, na proporção que se tem, mais se quer ter. Por isso que desejo ardentemente que a água bata sim na bunda, não somente nela, mas que todo o corpo fique submergido. E que o caos do qual todos ignoram, ganhe a força necessária para engoli-los. Não sou trágica, sou apenas eu mesma.

    Deixe que a água bata na bunda até que suba cada vez mais ao ponto de cobrir o pescoço. Há momentos em que o choque de realidade se faz necessário, em que a completa escuridão tem o seu devido espaço, para que esses corpos ambulantes vagando a esmo, percebam o valor da luz. O homem aprende mais com a dor, o prazer é um professor descomprometido, enquanto a dor, ensina com toda austeridade. Se olharmos para história do homem é o homem ao longo da história, logo perceberemos sua incompetência quando se trata de aprender com os erros… Os repetimos o tempo todo e todo o tempo.

   Erros e mais erros… São como frutas maduras caídas no chão. As vemos sem enxergá-las, até o momento em que as pisamos, então, com a maior displicência do mundo dizemos: " Oh! Eu não vi essa fruta no chão, sujou o meu pé". É claro que é uma mentira. Enxergamos com clareza todas as frutas podres em nosso caminho, bem como, todos os erros que cometemos. E fingimos que não sabemos de nada quando os cometemos por vontade própria… É por esse e outros motivos que eu não acredito na dita humanidade.

   Então, o melhor a se fazer é deixar a água bater na bunda até ao ponto de sermos submergidos… E que todos sejam submergidos pelo oceano da indiferença, que sejam consumidos pelas águas do esquecimento. Que cada um viva livremente a sua escolha, e que a escolha de cada um seja intensa e duradoura. Afinal, vivemos em uma sociedade em que não é mais a água que bate na bunda, são as próprias bundas batendo na água.


( L.B )


CRÔNICA DE DOMINGO.

      UM PÁSSARO EM MINHA JANELA.     Um pássaro pousou em minha janela.     Quisera eu ter a paz e a tranquilidade da pequena ave que pouso...